Kenzie

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Criei coragem para descer até o Mercado no térreo do meu prédio. O fim de semana estava quase acabando e minha geladeira continuava abastecida somente com água.

Estava um dia nublado, o que era ótimo. Significa menos clientes no mercado da Sra Griselna. Eu podia ter algum tempo para conversar depois das compras.

Peguei uma cesta vermelha assim que as portas de vidro se abriram.

Com a lista na minha mão, sai pegando cada iten rapidamente. Morar sozinha era ótimo, mas como tudo tinha um lado negativo, isso explica o motivo de minha dispensa esta sempre vazia.

Levei a cesta até o totem de pagamento e passei cada um dos itens. Depois de pagar peguei minhas sacolas e fui até o balcão de atendimento.

Coloquei minhas sacolas no balcão e bati duas vezes na madeira com o nó dos dedos.

- Grise?

Quase instantaneamente ela apareceu na porta atrás do balcão.

- Boa tarde, Kenzie. – disse numa mistura entre o sotaque alemão e o inglês americano.

Ela abriu um sorriso amigável com as bochecha rosadas.

- Oi, eu vim fazer as compras da semana e aproveitei para lhe dizer um oi.

Griselna era uma senhora de meia idade que cuidava do mercado sozinha depois da morte do marido. Guardo com carrinho o dia que cheguei no predio e ela veio a minha porta com uma torta alemã.

Agora, Griselna era minha confidente, que sempre tinh algo sábio para dizer.

- Isso é bom. Faz alguns dias que não a vejo.

Griselna se juntou a mim no balcão.

- Nein¹ culpo você Kenzie, tive que visitar o médico então os garotos tomaram conta do mercado.

Não¹

- Está tudo bem, certo? Com sua saúde? – apressei-me

Griselna abriu os braços e deu uma girada sutil.

- Ja, eu estou ótima. – disse me olhando de lado – e você?

- Eu... bem, você teria um tempo para... conversar?

Grise me conhecia tão bem que não precisava de muito tempo para perceber que algo tinha me levadoate ali.

- entre aqui, venha.

Recolhi minhas sacolas e dei a volta no balcão. Entrei logo atrás dela em seu pequeno escritório atrás do balcão de atendimento.

- Sente-se aí e me diga o que está perturbando você?

Suspirei. Por onde começar?

- Tem um cara, ele disse que gosta muito de mim. Ele quer... bem ele quer namorar comigo – disse soltando outro suspiro forte - Mas, ainda tem um grande problema. Ele é um dos chefes do escritório que eu trabalho.

Griselna levantou as sombracelhas errugando a testa, parecia surpresa.

- Ele disse isso e voce não parece empolgada com a corte do rapaz?

- A gente se beijou e foi bom, mas não é nada sério ou comprometido. Ele é meu chefe!

Griselna relaxou na cadeira e sorriu.

- Já vi o problem. Você não está apaixonada. Na verdade está buscando neste rapaz o que você deixou no passado. Pelo que vejo, ninguém será o suficiente para fazer seu coração pular mais forte.

As lembranças me vieram a mente. Eu não estou comparando Nathan com Hunter!. Estou?

- Me sinto confusa sobre o que fazer.
Griselna sabia toda a minha história dolorosa de amor na adolescência que ainda assombrava minha vida.

Entreguei-me de corpo e alma para Hunter, o tempo não tinha sido suficiente para me fazer esquecer o amor que senti por ele.

Criei um murro tão alto entre mim e relacionamentos amorosos que mesmo que eu quisesse derrubá-lo, não sabia se seria capaz de fazê-lo com Nathan.
Ele é meu chefe, caramba! Eu repetia isso para mim mesma várias vezes.

- Kenzie, o passado não pode ser mudado, mas o presente é uma tela em branco. Se há algo especial nesse novo rapaz, não tenha medo de dar uma chance para seu coração. Isso pode lhe surpreender, querida.

Pensei um pouco sobre as palavras de Griselna. No fundo era reconfortante saber que alguém estava interessado em mim. Nathan era bonito, bem sucedido, gostava de mim e me respeitava, o que mais faltava para que eu gostasse dele? O quê?

- Obrigado, Grise, você sempre sabe o que dizer.

Levantei fui até ela e abracei-a com carinho.

- Minha filha Hedda sempre fala isso. Agora, vamos tomar uma limonada e esquecer momentaneamente os problemas, Ja?

....

Depois de uma limonada deliciosa acompanhada com mais algumas conversas aleatórias no escritório da Sra. Griselna, volta para meu apartamento

Passei pela sala em direção a cozinha. Peguei meu celular que ainda estava na minha bolsa  desde da noite anterior.
Deixei as compras no balcão. Seis ligações perdidas, Sophie ligou cinco vezes.

Ah você ficará sem explicações por hoje!

Nathan também avia ligado. Tudo bem. Respirei fundo antes de apertar para ligar de volta.

Assim que ouvi sua voz apressei-me para não desistir de dizer o que dia dizer.

- oi... ouça, eu pensei no seu pedido e sim, eu acho que quero namorar.

Enquanto as palavras acabavam de sai da minha boca ainda incertas, percebi que estava andando em círculos no meio da cozinha. 

Ele deu uma risada.

- Você fala serio? Nossa, eu quero te vê hoje. Quer sair para jantar?

- Gosto da sua companhia, Nathan. Mas vamos com calma. – parei de rodar – eu tenho algum trabalho atrasado e...

Ele me interrompeu

- Ei, tudo bem. Teremos bastante tempo para sair – continuou nitidamente alegre - Bem, eu estou feliz que tenha me dado uma chance. Mas relaxa, vou deixar você com o trabalho. Te vejo no escritório na segunda. Um beijo, Kenzie.

Assim que ele desligou meu coração parecia descontrolado. Não era como está apaixonada, era como um certo desespero. Não avia borboletas no estômago ou suor frio, apenas o alívio de ter conseguido aceitar seu pedido de namoro.

Algum tempo se passou desde a ligação. Eu tinha colocado as compras na despensa, passado o aspirador no carpete do quarto e colocado as roupas na secadora. Estava tudo como eu deveria manter, se não fosse minha desorganização congênita.

Quando tudo estava limpo já era meio da tarde e minha folga estava indo pelo ralo. Com meu pijama mais velhinho me arrastei do sofá até cozinha.

Numa bandeja coloquei um copo que enchi com chá gelado de caixinha e uma tigela de nachos com açúcar. Sentei no sofá pronta para passar o resto da tarde comendo e assistindo One tree Hill pela vigésima vez.

Fui interrompida pelo toque do telefone. Levantei correndo, quase derramei o chá na mesa

- Droga, já vou !

-Alô, filha.

- Ah oi papai, você não me ligou mais o que ouvi?

Meu pai era o conciliador entre mim e minha mãe, fazia isso muito bem as vozes.

- Arrumei um novo hobbie , querida. Mas, eu não liguei para isso. – ele deu uma pausa antes de continuar – você sabe que no próximo mês é aniversário da sua mãe, e eu gostaria que você fizesse um esforço maior desta vez e venha para casa.

Meu estômago revirou. Desde minha partida anos atrás, eu e minha mãe tínhamos perdido o que nos unia. Eu ainda não estava certa se poderia voltar onde meu coração foi partido e perdoá-la por fazer isso.

- Pai...

- Espere, Kenzie, você não precisa dizer nada agora. Eu só quero vê as duas mulheres da minha vida felizes, e sei que isso pode acontecer se você vier no aniversário de sua mãe.

Não consigo.

- Eu tenho muito trabalho, pai. Mas por você, verei o que posso fazer até lá. – suspirei – vou tentar.

- Filha, a confiança se constrói com o tempo. Já é hora de perdoar sua mãe, ela só quer seu bem.

Lembranças daquele dia começavam a borbulhar na minha mente como uma aquarelas.

Soltei o ar sentindo a tensão em meus ombro

- É impossível superar o passado quando ele deixa marcas tão profundas, pai. Não dá!

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⏰ Last updated: Feb 04 ⏰

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