( 🍫 ) 𝓟𝗨𝗥𝗘 𝗜𝗠𝗔𝗚𝗜𝗡𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡, 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗒 𝗐𝗈𝗇𝗄𝖺

𝟬𝟬𝟳, 𝗍𝗐𝗈 𝗉𝖺𝗍𝗁𝗌 𝖺𝗇𝖽 𝖺 𝗋𝖺𝖼𝖾

⎯⎯ 🗝️ 𝑷𝑼𝑹𝑬 𝑰𝑴𝑨𝑮𝑰𝑵𝑨𝑻𝑰𝑶𝑵 !
❛ O amor é a luz que transforma as
sombras da vida em poesia. ❜
' meta para o próximo cap !
25 estrelinhas! ,

CAPÍTULO (007)
"dois caminhos e uma corrida"

inf : pensando em escrever uma fic
do próprio timmy, oq acham ?

Envolta em uma confusão avassaladora, eu me via diante de duas opções, dois destinos distintos. O caminho fácil, irresistivelmente tentador, sugeriria um retorno à normalidade, como se nunca tivesse cruzado o caminho de Willy Wonka. Uma existência de lágrimas sobre contas atrasadas e súplicas diárias a Deus para resolver meus problemas antes de dormir.

Por outro lado, a opção do caminho certo significaria auxiliar aqueles destinados a um futuro sombrio, solitário e cruel. Livre da culpa que pesaria sobre mim por não ajudá-los, eu encontraria uma espécie de auxílio mútuo. A cafeteria renasceria, cumprindo o desejo de meu pai, e eu poderia não apenas estabilizar minha situação financeira, mas também alcançar uma qualidade de vida superior.

Ansiando por um momento de leveza, comecei o dia preparando meu suco verde, uma mistura revigorante de couve, espinafre e rúcula, antes de sair para uma corrida matinal. Vestia uma blusa leve rosa e um short preto, os fones de ouvido inseparáveis e o cabelo preso em um coque casual. Pelos quarteirões, minhas passadas se entrelaçavam com trechos de músicas que sussurravam nos meus ouvidos.

Ao observar as pessoas ao meu redor, reconheci minha própria solidão. Crianças brincavam alegres no parquinho, enquanto adultos, presumivelmente seus responsáveis, as admiravam de longe com sorrisos apaixonados adornando seus rostos. A saudade do meu pai se fez presente. Lembrei-me de como seus olhos brilhavam toda manhã de seu aniversário, ao se deparar com um café generoso preparado especialmente por mim na cozinha.

Lágrimas teimavam em querer escorrer pelo meu rosto, mas inspirei profundamente e continuei a correr. A verdade é que eu ansiava que essa corrida se prolongasse indefinidamente. Sonhava com a certeza de que, ao final, o encontraria. Queria acreditar que a vida era como um vasto trem e que meu pai simplesmente me esperava em um vagão diferente.

— Eu preciso fazer isso por ele.

Essa decisão não foi expressa em palavras. Contudo, ontem, Willy e eu ficamos no café até tarde, imersos em discussões sobre possibilidades. Após as histórias peculiares que ele compartilhou, começamos a conceber planos para enfrentar esses desafios. Eu, por exemplo, nem sabia se seria parte desses planos que imaginava e anotava com tanto entusiasmo em um pedaço de papel.

Por um instante, ansiava que Willy fosse apenas um produto da minha imaginação, um devaneio, um sonho que por um curto período de tempo pareceu real.

Sua presença trazia consigo algo mais do que eu poderia imaginar. Despertava memórias adormecidas, sensações desconhecidas e um desejo avassalador de ajudá-lo de alguma forma. E, confesso, isso me irritava profundamente.
Odiar Willy nunca fez parte dos meus planos. Afinal, nos planos da vida, não reservamos o lugar do ódio para um desconhecido. No entanto, desde que ele apareceu, tudo se tornou incrivelmente complicado, mais do que já era.

Ouvi meu telefone tocar quando a música parou, então o puxei e atendi. — Oi — disse ofegante, enquanto me acomodava em um banquinho próximo. — Charlotte?

Era ele.

— Esta não é uma boa hora — respondi, pois ele desenvolveu o hábito de me procurar nos meus momentos mais pessoais. — Me desculpe, está tudo bem? Você parece meio ofegante — ele comentou.

— Tá, vai direto ao ponto, não tenho muito tempo — tentei regular minha respiração.

— Eu fiz alguma coisa? — ele questionou, e revirei os olhos. Sim, ele fez. Apareceu na minha vida. — Não.

— Pensei que estivesse tudo bem entre nós agora. Sabe, depois da conversa que tivemos ontem no café, pensei que tudo pudesse ficar esclarecido. Que você pudesse entender o motivo de eu ter te colocado nessa situação.

Ele não estava presente, mas pude imaginá-lo me olhando com aqueles olhos expressivos em busca de compreensão.

— Olha, Willy, eu realmente entendo a sua necessidade em me puxar para essa situação, mas estou fora do plano, tudo bem?

Houve alguns segundos de silêncio.

— Você costuma mudar de ideia assim do nada? — ele perguntou — É bipolar ou algo do tipo? Não se passaram nem vinte e quatro horas desde que você estava junto a mim elaborando planos e planos para ajudar eu e os outros, inclusive ajudar a si mesma e, enfim, dar vida ao sonho que seu pai começou a construir.

Silenciei por um tempo e então disse:

— Eu preciso que você saiba que eu não sou a mesma pessoa de anos atrás. Não sou a pessoa de meses atrás. Não sou a pessoa de dias atrás. Não sou a pessoa da semana passada, nem a de ontem. — Eu não sabia por que estava fazendo isso — Seu casaco está lá em casa. Hoje mesmo, irei passar no hotel onde você está hospedado e deixá-lo na recepção.

— Você não pode fazer isso — ele tentou dizer mas minha paciência não estava lá essas coisas hoje, eu não estava conseguindo aguentar a mim mesma quem dirá alguém tagarelando na minha cabeça.

— Porque ? Vai me chamar de bipolar denovo ?

Desliguei o telefone sem esperar sua resposta, e lágrimas obscureceram minha visão. Ao longe, avistei uma família de quatro pessoas rindo como se o amanhã não existisse. A menininha mais nova ostentava um laço gigante na cabeça, o menino brincava com seu avião em miniatura, enquanto os pais se abraçavam, gargalhando ao contemplar as pequenas criaturas que haviam trazido ao mundo. A mulher segurava um balão em forma de coração, e o homem, um pacote de pipocas. Eram uma família feliz, aparentemente comum. Por alguns segundos, desejei ser qualquer um deles.

Se minha vida fosse um livro, quem quer que o lesse certamente me odiaria ou me condenaria pelas minhas atitudes e pela forma como decidi enfrentar tal situação. Contudo, para o luto, talvez não exista uma resposta definida, e eu não me culpo por desejar paz e normalidade por pelo menos um dia. Ninguém tem que me culpar por isso.