Dentro da confortável van, enquanto percorriamos o trajeto rumo a casa do amigo do Filipe, nós dois nos envolvemos em uma conversa cativante sobre nossas vidas.
— Então, loira, o que você faz da vida? – Pergunta com interesse, buscando mais detalhes sobre mim .
— Após o nascimento de Natanael, enquanto cursava a faculdade de advocacia, enfrentei o desafio de conseguir minha independência financeira para sustentar meu filho e a mim. Por ser menor de idade na época, minha mãe, tomou a iniciativa de pedir um empréstimo em seu nome para me ajudar. E isso foi fundamental para que eu pudesse criar minha própria empresa no setor da beleza. E com isso consegui minha autonomia econômica durante os anos em que estava na faculdade.
Filipe dedica atenção a cada palavra que pronuncio, criando um ambiente acolhedor que me incentiva a expressar-me livremente. Sua habilidade em manter um ouvido atento e receptivo proporciona uma sensação de conforto, encorajando-me a prolongar a conversa de maneira natural.
— Ao concluir minha graduação, mergulhei na área por vários anos. Contudo, há aproximadamente três anos, muitas oportunidades de trabalhar como modelo e influenciadora para diversas marcas começaram a surgir. Ainda assim, reservo algumas exceções para exercer minha profissão de advogada – ao compartilhar isso, percebo o olhar impressionado estampado no rosto dele.
— To impressionado com a tua história, loira. Tu é uma mulher incrivel e muito responsá – ele diz admirando, com uma expressão de respeito genuíno.
— Agradeço o elogio, Ret. Mas, minha vida também teve suas sombras. Na adolescência, fiz muitas escolhas inconsequentes, como começar a fumar aos 13 anos. Participei de festas que definitivamente não eram para minha idade, desrespeitando os limites impostos por minha mãe. No entanto, a maternidade transformou isso. O desejo de ser um exemplo para meu filho impulsionou meu profundo amadurecimento, me guiando para uma evolução notável como ser humano. – termino de falar com um sorrisinho no rosto.
— Pode me chamar de Filipe, também tenho um filho, ele se chama Theo, tem 5 anos. O nascimento dele também mudou minha percepção de muitas coisas; ele é a pessoa mais importante da minha vida. Sou capaz de tudo por ele – ele fala com muito orgulho do seu filho. Essa admiração fez com que eu passasse ao admirar não apenas como artista, mas também como pai.
— Ao segurar Natanael nos braços pela primeira vez, uma onda de emoções tomou conta de mim. A sensação de ter um ser tão pequeno e vulnerável dependendo de mim transformou completamente a perspectiva que eu tinha da vida. De repente, todas as experiências anteriores pareciam insignificantes diante da grandiosidade daquele momento. A conexão instantânea e indescritível que estabeleci com ele fez com que a vida ganhasse um novo significado, e percebi que não conseguiria mais imaginar minha existência sem a presença do pequeno ser que se tornou o centro do meu universo.
– Sim, a presença do Theo na minha vida é muito importante. Após shows exaustivos, sua recepção amorosa quando chego e seu abraço proporciona uma paz incomparável. Me esforço ao máximo para guardar ele das maldades do mundo.
— Eu também busquei proteger ao máximo meu filho, transmitindo meus princípios e crenças. Meu objetivo sempre foi criar um ser humano bom e livre de preconceitos em relação aos outros.
— Concordo contigo, e faço questão de passar esses mesmos valores para o Theo. – ele fala, é bom saber que compartilhamos as mesmas crenças e ideias.
Continuamos nossa conversa, e ele compartilhou detalhes fascinantes sobre sua história antes de se tornar rapper. Falou sobre os desafios iniciais ao entrar na cena, e revelou experiências de trabalhos anteriores.
Ao falar sobre suas raízes, ele discorreu sobre a história do Catete, bairro onde nasceu e cresceu. Além disso, ele me explicou um pouco sobre o "Gualin", a linguagem própria do TTK.
— Acredito profundamente na energia das coisas e pessoas, nas conexões e na vibe que cada pessoa transmite – Ret entra em um assunto que adoro; quando penso que não pode mais me surpreender, ele se supera.
— Eu também, acredito no mundo místico desde que era criança, e meu fascínio cresceu. Eu tenho uma parada de acreditar em sereias, unicórnios e fadas, eles sempre ocuparam um espaço especial em meu coração. Me recuso a aceitar que a vida se limite ao que vejo, que aquilo que é considerado bizarro ou coisa de criança, não existe. Sabe, eu desejo permanecer criança para sempre, quero continuar enxergando a vida com olhos inocentes e acreditando em tudo isso. – Ao compartilhar essas paixões com Filipe, percebo um interesse genuíno em seus olhos, um contraste notável com a típica reação cética que encontro.
A profunda conexão instantânea que experimentei com Filipe deixou-me verdadeiramente impressionada. Nossas energias entrelaçaram-se de maneira notável.
Ao compartilharmos experiências passadas, percebo uma ligação especial, como se nossas almas já estivessem interligadas muito antes de nos encontrarmos pessoalmente.
Cada palavra trocada parecia ressoar com uma harmonia pré-existente, criando um vínculo que transcendeu o tempo e reforçou a sensação de familiaridade entre nós.
Em seguida, mergulhamos em um silêncio reconfortante, apreciando a serenidade da nossa companhia. Foi nesse instante que uma conversa próxima, no banco à nossa frente, atraiu a atenção de Filipe.
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NOTAS
• Eu sei que os diálogos deste capítulo estão muito extensos, mas quis transmitir a sensação de conforto entre os personagens. E ao estar com alguém que genuinamente nos faz sentir à vontade, naturalmente nos abrimos e nos expressamos livremente, sem restrições de tempo ou palavras.
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• Assim que atingir a meta, lançarei o próximo capítulo.
• Os próximos 3 capítulos são na visão do T-ré.
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