Nocaute - A profecia

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Thiago

19 de Julho de 2024
Vila Aurora
Zona Norte, São Paulo.

Thiago: É, truta, nem adianta fazer essa cara de boladão agora. Nós perdeu, pô - falei bem na moral pra ele entender - Tu perdeu tua tia. Tinha era que ter segurado a língua da tua mãe pra ela não ficar armando plano idiota por aí. Fez merda e ainda arrumou um vagabundo vacilão pra tua tia!

Ouvi a Lívia largando a faca encima da pia e virando o pescoço pra olhar pra nós dois.

Ela ia me bater.

Eu estava encostado no balcão da cozinha com o mano J no colo, e ela estava cortando umas coisas pro churrasco.

Lívia: Eu vou fingir que não ouvi nada do que você disse.

Thiago: Papo de verdade.

Ela respondeu que eu era muito "especial" e eu não saquei se isso era bom ou ruim, mas deixei pra lá, fui levar as carne pra área da churrasqueira.

A minha mãe só me viu com o pé pra fora de casa e já saiu da dela, arrancando meu filho do meu colo.

Dandara: Oi, amor da Vovó.

Engoli o nó na garganta que me dava toda vez que eu via o J com ela ou com a Bia.

Thiago: A Beatriz tá aí? - perguntei.

Ela concordou.

Dandara: Ela tá dando pulos de alegria porque finalmente você vai aceitar essa relação dela com o rapaz.

Thiago: Eu não falei que vou... - minha voz morreu quando minha irmã saiu de dentro de casa, toda arrumadona, com um vestido preto e chinelinho de brilho no pé. Parecia até coisa da Lívia aquela roupa - Caraí.

Beatriz: Curtiu? - perguntou dando uma voltinha - Obra da sua esposa.

Tinha que ser.

Thiago: Tá daora - tentei elogiar - Fala aí, J.

O moleque me olhou, mas não falou nada. Também nem precisou, porque só de ele respirar a Bia já se derretia pelo menor.

Beatriz: Ai, meu Dedeco - choramingou enchendo meu filho de beijos.

Engoli o nó na garganta mais uma vez, e a Lívia saiu de casa na mema hora, elogiando a Bia e falando que ela tinha que se arrumar mais vezes daquele jeito, porque tava muito gata. E tava memo. Toda de mulherzona, nem parecia a minha moleca.