Capítulo 30

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P.O.V. Ucker

A noite chegou, e com ela, meu compromisso arranjado de última hora com a Rainha. A tensão se esparramava por toda minha coluna, irradiando pelo meu corpo. Ajeito meu casaco já perfeitamente ajeitado, fico ereto e chego a prender a respiração quando tenho o primeiro vislumbre de Dulce vindo em direção a limousine que nos levaria. Cercada por mais dois carros na frente e dois atrás, o motorista esperava do lado de dentro enquanto eu estava parado em frente a porta traseira aberta. Dulce usava um vestido maravilhoso, com decote oval e mangas longuíssimas, que faziam suas mãos desaparecerem. A peça era toda bordada a mão, repleta de cristais claros. Sua coroa era o arremate para o coque baixo e lateral em seus cabelos castanhos, com alguns fios propositalmente soltos. Ela também usava brincos ovais de diamantes. Não posso evitar que o ar que prendia se soltasse em um longo suspiro. Dulce era linda, e isso eu nunca poderia negar. Sua barriga já começou a aparecer, o que faz meu coração saltitar de felicidade. Segundo minhas informações obtidas com seu médico, ela e o bebê estavam perfeitamente bem:

Motorista: Boa noite, Majestade. - só então percebo que em algum momento ele parou junto a porta para recebê-la, estendendo a mão para ajudá-la a entrar no carro e fazendo o mesmo com a cauda do vestido. Entro em seguida, sentando-me de frente para ela, então a porta se fecha e seremos apenas nós dois pelos próximos vinte minutos. Dulce não diz nada, nem olha para mim, apenas se senta ereta e encara a janela. Decido que é melhor deixá-la em paz e não correr o risco de que isso se torne um conflito, então me limito a também olhar pela janela, discretamente checando como ela está com o canto dos olhos, até que o carro pare. O motorista abre minha porta, e em seguida ajuda a Rainha a descer. Andamos lado a lado em silêncio até estar dentro do enorme teatro.


P.O.V. Dulce

Ele estava dolorosamente bonito. Parte do meu coração se quebrou ao vê-lo ali, me esperando junto ao carro. Não fui capaz de dirigir-lhe a palavra, porque não confiava de que seria capaz de falar sem chorar e chegar onde quer que fosse com os olhos inchados. Observei Norta pela janela da limusine até que parássemos em frente ao maior teatro que há no Reino fora dos muros do Palácio. Subo as escadas ao lado de Christopher, quieta, com o sorriso ensaiando quase pronto para ficar pregado em meu rosto pelas próximas horas, o retrato de como uma Rainha deve parecer. No entanto, assim que entramos, o hall está vazio e silencioso, embora todas as luzes estejam acesas:

Dul: Por que não há ninguém no corredor? - é uma pergunta retórica, mas ele responde.

Ucker: Porque é um evento bem privado. Vamos. - Andamos até o elevador que dá acesso ao camarote Real, e, só quando passamos pela pesada cortina de veludo é que vejo que não há ninguém sentado em toda a plateia, embora uma orquestra esteja toda montada no palco.

Dul: O que é isso?

Ucker: É uma apresentação privada. Mozart. Sua preferida. - Demoro um pouco para processar as palavras, então finalmente olho para o homem sentado ao meu lado. O teatro está escuro, mas tem luz o bastante para que veja os traços de Christopher me observando.

Dul: Por que tudo isso? - minha voz sai bem baixa, quase um sussurro, confusa.

Ucker: Porque você merece. - Aquela explicação não fazia sentido algum, mas felizmente ele continuou. - Dulce, eu... quero lhe dar isso. - Retirando uma caixa de veludo preta, Christopher abre a tampa, revelando o anel com uma enorme pedra, que reconheço como sendo de Isla. - Mandei que fosse feito sob medida, para você.

Dul: Não estou entendendo... - ele procura pelas minha mãos, então coloca a caixa entre elas.

Ucker: Eu fui muito rude quando você nos contou sobre nosso filho. Agi de uma forma que nunca deveria agir, ao menos não como um pai de uma criança deveria agir. Esse é meu pedido de desculpas. Eu... admiro muito você e sua força. Quero que se sinta feliz. Você é a Rainha de Norta e mãe dos meus filhos, e isso nunca mudará.

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