6. the first gun kick.

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Carl não tinha sido mordido, ao invés disso, tinha tomado um tiro que acertou seu olho direito - o que lhe fez perder completamente o globo ocular. Esme estava sensível, embora não tivesse deixado de ajudar Denise durante toda a operação. Carl esteve desacordado o tempo todo, e ainda permanecia assim enquanto Rick vigiava o repouso do filho.

Glenn, Enid, Sasha, Abraham e Daryl estavam de volta e tinham sido de grande ajuda contra a infestação de zumbis que, depois do amanhecer, já tinha sido exterminada. Muitos dos moradores que também participaram do ato de bravura descansavam do lado de fora da enfermaria, alguns honestamente comovidos com o estado de Carl e aguardando notícias, mas todos cobertos de sangue de zumbi e exaustos. Estava maravilhada por ter estado errada sobre a utilidade dos alexandrinos.

Tara estava conversando com Denise, parabenizando ela e enfatizando que estava orgulhosa, que sempre acreditou nela. Esme não pode deixar de achar fofo, mas seus pensamentos a respeito estavam sendo interrompidos por resmungos.

- Se tomasse mais banhos isso arderia menos. Seriam menos bactérias 'pra queimar. - Esme foi suave ao falar, mas sua escolha de palavras ainda eram uma alfinetada. Ele apenas murmurou em resposta.

Estava limpando o corte nas costas de Daryl, na altura do ombro esquerdo. Tentava ser cuidadosa, e ainda assim, Daryl agia como se estivesse morrendo por isso. O corte em si não tinha uma aparência extensa, mas era um ferimento fundo, se doía tanto. Esme duvidava que ele fosse manter o corte limpo e isso prejudicaria a cicatrização, muito provavelmente deixando uma cicatriz no local. Mais uma para a coleção, na verdade. Daryl era um cara durão, não a espantaria descobrir que tinha ganhado cada uma daquelas cicatrizes do mesmo jeito, embora não tivesse se atrevido a ao menos mencionar as ditas cicatrizes que ele tinha espalhadas pelas costas.

- Vai ter que manter isso limpo se não quiser uma infecção, ou uma cicatriz muito pior do que precisa ser, mas sei que limpeza não é sua especialidade. - O sorriso nos lábios de Esme era pura zombaria. - Pode pedir 'pra Carol limpar isso 'pra você no fim do dia. Ou venha aqui, quando eu não estiver.

- 'Cê só pode 'tá maluca se acha que vai colocar as mãos aí de novo. - Daryl franziu o cenho, sua voz não era tão amarga quanto ela esperava quando ele retrucou.

- Não foi tão ruim. Eu poderia ter sido menos delicada. - Já tinha terminado de limpar o ferimento, mas pressionou a gaze sobre ele uma última vez, sem cuidado algum. Daryl gemeu sob a dor em seu ombro. - Viu só? Eu disse que 'tava sendo boazinha.

- Vai a merda. - Praguejou, dando um salto da maca assim que sentiu as mãos de Esme deixarem suas costas após finalizar um curativo, que conservaria pelo menos aqueles cinco centímetros da pele do Dixon limpos.

- Podia ter ganhado um pirulito por bom comportamento se não fosse essa boca suja. - Seu tom era leve, quase como se ela estivesse sorrindo.

Honestamente, nem tinham pirulitos: Aqueles que tinha combinado com Denise de guardar para as crianças que precisassem ir à enfermaria, as duas tinham comido enquanto estudavam.

A atenção de todos se concentrou simultaneamente no paciente juvenil, assim que Rick começou a celebrar que Carl estava acordado.

...

Semanas se passaram desde então. A maior parte da bagunça tinha sido limpa: recolheram os corpos dos zumbis que estavam na rua, repararam janelas e cercas quebradas, começaram a reconstruir a parte derrubada do muro... As coisas estavam indo muito bem.

Esme e Denise estavam ainda mais afiadas em seus estudos e com certeza mereceriam um diploma, mesmo que Denise ainda ficasse um pouco nervosa e Esme tivesse a mão pesada. O esforço delas era o que merecia premiação, acima de tudo.

Aaron e Daryl tinham parado de procurar pessoas para a comunidade por enquanto, focando em trazer suprimentos. Aparentemente, não vinham encontrando mais ninguém, de qualquer forma.

Esme se deu um dia de folga, deixando Denise sozinha na enfermaria para poder bisbilhotar o que estava acontecendo no resto da comunidade enquanto isso. Caminhou pelas ruas de Alexandria como se sua tarefa fosse fiscalização, dando "bom dia" em um tom amigável e com um sorriso gentil toda vez que passava por alguém, a essa altura, a maioria conhecidos.

Em seu trajeto não planejado, prestou atenção na garagem que funcionava como escola, na movimentação na casa que armazenava comida e armas, e então estava perto do portão, vendo Sasha vir em sua direção com seu rifle pendurado no ombro pela alça, como de costume. Ela finalmente parecia mais apta para interações sociais, então Esme resolveu arriscar finalmente levar a diante sua intenção inicial de se dar bem com cada membro do grupo de Rick.

- Esme! Pode ficar de vigia pra mim enquanto eu vou no banheiro? - Questionou apressada. - Se aparecerem zumbis, eu dou um jeito quando voltar.

- Claro... E o que eu faço se aparecer um vivo que não seja dos nossos? - Esme apertou os olhos ao falar, quando uma das nuvens no céu saiu da frente do sol, causando um incômodo repentino com a luz forte atingindo seus olhos.

Sasha tombou a cabeça para o lado, sorrindo como se tivesse ouvido uma boa piada. - Você nunca usou uma arma? - A voz de Sasha era gentil, ainda que visivelmente surpreendida. Em resposta, Esme apenas encolheu os ombros. - Vou te ensinar quando eu voltar.

E foi a primeira coisa que Sasha fez ao voltar para a torre de vigia. Não demorou para perceber que Esme mal sabia segurar o rifle de maneira minimamente correta, e também se devia acrescentar que, de primeiro momento, quando Esme pegou a arma na mão pela primeira vez, pareceu pesar três vezes mais do que ela tinha imaginado de começo.

Sasha começou corrigindo a postura de Esme, lhe ensinando como deveria se posicionar para sentir menos o peso da arma e poder manuseá-la melhor, como deveria atirar para sentir menos o coice do rifle - qualquer arma sempre causa impulso para trás após disparar e armas longas tinham mais tendência de machucar o atirador com o coice resultado do tiro. Sasha se certificou de que tinha ensinado bem essa parte, para que Esme fosse capaz de manusear outras armas também.

Esme sabia da maioria daquelas coisas, mas se esforçava para ignorar a lembrança da voz masculina que lhe contou tudo isso pela primeira vez, tentando substituir a lembrança pelo ensinamento de Sasha.

- Não feche os olhos 'pra mirar. - Instruiu, prestando atenção aos movimentos de Esme enquanto ela olhava através da luneta, ou mira telescópica, para apontar para a cabeça de um zumbi lá embaixo, arranhando o portão. - Quando ele estiver no meio dessa cruz de linhas vermelhas você pode atirar.

Esme passou mais alguns segundos quieta e observadora, tendo certeza antes de puxar o gatilho. Algo parecido com um sorriso surgiu nos lábios de Sasha, suavizando toda a expressão facial dela, que geralmente era tão durona quando os grunhidos pararam enquanto o corpo do zumbi caía no chão, inanimado.

Talvez fosse mais fácil se concentrar quando não tinham dois zumbis se aproximando e um caipira te encarando como se fosse a pessoa mais burra que ele já viu. Ou, talvez um Remington 700 fosse mais adequado do que uma faca de caça qualquer.

- Perfeito 'pra um primeiro tiro. - Elogiou Sasha, recebendo um riso de Esme, ambas orgulhosas do progresso. - Como 'tá o ombro?

- Acho que eu entendi porque chamam de coice. - Respondeu risonha, enquanto esfregava o ombro. Sasha também riu, dando um tapinha nas costas dela de forma brincalhona. O primeiro coice de arma que tinha levado não tinha sido tão ruim.

- Tá tudo bem, podemos repetir isso até você se acostumar.

Way Down We Go [TWD]Where stories live. Discover now