Filhos do pecado

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  Os outros. Assim eram chamados todos os Nephilins gerados por dois anjos. Frios, calculistas, cruéis e impulsivos, os Nephilins dessa linhagem eram fortes o suficientes para eliminarem a humanidade em um estalar de dedos se fosse necessário, ou se ao menos desejassem isso. Os caçadores e todos os anjos que procuravam chamavam-os de "filhos do pecado" e tudo que sabiam sobre eles era que são apáticos ao ponto de sequer possuírem um nome para serem identificados.

 Castiel ensinou a Jack e Cassie que não deveriam tentar comunicação alguma com os outros, e se algum dia porventura houvesse um encontro inesperado entre eles, não deveriam tentar enfrentá-los até que estivessem preparados para derrotá-los. Esses seres haviam sido gerados para destruir o mundo, mas se todos os caçadores e anjos fizessem seu trabalho, isso seria impedido, já que desde o nascimento de Jack, a última filha do pecado era Cassie. Desde aquela noite em que dois clarões se manifestaram ao mesmo tempo, tal coisa nunca mais aconteceu.

 Castiel sabia que trazer a garota para dentro de sua casa poderia ser perigoso, mas o anjo era movido a esperança e por isso não hesitou ao acolhê-la. Com o tempo, o anjo passou a notar que havia de algo incomum que passou despecebido ou talvez ignorado por alguns meses: Cassie era diferente. A verdade é que de alguma forma, o encanto pelas crianças havia distraído a todos. E por sorte, a  última nephilim não tinha sequer um traço de crueldade, fazendo com que inúmeras vezes Castiel perguntasse a si mesmo se Cassie era mesmo filha do pecado. "Como poderia ser tão pura? " Porque a garota não agia como os outros? Não que isso fosse ruim, mas os questionamentos do anjo eram aceitáveis já que além de Cassie não havia  sequer um traço de amor em nenhum do " Outros". E amor, era uma coisa que a menina tinha de sobra.

 O que Castiel não conseguia enxergar era que aqueles dois clarões significava uma única coisa: Redenção!

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   Cassie e Jack brincavam no jardim enquanto os mais velhos estavam do lado de dentro da casa. Sempre que se preparavam para caçar, as crianças iam para o lado de fora brincar, pois Castiel dizia que não era o momento dos dois enfrentarem qualquer ser sobrenatural que fosse, pois sacreditava que não estariam preparados. Depois do incidente no posto de gasolina, os adultos decidiram que seria melhor assim pois os dois não tinham controle sob os seus poderes, e foi quando começaram a selar a casa por inúmeros sigilos de proteção. " Ninguém entra, ninguém sai" era o que Dean costumava dizer todas as vezes que protegia o local antes de viajarem para caçar. Como Kline e Cassie não podiam acompanhá-los, restava a eles fingirem que faziam o mesmo. Bisbilhotavam para saber "o monstro do dia"  e naquela manhã, Cassie fingia ser um vampiro enquanto Jack corria atrás da ruiva com uma estaca de madeira na mão. Era divertido, mas como de costume, Cassie se entediou facilmente.

 - A gente já brincou de todos os monstros que Papai caçou com o Tio Dean e o Tio Sammy... – Cassie se abaixou no chão riscando um pentagrama na terra com uma pequena pedra. – Eu quero fazer isso de verdade... 

  - A gente não pode... – Jack sentou-se ao lado de Cassie e ficou cabisbaixo quando viu o olhar tristonho da menina. – A gente pode machucar pessoas... Não quero fazer isso.

- Mas é para isso que vocês foram criados! – Uma voz desconhecida pairou pelo local.

Ruivos como Cassie, o vermelho do pecado predominava em seus fios, olhos escuros e demoníacos, expressões nada amigáveis, mas ainda assim parecidos com Cassie, a Nephilim. "Os outros" estavam à frente dos dois Nephilins que desconheciam o mal enquanto os encarava com desprezo. Haviam cerca de quinze "Filhos do pecado", divididos entre corpos femininos e masculinos. Cassie e Jack estavam estáticos e retraídos, sem conseguirem levantar, com as mãos frias, a pequena ruiva e Kline sentiam medo pela primeira vez.

Filhos da luz | Volume um - CONCLUÍDA- Aguardando revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora