Capítulo 25

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Phillip

Desde o dia em que vi Eloise parada na minha sala, soube que não havia mais volta. Estava apaixonado. As palavras dela já haviam me ganhado do ponto de vista intelectual, mas a presença dela tomou o resto do meu juízo. E eu me esforcei dia após dias para fazê-la sentir um mínimo do que eu sentia.

Mas nunca havia cortejado uma mulher. E parece que sou péssimo nisso. Mesmo assim não resisti a abrir meu coração. Precisava dizer que a amava, pois manter dentro de mim estava me atormentando. Confesso que no fundo pensei que ela diria que também me ama e eu saberia que fiz o certo nesses meses que passamos juntos. Talvez dissesse que gostava de mim. Ou desse um sorriso.

A última coisa que eu esperava era um sinto muito.

Sinto muito.

Ela sente muito por eu amá-la. Duas vezes casado e duas vezes incapaz de conseguir o afeto da minha própria esposa. A indiferença dela doeu e no momento fiquei aborrecido. Não queria vê-la. Estava envergonhado, sentindo-me exposto. Fiz o que sempre faço.

Afastei-me. Fugi do desconforto de vê-la no outro dia lembrando que ela não me ama. Fiz minhas malas e fui para a casa do meu amigo. Deixei um bilhete para não preocupá-la. Não disse quando voltava, pois não pretendia voltar nem tão cedo.

Muitos diriam que sou covarde, mas eu queria apenas entender o que acontecia em mim. Fugir da sensação de rejeição que me persegue. A sensação de não ser bom o suficiente.

Mas quando cheguei em Cambridge, percebi que fugir da situação não faz com que ela não exista. Eu senti falta de minha esposa em cada minuto que passei longe. As plantas raras e exóticas não geraram nem metade da empolgação esperada. Eu só conseguia pensar nela. Senti falta de seu cheiro, do calor da sua pele, do tom da sua voz. Até perceber que, independente das circunstâncias, eu preciso dela. Mesmo que ela não me ame, se ela aceitar que eu a ame já estarei satisfeito desde que estejamos juntos.

Arrumei minhas malas e despedi-me dos meus amigos. Voltaria para casa, meu coração pulsando em alegria por saber que a veria. As horas pareceram infinitas enquanto a carruagem me conduzia. Não dormi, apenas batia as botas contra o piso, em uma ânsia que me consumia.

Quando cheguei em Romney Hall, saltei da carruagem e entrei em casa a passos largos. O mordomo veio recepcionar-me, mas nem pude deixá-lo falar.

— Onde está a Lady Crane?

— Fez boa viagem, Sir?

Revirei os olhos, impaciente. — Sim, mas diga-me, onde está minha esposa?

— Papai! — As crianças vieram correndo em minha direção. Desde que me casei e passei a compartilhar momentos com elas, sou recepcionado assim, com toda a empolgação que esses pequenos têm.

Peguei os dois no colo. — Como estão, filhos?

— Senti sua falta, papai — Amanda disse.

— Eu também! — Oliver falou.

— Eu morri de saudades dos dois. — Beijei a face de ambos.

— Mamãe chorou quando o senhor viajou — Amanda disse e eu a olhei confuso. Eles pouco lembram de Marina, mas não acho que chegariam ao ponto de acreditar que está viva.

— Mamãe? Quem é sua mãe, Amanda?

— Eloise, eu quero que ela seja minha mãe.

Dei um sorriso. Fico contente percebendo que a aceitaram tão bem.

— Eloise chorou?

— Sim, eu vi! — Amanda disse.

Senti uma culpa me tomar. Não queria fazê-la sofrer, mas nunca imaginei que ela sentiria tanto minha ausência. Achei que se sentiria aliviada com minha distância.

Com amor, EloiseOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz