Capítulo 3: Onde não há luz

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ALERTA DE GATILHO: CONTEÚDO SENSÍVEL!

A sombra do bode se materializa gradualmente. Seus olhos faiscam com uma luz infernal, criando um arrepio na minha espinha enquanto caminhamos em direção à saída do orfanato. Tento ignorar a presença maligna, mas ela paira no ar.

Madame Pierce conduz Amélia e eu para fora, e a figura ameaçadora vai embora conforme saimos. O frio cortante da manhã atinge minha pele. Amélia e eu trocamos olhares nervosos, e a queimadura em seu braço testemunha a crueldade da madame. Permaneço segurando o pano umedecido no nariz, que ainda não estancou o sangramento. Aguardamos o motorista da Van retornar da escola para nos levar ao hospital.

Chegando no hospital, pego meu diário.

"Cheguei ao hospital, estamos indo em direção a emergência. Madame Pierce demonstrou aos enfermeiros uma falsa empatia ao contar como nos acidentamos, e mentiu cruelmente sobre a queimadura de Amélia. Isso me irritou profundamente. Mas o que posso fazer? "

A menina foi levada por uma enfermeira, enquanto a madame preenche alguns dados na recepção. Eu também fui levada a uma sala especial de cuidados emergenciais.

Vejo uma médica simpática se aproximando de mim, aparentando pena de minha situação.

- O que aconteceu com você, querida? - perguntou ela.

- Tive um acidente... tropecei e caí de rosto no chão - menti, sentindo o peso da culpa se acumular em minha consciência.

- Parece que você quebrou o nariz. Vamos fazer um raio-X, tudo bem? - ela ofereceu gentilmente.

Assenti, deixando-a cuidar do meu diário enquanto me preparava para o procedimento.

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" Me sinto completamente ridícula com meu nariz enfaixado, mas pelo menos não foi nada sério. Apesar do sangramento ter parado, minha mente ainda está repleta de imagens perturbadoras"

Ao retornar à recepção, vi Amélia com o braço enfaixado, lágrimas nos olhos, ao lado de Madame Pierce.

- Vamos embora, meninas - disse ela rispidamente.

Enquanto caminhávamos para fora do hospital, decidi falar com Amélia, buscando confortá-la.

- Você está bem? - perguntei baixinho, tentando evitar a atenção de Madame Pierce.

- Eu pareço bem? - respondeu ela com a voz embargada de ódio.

- Sinto muito pelo que aconteceu - Falei, esperando que minhas palavras pudessem trazer um pouco de alívio à sua angústia.

- Ah quer saber, eu também sinto muito. Eu não deveria ter sido tão babaca com você, Grace. Disse ela, surpreendendo-me com sua sinceridade.

Trocamos um abraço caloroso, buscando consolo uma na outra em meio ao caos que nos envolvia.

- Eu estou com medo, Grace. Este lugar já é horrível, e não posso nem imaginar para onde vamos quando a reforma começar - confessou Amélia.

- Temos que ficar juntas. Todas nós. Só assim conseguiremos superar isso

Caminhamos em direção a van e logo chegamos ao orfanato. Ambas pegamos um atestado de uma semana para recuperação, então de um jeito ou de outro essa rivalidade entre nós terá que acabar.

Entramos no orfanato e sentamos no sofá da sala principal.

- Escutem bem, vocês duas. Se eu souber que uma de vocês soltou um sequer sussuro ao Philip sobre o que aconteceu, eu ACABO com vocês. Me ouviram bem? - Disse a Madame Pierce com sangue nos olhos.

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⏰ Last updated: May 22 ⏰

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O orfanato de Madame PierceWhere stories live. Discover now