Descobrindo

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Não há argumentos que possam negar a importância da infância em qualquer ser. As brincadeiras, as primeiras interações, os momentos divertidos e até mesmo duvidosos. Mas o que vem depois nem sempre é tão agradável: a temida pré adolescência. Cassie e Jack estavam transicionando para esse momento tão doloroso da vida, e isso significava dar adeus aos momentos que foram especiais e finalmente se depararem com as suas tarefas definitivas. O destino dos Nephilins.

Sam pesquisava em seu laptop evidências que poderiam ligar as crianças ao fim ou início de um apocalipse, e a conclusão momentânea era de que os dois eram a luz que o mundo precisava. Cassie com a costela de Jack, as duas luzes se propagando ao mesmo tempo, tudo estava conectado de alguma forma desde o momento em que a pequena Winchester bateu à porta do chalé na cidade escondida. Enquanto o mais velho estava atento à cada detalhe de sua pesquisa, Cassie e Kline observavam fixamente a caixinha de madeira que Dean Winchester os deu há alguns dias. Os dois ainda não haviam tomado coragem para enfrentar o lado de fora pois não sabiam o que os esperava.

- O que essas carinhas tristes estão pensando? – Sam fechou o notebook.

- Eu não sei... – Jack respondeu.

-Acho que a gente não é tão corajoso assim... – A pequena winchester abriu a caixinha e segurou a chave. – Não sei se sou capaz de proteger o Jack.

- E nem eu de proteger a Cassie.

Sam sorriu e tocou a ponta dos narizes dos dois dizendo:

- Todas as vezes que preciso enfrentar o mal, eu também sinto medo... – Respirou fundo. – Muito medo na verdade. E eu aprendi que o medo pode nos causar tudo, mas a única coisa que ele não pode fazer é nos paralisar.

Cassie abaixou a cabeça depois de encarar Kline e Sam para dizer:

- Eu me sinto mais forte quando estamos todos juntos.

Sam sorriu e passou a mão pelos cabelos da sobrinha.

- Ruivinha, você é mais forte do que imagina... – Sorriu. – Você lembra quando salvou o Dean? E quando nos salvou lutando contra "Os Outros"?

-Sim... – Sorriu. – Eu lembro.

-Você não teria feito isso sem o Jack! – Disse apontando para o Nephilim. – E outra, só porque irão atravessar aquela porta não significa que irão atacar vocês. Mas em todo caso... – Sam puxou duas adagas e entregou aos dois. – Podem precisar disso.

-Tio, isso é quase uma missão suícida... – Cassie refutou.

-Ser caçador é uma missão suicida... – Dean passou pela sala e sorriu sarcástico. – Levantem essa bunda e vão explorar o mundo pelo amor de sei lá quem está no céu.

-Se eu morrer, a culpa é sua pai... – Cassie levantou-se segurando a chave e revirou os olhos.

-Se você morrer, a culpa é do Jack, - Disse olhando para o mais novo que arregalou os olhos. – E ele vai dar um jeito de te trazer de volta.

E assim os dois subiram as escadas do bunker. Com as pernas tremendo, as vozes vacilando e as mãos geladas mas ao abrirem a porta e sentirem o frescor da atmosfera, ouviram os sons dos pássaros e observaram o azul do céu e esqueçeram-se completamente do medo que os assolava. Deram as mãos um ao outro e Jack deixou que Cassie os guiasse através do teleporte até uma loja de convenciência.

- O que viemos fazer aqui? – Kline perguntou ao ver a amiga do outro lado da loja.

- Renovar meu estoque... – Disse enquanto carregava alguns pacotes de pirulitos em formato de coração. – E o seu também! – Disse mostrando-lhe chocolates.

Jack sorriu e admirou o ato singelo de Cassie. Era bom saber que a garota se importava com seus gostos, com seu jeito e que vê-lo feliz a fazia bem. Sorriu mais ainda por entender a reciprocidade de tudo aquilo.

Jack se aproximou de algumas prateleiras de livros e ficou observando em busca de algo que o atraísse, mas nada lhe parecia tão encantador quanto o que sentia por Cassie, e talvez livros de romance não seriam capazes de retratar seus sentimentos pela pequena Winchester, por isso passou os dedos por diversas obras até que achasse um tema diferente do habitual: super-heróis.

- Você está virando um mini Sammy... – Cassie se aproximou provocando-o.

- Nada mal, você é uma mini Dean...

- Eu não pareço com meu pai... – A ruiva fez beicinho.

- Tá bom... – Kline riu e pegou mais duas histórias em quadrinhos de super-heróis.

Os dois ainda caminharam pela loja em busca de doces e biscoitos antes de se direcionarem ao caixa. Cassie e Jack andavam abraçados aos itens que escolheram enquanto seguravam as mãos um do outro. Mãos suadas e geladas que descompassavam os dois corações, corações que pertenciam um ao outro.

Ao chegar ao caixa, haviam dois atendentes: Um jovem e uma jovem de cabelos vermelhos e olhos azuis semelhantes aos de Cassie. Enquanto Kline e a pequena Winchester passavam os itens, não podiam deixar de perceber que os dos os observavam fixamente.

- Você me parece tão familiar... – A atendente ruiva disse enquanto batia os itens na máquina.

-Com toda certeza, a gente nunca te viu... – Kline respondeu antes que Cassie dissesse algo.

- Você também garoto... – O jovem disse enquanto empacotava as compras. – Vocês tem algo diferente... Não parecem...

- Já terminou de passar as compras? – Cassie o interrompeu.

-Ah, - A jovem sorriu gentilmente. – Claro. Agora é só inserir o cartão.

Cassie puxou de sua carteira o seu método de pagamento e assim que finalizaram as compras, Jack arrastou a garota para o lado de fora da loja.

- Que droga foi aquela? – Kline questionou.

-Sei lá... Gentinha esquisista.

-Não sei se percebeu mas eles parecem... – Jack passou a mão pelo rosto. – Parecem com você.

- Você tá dizendo que eles são um dos "Outros"?

-Eu não to dizendo nada, - Jack revirou os olhos. – "Os "outros" tem olhos castanhos... Esses dois eram exatamente semelhantes a vocês.

-Se não são "Os Outros", porque você tá se cagando de medo?

Uma voz ecoou do lado oposto de onde estavam e quando se viraram, um dos "Outros" todo vestido de preto e coberto por uma capa lhes disse:

- Intuição, jovem Cassie... – Esse, que agora sim tinha olhos castanhos, se manifestou. – Parabens Jack, você é um bom observador.

- O que você quer? – Cassie indagou.

-Dessa vez, como pode ver, não vim em bando... – "O Outro" afirmou. – Só queremos uma coisa de vocês. Que juntem-se a nós.

- Não vamos com você! – Kline iluminou seus olhos amarelados. – Pode esquecendo qualquer acordo.

-Então a gente mata sua família! – Desafiou.

- Tenta a sorte! – Cassie avançou em direção ao "Outro".

Uma luta se iniciou. Cassie fora jogada contra o vidro da loja de conveniência enquanto Jack tentava com todas as suas forças destruir o filho do pecado, Kline e o filho do pecado se embaralhavam no chão entre socos e empurrões, tempo suficiente para Cassie sacar sua adaga e correr em direção aos dois, deslizando finalmente a lâmina para dentro do corpo do "Outro" nephilim.

- Eu disse: Ninguém ameaça a minha família!

Jack levantou-se com o rosto ferido e permitiu que a pequena Winchester o curasse.

- Agora a gente pode dar um fora daqui?

- Não antes de eu recolher meus docinhos... – Cassie revirou os olhos. – Nephilim desgraçado, derrubou tudo.

Jack deu uma risada sincera ao perceber que a menina era mais parecida com Dean do que imaginava.

Do lado de dentro da loja de conveniência, os dois ruivos se entreolharam afirmando:

- São eles! 

Filhos da luz | Volume um - CONCLUÍDA- Aguardando revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora