| . . . Capítulo 10

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Capítulo 10
"Vamos ser maduros"

"Por que eu não consigo demonstrar o que sinto? Eu te amo"

Narrador

O estúdio estava cheio naquele dia, clientes entravam mas clientes não saiam, eram três tatuadores no andar de cima e quatro no primeiro andar, Ricky era um deles. Pegou a cliente em que iria tatuar entre seus seios uma anaconda, a tatuagem que ele odiava fazer, pois além de ter uma mulher com seios semi-nus a sua frente, era uma região chata para fazer tatuagem porque precisava de simplicidade em sua mão.

A cliente era paciente, conversava com Ricky até demais, reclamando de como a vida dela era entendiante e que queria se divertir, e procurou uma saída de tudo aquilo que era a tatuagem. Ricky para ser sincero, achou a cliente muito bonita, tinha cabelos ruivos vermelhos pintados, os olhos eram felinos, a bochecha fina e lábios um pouco inchados, além de tudo, era alta. Parecia uma modelo. Ainda mais, pode ver que a mesma tinha um braço fechada com uma pantera, no pescoço tinha alguns símbolos e na região peitoral, barriga e tronco, tinha tatuagens espalhadas.

Era bonito.

— Sabe, a minha primeira tatuagem foi uma cabeça do diabo no meu tornozelo – riu sem graça. — Desde os meus quinze fui rebelde. De qualquer forma, minha mãe me botou para fora de casa. O que você faria?

— Não sei, acho que... Tentaria me reconciliar? – fez um contorno no peitoral da garota ouvindo ela suspirar de dor.

— Pois bem, fiz ao contrário. Fui lá no estúdio e tatueei um anjo caindo, bem aqui. – desceu o dedo até sua pochete e abaixando um pouco a calça. Shen desceu o olhar mas logo subiu de novo, com vergonha. — Essa tatuagem doeu para um caralho, o tatuador era um homem e a mão dele não era suave igual a sua, fiquei com essa parte praticamente umas duas semanas dolorida não por conta da tatuagem e sim por conta da força da mão dele. Eu vim da china.

— Você é da china?

— Sim, Chengdu. Você também?

— Sim, Xangai. – sorriu minimamente embaixo de sua máscara.

— Uau, é tão difícil encontrar chineses pela Coreia. Ainda mais em um estúdio de tatuagem.

— Esse estúdio é meu. – Riu, vendo a careta da menina surpresa.

— Seu??!

— Era do meu pai, mas como ele teve que se aposentar, fui e peguei. – Respondeu, passando o pano por cima da tinta exposta.

— Me mudei para cá a dois anos, tinha vinte e dois anos, agora estou com vinte e quatro. Para falar a verdade, fiz tantas tatuagens em estúdios de baixo nível pela Coreia e ganhei um monte de infecção por conta de mau cuidado, estava perdendo as expectativas de me tatuar aqui na Coreia, até que uma amiga minha me indicou esse estúdio. Para falar verdade, pelas palavras dela, pensei que vocês eram fodas para caralho.

— E não somos?

— Vocês são fodasticos. – Ricky gargalhou. — Sério, onde que um estúdio estaria tão cheio igual esse? Quando eu entrei, sem zoeira, pensei que estava sendo arrastada para um arrastão.

— Para ser sincero, hoje está realmente lotado. Talvez eu tenha que pegar turno mais tarde.

— Você trabalha somente aqui? Ou, sei lá, trabalha em outro lugar?

— Só aqui, mas tenho um filho pequeno.

— UM FILHO? – gritou surpresa, ganhando uma gargalhada do tatuador. — Eu pensava que você era gay.

𝖣𝗈 𝗒𝗈𝗎 𝗋𝖾𝗆𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋? Onde histórias criam vida. Descubra agora