Acorrentado

Lucas

Dante entrou no meu escritório com uma pasta de papeis na mão. A expressão séria estampada em seu rosto me fez lhe dar atenção.

Ele arremessa a pasta com um arquivo sobre a minha mesa.

-  Aqui está a merda do relatório completo da garota – falou com a voz arrastada - tudo que conseguimos reunir até agora.

Senti minhas mãos esfriarem, mas mantive minha postura.  A pasta tinha o nome Mackenzie Foster. Examinei o arquivo com um olhar calculista.

Era apenas isso que faltava para dar o primeiro passo até ela. Folheia as páginas, observando cada detalhe sobre a mulher que amei no passado e agora se tornou alvo da minha vingança.

- Foi um bom trabalho. – disse imperturbável – isso será meu ponto de partida.

Dante, se jogou numa poltrona de couro escuro. Ele sempre se convidava a entrar no escritório.

- Agradeço ao Otto, foi ele quem trabalhou nisso.

Olhei o grosso relatório na minha mesa. Senti meus pulmões encherem de vigor. Minha força vital estava de volta ao vê as fotos dela no parque caminhando, no mercado e indo ao trabalho. Ela parecia a mesma garota de antes. A maldita garota que amei.

Enquanto Dante falava um monte de merda sobre o prazo da ordem eu só conseguia intensifica a análise do relatório.

Um estrondo do meu punho socando a mesa ecoou no escritório.

- Por que diabos está escrito aqui " NAMORADO"? Kenzie é minha! Porra!

- Merda, irmão! – ele escolheu as palavras – As coisas se Complicaram.

A raiva explodia dentro de mim. Enfiei a mão no bolso da calça e tirei meu celular, disquei Otto.

- Venha no escritório agora porra!

- Luke, você está mergulhando fundo demais nessa história de vingança.

Passei a mão pelos meus cabelos. Dante tinha razão, eu estava fundo nisso. A vários anos da minha vida. Não será nada nem um merdinha de namorado que faria eu recuar.

Otto colocou a cabeça para dentro do escritório antes de entrar.

Peguei o relatório e fui até ele com a raiva transbordando. Enfiei o relatório no peito dele.

- Me explica a merda que está escrito aqui. 

Otto pegou as folhas depois olhou para Dante. Ele estava com problemas se não explicasse isso.

- Que merda, Lucas, isso deve ser um erro ou...

Interrompi, com a raiva evidente

- Erro? Você quer dizer que ela é de outro? Ela é minha, sempre foi!

- Talvez tenhamos interpretado mal.

  Respirei fundo, tentando controlar a raiva.

Dante que acompanhava tudo agora em silêncio, levantou e bateu no ombro de Otto.

- Certifiquem-se de que essas informações estejam corretas. Vá, dê o fora antes que fique pior pra você,  cara.

Otto se virou e saiu.

Eu queria socar algo. Eu socaria a cara desse idiota que estaria tocando nela. Socaria a mim mesmo por ter deixado isso acontecer.

Sinto ela dentro de mim, como se todo meu corpo tivesse ligado ao fato dela ser minha. Ainda não era hora de cortar a corda que me liga a ela, não antes de fazê-la sofrer.

Dante se voltou na minha direção.

- Calma aí, irmão. A gente resolve isso.

Ergui o peito. Olhei para Dante sem dúvidas que eu removerei qualquer que fosse a pedra em meu caminho.

  -Vai com calma, Luke. – falou preocupado – se você tá assim com um relatório, vai enlouquecer se tiver que vê-la com alguém. 

Ele tinha toda razão!

- Não vou permitir que ninguém a tenha, Dante. Essa vingança será a minha liberdade

Meu amigo suspirou tenso

-Foda-se, você sabe o que faz.

Mackenzie jogou esse jogo no passado, agora eu dou as cartas.

Olhei além da janela do escritório.

- Se há alguém, ela o perderá, assim como perderá tudo que tem. Até que só restará a mim para recorrer. Mackenzie Foster é minha!