Capítulo 6

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Eloise

Olhei para Penelope e não sinto mais tanto constrangimento quanto sentia antes. Sinto que mudei tanto nos últimos meses, me sinto mais madura, mais certa do que quero. A distância foi difícil, mas ao mesmo tempo clareou muitas coisas dentro de mim. Eu percebi que sou teimosa e que muitas vezes o excesso de teimosia não nos leva a lugar nenhum. Nós mulheres deveríamos nos unir, não nos voltar uma contra as outras, como a sociedade espera. 

— Penelope, eu sei que talvez não deseje me ouvir, mas eu sinto tanto a sua falta!

— Eu também, Eloise! Por que somos tão cabeça duras? Confesso que Colin me incentivou a falar com você, mas eu já queria fazer isso, apenas tive medo da sua reação.

— Eu também estava com medo e por isso me mantive distante. Eu pude pensar bastante e me arrependo das palavras que disse a você, fui dura demais. Talvez porque eu seja dura comigo mesma.

Penelope segurou minha mão. — Eu errei, Eloise, me perdoe. Eu nunca deveria ter colocado sua reputação em risco, nem destruído sua amizade com o Theo Sharpe, eu não tinha direito. — Ela começou a chorar e acabei me emocionando também. — Eu só fiquei apavorada com a possibilidade da rainha prejudicar você e sua família, por minha culpa. Eu não teria paz se algo tivesse acontecido com você.

Eu não posso negar que se continuasse perto do Theo haveria o risco de destruir a reputação da minha família e a minha, porque estava começando a me envolver demais. E por mais que seja difícil admitir, ter a reputação arruinada não é o que almejo, muito menos a solidão e exclusão que são consequências disso. Penelope errou, mas eu percebo que passar a vida toda como uma flor de parede não foi fácil para ela, além disso eu também cometi erros. Trocarmos acusações pelo resto da vida não nos faz bem e não nos leva a lugar nenhum. Agora eu sinto que o que sentimos uma pela outra e a amizade que construímos são mais fortes do que qualquer coisa. Por essa razão,  temos que seguir em frente.

— São águas passadas, foi melhor assim. Eu só não suporto mais estar em um baile sem poder compartilhar todas as fofocas com você ou elogiar o brilhante texto que a Lady Whistledown publicou na última semana e dar sugestões. Você é minha única amiga, eu sinto tanta falta de estar com você. — Olhei para baixo. — Acho que no fundo eu estava com ciúme por você ter feito algo tão importante e eu ser uma inútil na sociedade. Eu falo tanto e o que eu faço de relevante?

Penelope enxugou as lágrimas e apertou minhas mãos. — Eu também senti tanta saudade, não faz ideia de como queria contar a você tudo que está acontecendo. Eu estou sempre envolta de segredos e não tinha com quem contar, é quase sufocante. Queria dizer tudo a você, porque se não fosse as ideias que você sempre me deu e nossas conversas intermináveis, Lady Whistledown nunca existiria, então nunca diga que é inútil. Você era a única pessoa que olhava para essa flor de parede e se não fosse por isso, sabe lá se um dia eu seria capaz de desabrochar. — Penelope respirou fundo e a olhei nos olhos. — Porém, se não fosse nosso afastamento, talvez eu não teria coragem de sair da minha concha e caminhar sozinha, então não tenho motivos para sentir raiva de você.

— Eu também amadureci muito percebendo que era você quem ouvia minhas ideias malucas, você que me apoiava, que me aceitava mesmo eu sendo como sou. E sim, eu era egoísta por nunca ter te notado o suficiente ou me preocupado quando estava bem. Eu achava que você não queria casar só porque eu não queria! Como se fossemos uma pessoa só. Às vezes eu tinha essa sensação, por isso não notava que seus sentimentos são diferentes dos meus.

Penelope me abraçou. — Eu te amo, Eloise!

— Eu também te amo, Pen! — Correspondi o abraço. — Eu prometo que mesmo que voltemos a brigar, nunca vamos nos afastar de novo.

Com amor, EloiseDonde viven las historias. Descúbrelo ahora