002. Presente de estranho

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ATO UM - MARGARIDAS

CAPÍTULO DOIS - Presente de estranho

palavras: 1.777

O MENINO APERTOU OS OLHOS quando escutou o som da voz do locutor da rádio, dizendo que já passavam das três da manhã

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O MENINO APERTOU OS OLHOS quando escutou o som da voz do locutor da rádio, dizendo que já passavam das três da manhã. Ele esfregou os olhos com as costas das mãos, se endireitando no banco do carro e olhando para o pai, que estava dirigindo.

— Quanto tempo eu dormi  ? — ele perguntou, ainda sonolento.

— Um dia e um poquinho. — ele riu da expressão do menino — Vinte e sete horas.

— Vinte e sete ? — o garoto repetiu, assustado — Isso não é nem possível.

— Bom, foi um susto e tanto.

Juan sentiu os olhos de Martín sobre si, mesmo que não desviasse os seus da estrada em momento algum. Ele escutou quando o menino suspirou.

— Foi real ?

— Foi. — ele apertou o volante — E agora que apareceu um, é questão de tempo para aparecer outros.

— E o que era aquilo ?

— Era uma lâmia. Um monstro.

— E isso existe ? — mas ele balançou a cabeça após perguntar — É claro que existem, tinha um na minha frente.

Juan sorriu. Seu filho era daquele jeito, sempre foi, e acabava lembrando tanto a mãe dele. 

— Aquela coisa. — o garoto se corrigiu — A lâmia, no caso. Porque ela me obedeceu ?

O mais velho deu de ombros.

— Isso é coisa da sua mãe.

— Minha mãe não 'tava morta ? — ele arqueou a sobrancelha, confuso.

— Quem te disse isso ? — foi a vez do homem arquear a sobrancelha.

— Minha avó.

Juan revirou os olhos e soltou um "¡Tenía que ser mamá !", a frustração presente em sua voz e expressão. Martín franziu o cenho, confuso.

— Martín, sua mãe nunca esteve morta. — o pai do garoto começou a falar confiante, mas parecia perder a voz conforme tentava falar — Sua mãe era uma deusa, uma mulher linda, encantadora e...

— Não quero ouvir a história de amor de vocês. — ele fez uma careta, colocando a língua para fora como se estivesse com nojo.

— Eu não estava contando ! — Juan riu, acompanhado do filho — É sério, Martín. Sua mãe é uma deusa. Uma deusa grega.

O menino estreitou os olhos.

— Tipo Atena ?

— É, tipo Atena. — e logo complementou — Mas não era ela !

PEARLS AND SHELLS, luke castellanWhere stories live. Discover now