Lucas

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Levantei da cadeira assim que Dante entrou no escritório.

- Finalmente! Onde diabos você estava? Por que demorou tanto?

- Não seja impaciente, Luke. Não foi um passeio no parque. Eu dirigi por duas horas até aqui – Dante rosnou de volta - Talvez se você fosse um pouco mais presente não precisasse fazer essas visitas mensais. Bastava  ligar, porra.

Quanto menos contato, mas fácil seria para lidar com a situação. Mesmo que eu a tenha sobe meu controle, não quero que nada lhe falte.

- Menos drama, Dante. Você já fez viagens mais longas por nada. – comecei – mas então, você a viu?

Dante acomodou-se no sofá de couro do escritório.

- Às coisas nem sempre acontecem conforme o seu plano. Bem, ao que parece, ela descobriu que você banca os custos da clinica.

Merda. Passei a mão pelo cabelo. Eu precisava contornar isso.

- Ela me deu isso, - ele levantou e bateu nos bolsos procurando por algo – pegue.

O papel dobrado com a letra dela assinava Beatriz Oscury

Dante se serve de um copo com whiskey.

- Preciso de algo forte para ajudar com o cansaço, você quer?

Ignorei. Amassei a carta apertando no meu punho. Não me importava com suas palavras num papel. A realidade era o que importava para mim agora.

- Aqui está. Isso ajuda a aliviar pra caralho.

Ignorei-o novamente. Não tinha bebida forte o suficiente capaz de melhorar isso.

- Droga, Luke, dê uma chance à ela. Ela é sua mãe.

Joguei a carta amassada no lixo. Palavras não mudavam os fatos.  

- Não repita isso, entendeu?

Dante levantou a sobrancelha.

- Cara, às vezes acho que só  engulo você por respeito ao seu pai. Porque, caralho, você é um filho da mãe as vezes.

Apesar de tudo que passei nos últimos sete anos, Dante tinha sido uma coisa boa no meio do caos que minha vida se transformou.

Dante era um iniciado da Ordem por linhagem assim como seu pai. Assim como eu deveria ser.

Mudei o foco da conversa

- O que tem pra hoje?

- Eu tô fudido cara. Ethias disse que os caras de Nova Iorque estão aqui, maquei uma reunião.

- Os caras de Nova Iorque... O que eles querem?

Dante já avia terminado sua bebida, agora enchia novamente o copo.

- Ethias não disse – ele suspirou - Negócios, quem sabe? Mas é melhor irmos preparados.

A atmosfera no escritório já era bem carregada, mas a gravidade das palavras de Dante davam um novo patamar.

Se era uma reunião onde Ethias estava metido na certo tínhamos que tomar cuidado.

O escritório guardava uma gama de armas. Todas expostas numa na parede atras da minha mesa.

Fui até elas, abri o vidro blindado do expositor.

- Se algo der errado, lembre-se que temos o banco B – falei tirando uma pistola e enfiando na parte de trás, no cos da calça.

Dante, conhecia essas reuniões melhor que eu. Ele respirava a poluição da Ordem desde criança. Ele era de longe o melhor atirador vivo da Ordem, antes, só perdera seu posto para meu pai.

Ele puxou a camisa mostrando sua arma na calça.

- Sempre preparado, cara.

+++

Virei a esquina do quarteirão para usar o estacionamento privado da casa noturna quando notei dois audi preto,  como sombras. Sem placa!

- Parece que a reunião vai ser movimentada – rosnei olhando pelo retrovisor - Teremos que lidar com companhia extra.

Entrei no estacionamento escuro

- Por isso eu trouxe a reunião para o nosso território. Vamos deixar um aviso claro de que não somos presas fáceis.

- Olhos abertos, Dante. Com certeza não vieram aqui pela bebida.

Seguimos pelo corredor privado. Dante com o celular no ouvido, falava com o lider da segurança, deixou claro a atenção redobrada de todos.

Ele sabia o que estava fazendo. Fizera isso centenas de vezes, que eu tenha visto. Sempre se saia bem nas negociações externas da Ordem.

Eu sabia que não podia me envolver diretamente na negociação. Não até ter uma decisão firmada sobre ocupar o lugar do meu pai na Ordem. Mas nada me proibia de está presente.

A musica era alta na pista de dança. Subimos para o andar reservado prontos para a chegada dos nossos convidados.

Com um copo de whiskey na mão mantenho o foco no movimento lá embaixo.

-Da última vez que estivemos aqui, as coisas esquentaram. Melhor estar relaxado. – murmurei tomando um gole

Dante senta no sofá com seu copo na mão. Com cara fechada ele nem se deu o trabalho de comentar.

Apoiei os antebraços na grade e observei. A pista de dança fervilhava como um formigueiro. Tinha seguranças por toda parte, incluindo aqueles disfarçados de garçons circulando.

Estava tudo indo como planejado.

Vaguiei meu olhar pela pista aguardando a chegada deles. Quando meus olhos agarraram numa única imagem. Mackenzie. A pele clara dela estava tingida pela luz vermelha vibrante. Dançava desinibida nos braços...

O que você faz nos braços desse infeliz?

Você não tem ideia do estrago que me causou. Mas você provará do mesmo que provei, Kenzie. Praguejei.

Uma onda de raiva percorreu meu corpo, ferindo meu coração como uma apunhalada fria. A visão dela nos braços de outro despertava em mim algo feroz, uma sensação de posse que eu precisava lembrá-la .

Você é minha, e sempre será.

Parecia ter passado uma eternidade no momento ali. Minha vida era estável antes dela. Mas eu tinha um plano e o seguiria, passo a passo até que ela saiba que não pode fugir e deixar para trás.

Engoli a raiva com a ajuda do álcool gelado em meu copo.

Tive que usar muita força de vontade para manter minha postura firme, mas por dentro, as chamas da raiva ainda ardiam.

Tomei o último gole do whisky e simplesmente desviei o olhar. Mesmo que meu coração perdesse o compasso por causa dela, meu objetivo ali não era ela.

Concentre-me no problema que veio de nova York. O maldito problema já ocupava a sala privativa onde estávamos, desviando a atenção para a conversa iniciada com Dante a frente.

O homem irritado bate a mão na mesa.

- Que inferno, é inaceitável que a mercadoria chegue faltando. Estou perdendo dinheiro e paciência com essa situação. – gritou ele na direção de Dante - se não conseguem garantir a integridade da mercadoria, não faça negócios, porra.

Cruzei os braços sobre o peito analisando o que acabou de acontecer. Ethias sabia sobre isso e jogou a bomba prestes a explodir no nosso colo.

- Sua reclamação chegou até nós a algum tempo. A Ordem está investigando o ocorrido com rigor. – Dante mentiu convincente - Acredite, se  houver um ladrão em alguns dos lados, ele será severamente punido.

O homem endireitou a postura sem desviar os olhos de Dante.

- Você mesmo pode verificar toda  a nova carga antes do embarque no porto, se isso for melhor para a confiança na Ordem.

Minha mão passou para minhas costas, tocando sutilmente no cabo da pistola enquanto três dos meus homens se aproximavam pela lateral do bar.

- Uma desentendimento agora não é do interesse de ninguém, você não acha? - indagou desviando o olhar para mim brevemente - O acordo está fechado, esperarei suas informações sobre a mercadoria e partiremos assim que tudo estiver certo.

O homem levantou e logo em seguida Dante. Ao redor a tensão de todos os seguranças de ambos os lados era é palpável.

- É um prazer fazer negócios com você. Pode deixar que cuidaremos de todos os detalhes. – Dante ofereceu a mão para selar o acordo – aproveite a noite, mandarei trazer uma das nossas garotas para servi-lo.

...

- Assim que sairmos daqui, vou informar a Ordem o que aconteceu, - gruniu Dante irritado -  eles precisam saber que se não tomar um atitude, vamos perder negócios. Ou pior.

Sentei no banco do motorista do meu carro e pisei fundo em direção ao apartamento dele.

- Tem nariz daquele desgraçado do  Yan nisso, e eu posso apostar que Ethias esta incobrindo.

Eu sabia que Yan faria tudo para nós comprometer com a Ordem. Aquele filho da mãe desgraçado

- É, eu pensei o mesmo.

Deixei Dante em seu apartamento e dirigi para minha casa. Tanta coisa pra resolver, minha cabeça estava  cheia. Vê Kenzie sorrindo com outro me fazia tremer de raiva. Mas eu me tranquilizava em saber que logo isso ia mudar.

Eu tinha que distrair a cabeça. Precisava bater, suar, fuder, fuder forte até meu corpo aliviar a tensão.

Dois toques na tela do celular e o número gravado começa a chamar.

- Estou indo casa. Quero você lá em dez minutos.

Ela estava familiarizada com a natureza desses encontros, responde com um entendimento rápido.

- Estarei lá

Acorrentado Where stories live. Discover now