Capítulo 10

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Leia os avisos ao final!!!!

Será que se nós, seres humanos, animais racionais, às vezes irracionais, pudéssemos enxergar mais, poderíamos apreciar a beleza ao nosso redor? E se, mesmo que por alguns segundos, deixássemos de lado a miséria, a fome, as guerras, a violência e a...

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Será que se nós, seres humanos, animais racionais, às vezes irracionais, pudéssemos enxergar mais, poderíamos apreciar a beleza ao nosso redor? E se, mesmo que por alguns segundos, deixássemos de lado a miséria, a fome, as guerras, a violência e a sensação de vazio, apenas para podermos romantizar, por breves momentos, a nossa existência tão irrelevante no universo? Se toda a dor, os sonhos incansáveis, as mentiras, a autossabotagem e os desejos de tirar a própria vida fossem temporariamente deixados de lado, será que poderíamos enxergar a verdadeira beleza? Ela emergiria do ocultismo dos nossos olhos?

Teoricamente, poderíamos perceber que todos os humanos são apenas meros grãos de areia, e aceitaríamos isso. Seria lindo viver sem a preocupação ou a necessidade de ser importante ou deixar uma marca no mundo. Nem todos nascem para tal destino. Nem todos conseguem descobrir um novo elemento na tabela periódica ou encontrar a cura para uma doença. Nem todos os seres humanos são fadados a realizar feitos grandiosos, e está tudo bem. Durante esses breves momentos, o peso de todo esse fardo seria retirado dos nossos ombros, e mesmo que por pouco tempo, a pureza encheria cada ser vazio, transbordando em alguns.

Às vezes, carregamos pesos que não são nossos. No entanto, estamos tão acostumados com eles que deixar que se afundem no Rio do Esquecimento se torna doloroso. Lembrar pode ser uma dádiva, mas para muitos, essas lembranças são seu próprio purgatório. Quanto piores as lembranças, mais nos agarramos a elas. Não há morte pior do que se matar enquanto se lamenta o passado, revivendo-o inúmeras vezes em nossas mentes, como um ciclo vicioso. Nós nos culpamos, mesmo sem ter culpa.

Zadie sabia que estava presa em um ciclo vicioso, mas era incapaz de se libertar. Ela sentia medo dessa realidade. Sentada naquela plataforma, ela admitiu para si mesma que sentiu inveja de Nirar. Não conseguia compreender como alguém que havia passado por tantas dificuldades pudesse transmitir tamanha serenidade. A humana sentiu inveja da paz interior que Nirar “demonstrava”. Ela também desejava fortemente sair do ciclo tóxico em que vivia consigo mesma. Queria ser capaz de deitar e dormir uma noite inteira sem ser atormentada por pesadelos estranhos. Desejava que seus pais pudessem descansar em paz. Acima de tudo, ansiava pelo silêncio em sua mente, sem vozes ou pensamentos intrusivos que não lhe pertenciam.

Zadie apertou suas mãos, cravando as unhas em suas palmas com força. Uma expressão de desconforto se mostrou em seu rosto. Uma brisa passou por elas, arrepiando sua pele úmida. Ela mordeu os lábios, sua língua coçou com a pergunta que lhe subiu pela garganta.

— Como você... — Zadie respirou fundo.— Como você consegue? Existe algo que possa...

Ela abaixou a cabeça, apertando os olhos que ardiam. Nirar a encarou, virando seu rosto para contemplar a paisagem, suspirando calmamente. A rosada sabia que essa pergunta iria levá-los a um lugar delicado.

— Não, isso não existe. O que realmente existe é apenas a nossa vontade.

A humana balançou a cabeça, com uma negação enfática. Uma mistura de raiva começou a crescer dentro de Zadie, direcionada à rosada.

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