PRÓLOGO

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GIOVANNI

          Quatro anos antes...

Não sentir medo, não baixar a guarda, nunca subestimar o seu inimigo. Jamais pense, apenas atire, e o fato é: ou você ou aquele que quer a sua cabeça. Prefiro não arriscar, então atiro no desgraçado que ousou invadir nosso sistema de armas para nos roubar. Um desses merdinhas que fazem qualquer coisa por uma migalha de qualquer porcaria que lhe tenha sido oferecida.
Atiro em cheio no meio da testa e o pedaço de merda cai na minha frente.

— Deveria ter me esperando, seu stronzo — meu irmão mais novo resmunga e chuta o cadáver.

— Cala essa boca. Você já mata o bastante, deveria estar na faculdade, não? — Levanto as sobrancelhas.

— Sem essa de querer dar uma de senhor Nero —  ele sempre reclama do nosso pai. — Naquele lugar  insuportável, a única coisa boa são as garotas.

— Só tem 19 anos, caralho, e já sabe que se não estudar, não vai ser meu subchefe. Ponho outro em seu lugar. — Ele estreita os olhos verdes, iguais de nosso pai, e começa a ficar vermelho Esse porra pega ar tão rápido.

É inacreditável como nosso avô, aquele maledetto, conseguiu foder a nossa mente. Ele fez questão de nos treinar todos os dias. Primeiro fui eu, quando fiz 10 anos, depois veio Franco, aos 11 anos e por último Domenico. E esse o velho Conrado não esperou passar dos 7 anos.

Eram treinos pesados que faziam a gente questionar a nossa própria existência. Para mim ele dizia que eu não poderia ser fraco, pois como futuro Don, tinha que ser impiedoso, cruel, frio e sempre estar a um passo do meu inimigo. Matei pela primeira vez aos 15 e não senti nada, talvez porque aquele homem fosse apenas um rato miserável.

Para Franco, foi mais complicado; ele era teimoso e não obedecia nosso avô sempre questionava o porquê disso e daquilo. Eu queria proteger meu irmão, mas na época não havia muito o que fazer. Lembro-me do velho Conrado ter deixado meu irmão sozinho, preso num galpão, por 3 dias. Dona Luiza minha mãe, surtou, mas aquele maldito aproveitou que o meu pai não estava e fez aquilo. Depois disso, meu irmão, que era alegre e sempre tão carinhoso, se tornou frio, indecifrável e sempre se esquiva, quando alguém estranho o toca.

Não quero nem imaginar o que ele tenha passado, porque sou capaz de ir buscar o velho no inferno e matá-lo outra vez. Já o Domenico é mais esquentado, sem paciência, sem controle das suas ações, e principalmente, fofoqueiro, idiota. Ele quer ser o Executor da máfia e certamente exercerá muito bem esse papel, já que ele ama sangue e adora ver nossos inimigos virarem pó.

— Vamos, temos uma reunião com nosso pai em meia hora, não podemos nos atrasar.

— Sim, reizinho.

— Eu odeio você.

Ele apenas sorri.

— Tem ideia do que se trata a reunião?

— Tenho um palpite.

Seguimos no meu carro e mais dois soldados, enquanto deixo os outros para limpar a pequena bagunça que fiz.

Tenho 26 anos e amo aproveitar tudo que posso viver, sexo e bebidas são uma delas. Mas sou mais centrado, então não faço tão descaradamente como o tatuado aqui ao meu lado. Eu e Franco, nisso somos parecidos, ele é discreto ao extremo. Nunca o vi com uma garota, mas também não sou de invadir seu espaço.

Chegamos à nossa empresa no centro de Nápoles e entramos no elevador.Depois de adentrar o andar da presidência, entro direto na sala do Don.

— Boa tarde! — Cumprimentamos os presentes.

Uma Noiva Substituta para o Don.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora