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Chapter 1
*Vai ser uma shortfic com capitulos longos e como sempre gosto de brincar com os personagens e suas personalidades.
Por enquanto é isso ... Enquanto Wei Wuxian demônio não volta vou colocar essa história....


SINOPSE
Wang Yibo não e um cara  legal. Como Rei  do Baile e Capitão do Esquadrão de Torcida, ele governou sua escola sem piedade, olhando com desprezo para todos que considerava indignos. O mais indigno de todos? A “aberração”, Xiao Zhan: sua vítima favorita. Mas muita coisa muda depois do ensino médio.
Uma aberração como ele nunca deveria ter acabado na mesma festa de Halloween que Yibo. Ele nunca deveria ter sido capaz de vencê-lo em um jogo de bebida ou desafio. Zhan  nunca deveria ter sido capaz de humilhá-lo na frente de todos.
Perder o jogo significa aceitar o desafio: o desafio de servir Xiao Zhan a noite inteira como seu  escravo. É um desafio que o orgulho de Yibo – e a curiosidade – não o deixam recusar. O que se segue é um jogo sombrio de prazer e dor, medo e desejo.
É apenas um jogo?
Apenas vingança?
Apenas um desafio?
Ou é algo mais?
“AVISO: Contém gatilhos: humilhação erótica, jogo de medo, jogo de dor, jogo de faca, não-consentimento consensual (CNC), adoração de botas, jogo de surra/impacto, palhaços/trajes de palhaço, cuspe, escravidão, jogo público, sexo grupal.”
🔞🔞🔞🔞🔞
BDSM
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      Chapter 1
PARTE I

The Game


Muitas coisas mudam depois do Ensino Médio. Alunos nota dez se tornam vagabundos, nerds tímidos de repente estão casados e com filhos, caras que juraram que se tornariam atletas profissionais, ao invés disso, entram para o exército. As pessoas tomam todos os tipos de decisões estranhas quando se tornam adultas – como Hu Yitian, por exemplo, que decidiu começar a convidar aberrações para suas festas.
Era fim de outubro, fim de semana de Halloween, para ser exato. A noite estava fria, uma brisa congelante chicoteava folhagens douradas pelas tranquilas ruas do subúrbio. O condomínio de Yitian era cercado, sendo necessário se apresentar no portão antes de poder entrar com o carro.
Uma lista de convidados havia sido deixada com o guarda, e ele meticulosamente a checava enquanto eu exibia minha identidade.
- Wang Yibo, é? – ele disse, batucando repetidamente com a caneta na prancheta. Dei um sorriso tenso e impaciente, e olhei para a fila de carros que havia começado a se formar atrás de nós. Yitian era conhecido por suas festas enormes; dúzias, senão centenas de convidados iriam encher a casa, piscina e o espaçoso quintal dos seus pais. Essa era uma coisa que não havia mudado depois do Ensino Médio: nenhum de nós parou de farrear.
- E você é...? – o guarda olhou para o passageiro do meu BMW atrás de mim, meu melhor amigo desde o primeiro ano.
- Dylan Wang – disse, olhando para seu celular enquanto digitava. – Você, tipo... precisa do meu documento ou alguma coisa?
- Não, não, tudo bem. Os senhores estão indo a uma festa de Dia das Bruxas? – podia sentir os olhos do guarda se demorando pelo meu corpo, pelo menos o que conseguia ver dele pela janela. Tanto Dylan como eu havíamos nos vestido como anjos – anjinhos safados e sensuais. Meus piercings nos meus mamilos visíveis através dos adesivos que colei por baixo da tira que sustentava as asas e uma Boxer branca rendada.Nossas asas de anjo eram pequenas, feitas com penas brancas, pregadas na parte de trás das tiras .
Estava ficando bem cansado desse velho pervertido tentando ficar de conversinha. Não havia dúvidas de que já tinha visto nossos nomes na lista e só estava tentando nos fazer conversar com ele.
Olhei impacientemente para trás quando mais um carro parou na fila. A caminhonete atrás de nós sacudia barulhenta, o motor emitindo um zumbido incessante que era um absoluto inferno para os meus ouvidos. Alguma coisa sobre aquele monstro velho parecia familiar...
Então, olhando pelo retrovisor, vi a imagem do cara dirigindo e, de imediato me lembrei de onde já tinha visto a caminhonete antes.
- O merda do Xiao Zhan está atrás da gente! – soltei, assim que o guarda finalmente nos deixou passar. Dylan imediatamente ergueu o rosto do celular, virou, e se esticou no banco para olhar para dentro do veículo enquanto o deixávamos para trás no portão.
- Você só pode estar de brincadeira – ele disse - tem certeza? Não consigo ver nada com a luz dos faróis.
- Eu vi ele. Essa é a caminhonete de merda que dirige há anos.
- Você não... você não acha... – Dylan voltou a sentar no banco, me olhando com seriedade. – Você não acha que o Yitian convidou ele, acha?
- Meu Deus, de jeito nenhum – Fiz uma careta de nojo. – Ele não convidaria aquele esquisito. Não depois do que aconteceu.
- Lembra, o Yitian estava naquele rolê de “aceitação a todos” desde que cursou aquela aula de Filosofia – Dylan disse em tom de aviso. – E não é como se Xiao Zhan morasse aqui. Por que mais estaria nesse condomínio?
Neguei com a cabeça.
- De jeito nenhum os parâmetros de convite do Yitian caíram tanto assim. Literalmente todo mundo do Ensino Médio morre de medo do Xiao Zhan – exceto talvez -, o grupinho esquisito de amigos dele. Ninguém esquece o menino que quase esfaqueou alguém, mesmo que já tenha passado mais de um ano.
Dylan cruzou os braços tremendo um pouco e eu acelerei, deixando a velha caminhonete para trás. Todas as casas no condomínio eram imensas, situadas em largos gramados atrás de altos portões de ferro forjado, orladas por álamos selvagens que vestiam as cores fortes do outono.
Podia ouvir a música antes de virar a esquina da rua de Yitian, uma pulsante batida eletrônica. Carros se enfileiravam pela calçada, mas consegui encontrar uma vaga a uma curta caminhada de distância.
- Entãoo, tipo, sem querer trazer momentos vergonhosos à tona – Dylan falou devagar, estourando uma bola de chiclete antes de continuar -, mas você e Xiao Zhan não tiveram, tipo, um caso?
Suspirei pesado. Por que ele precisava desenterrar isso?
- A gente se pegou no banheiro uma vez, mas isso não é um caso. – Ele ergueu as sobrancelhas para mim, cético.
- Não é um caso!
Ele fez uma cara feia.
- Quero dizer... o Bin achou que era um caso.
Debochei.
- Bin e eu nem estávamos juntos. A gente só terminava e voltava no último ano.
- Okaaaay, mas vocês estavam juntos ou separados?
- Aparentemente o Bin achou que estávamos juntos – Revirei os olhos e continuei: - Por isso foi tão babaca a respeito.
- É, mas quero dizer, o Xiao Zhan puxou uma faca pra ele. Que tipo de aberração leva uma faca pro ensino médio?
O tipo de aberração que antecipou a raiva do meu ex e se preparou para ela. Yu Bin sempre foi um babaca com Xiao Zhan – ele era um babaca com todo mundo, mas, especialmente com Xiao Zhan .

Era a vítima perfeita: quieto, cabeça baixa, normalmente vestido de preto, com uma jaqueta jeans coberta por patches. Xiao Zhan andava com a turma gótica, com os skatistas, até com os meninos fãs de anime.

De alguma forma conseguiu colocar os pés em todos os grupos rejeitados possíveis. Era um bom saco de pancadas para o Bin, especialmente depois que este percebeu que Xiao Zhan e eu... tínhamos...
Não um caso, não. Mas por mais que eu provocasse Xiao Zhan – eu líder de torcida esnobe que era – Xiao Zhan me provocava de volta.
Tínhamos o azar de nossos armários serem lado a lado, então não tinha como evitar sua cara irritante. Havia dias em que nós nos cutucávamos mutuamente nos corredores o caminho todo até à aula, xingando, insultando, rindo...
Não tinha muita certeza se era normal desenvolver um crush no meu nêmesis, mas uma coisa levou a outra e... e aí, Bin descobriu que de fato beijei Xiao Zhan . Era suicídio social para mim, mas foi um jeito excelente de irritar meu ex.
Yu Bin e dois amigos encurralaram Xiao Zhan no banheiro masculino. Eles planejaram espancá-lo – Bin disse alguma merda sobre “defender minha honra”. Mas Xiao Zhan veio preparado.
Ele devia saber no que estava se metendo quando me beijou: eu era ex de Yu Bin, capitão dos líderes de torcida, um dos garotos mais populares da escola. Puxei Xiao Zhan para dentro do banheiro, quatro dias depois do término com YuBin, e dei uns amassos nele encostado na parede fria de ladrilhos.
- Você sabe que foi só pra deixar o Xue bravo, de qualquer forma -disse rispidamente,o olhandol pelo espelho da viseira. – Odiava aquele garoto. E lembre-se, Yu Bin tinha me dado um pé por causa do JiLi! É claro que tinha que irritá-lo.
- É, bem, funcionou – Dylan deu de ombros.
- Ele ficou bravo, vocês voltaram, e aí terminaram de novo assim que se formaram, de qualquer jeito. – Dylan revirou os olhos. – Você deveria ter escolhido outra pessoa pra irritar ele. Xiao Zhan parece que curtia, tipo, matar animaizinhos. O grupinho todo dele sempre me apavorou. Aquele cara, o ZhuoCheng costumava falar que era a porra de um satanista...
Parei de ouvir enquanto ele continuava. Disse coisas piores sobre Xiao Zhan na cara dele, coisas piores para todos os seus amigos; mas quando outra pessoa as dizia, isso me irritava de um jeito que não conseguia entender totalmente.
Afastei esses pensamentos. Aquilo era passado: drama petulante de ensino médio. Era melhor não ficar me aprofundando nisso. Alcancei o banco de trás para pegar minha bolsa, Dylan abruptamente agarrou meu braço.
- O Xiao Zhan tá na nossa frente – murmurou.
Ergui o olhar lentamente. A caminhonete grande havia parado para estacionar na nossa frente. Ai meu Deus. Não... não, ele não podia mesmo estar aqui pela festa...
A porta do veículo abriu. Ele era um cara alto e magro, parecia ainda mais alto em seus jeans rasgados e coturnos de couro. Vestia uma camiseta preta e algum tipo de arreio de metal e couro com três fivelas prateadas cruzando seu peito. Tinha um moicano no ensino médio, mas agora seu curto cabelo preto estava penteado para trás. Tinha ganhado um pouco de músculo desde a última vez que o vira. Não tinha um porte atlético, mas seus bíceps esticavam as mangas de sua camiseta e seu peitoral estava apertado sob o arreio de couro.
Quando pulou para fora da caminhonete e bateu a porta para fechar, cuidadosamente colocou uma boina de policial feita de vinil brilhante em sua cabeça.
- Ai meu Deus, olha pra baixo, olha pra baixo, olha pra baixo!
Dylan tentou me avisar, mas era tarde demais pra mim. Xiao Zhan caminhou pelo nosso carro e travou o olhar com o meu, me deixando congelado no banco. Usava uma lente de contato branca, dando uma aparência excêntrica a seu rosto, seu outro olho preto em contraste. Engoli em seco enquanto ele passava, incapaz de desviar o olhar, incapaz de piscar.
Ele sorriu para mim – um sorriso lento, perspicaz – e então sumiu, descendo a calçada em direção à festa. Soltei o ar, relaxando no meu banco. Talvez nem tenha me reconhecido. Talvez sequer lembre de mim.
Ah, tá bom. Depois daquele sorriso? Ah, ele se lembrava de tudo.
E eu também.
Aquele sorriso me levou de volta no tempo, conjurando a imagem do rosto de Xiao Zhan enquanto era escoltado para o escritório do diretor. Sabia o que Bin iria fazer, e tentei avisar Xiao Zhan no dia anterior. Disse para não ir à escola; ele foi mesmo assim. Quando todos os meninos foram, finalmente, arrastados para fora do banheiro, Xiao Zhan foi o único levado embora pelos guardas do campus. Tinha um hematoma roxo enorme na bochecha, uma gota de sangue escorrendo pelo queixo de um corte no lábio, olhou diretamente pra mim enquanto passava, e sorriu.
Nunca consegui interpretar o significado daquilo. Um aviso? Uma ameaça? Uma promessa? Não o vi de novo desde aquele dia. O último ano seguiu em frente, a formatura chegou, Xiao Zhan nunca mais voltou a escola.
Eu me senti estranho pensando nisso, assim como me senti quando assisti Bin entrar no banheiro para atacá-lo: uma culpa fervente que não era suficiente pra desenraizar meus pés ou soltar minha língua para chamar alguém para ajudar.
Quando eles levaram Xiao Zhan embora... havia algo assustador na sua aparência. Ele não sentiu medo. Veio naquele dia sabendo o que aconteceria, e sacou uma faca contra o YuBin de um metro e noventa e dois e seus amigos atletas.
Quis beijá-lo de novo assim que o vi sendo escoltado para fora. Quis mandar uma mensagem quando descobri que foi expulso da escola. Quis ter dito que estava orgulhoso dele por ter se defendido, que Bin mereceu o susto, que não o culpava por levar a faca.
Nunca fiz nada disso. Tinha uma reputação a manter e Xiao Zhan não se encaixava nela.
- Que. Cara. Esquisito. – Dylan falou, abrindo a porta – vamos evitar ele como se fosse uma praga. Espero que seja chutado para fora.
- Espero – murmurei, enquanto calçava s sapatos . Vi meu reflexo pela janela do carro e sorri. Amava fazer uma entrada marcante.
O caminho até a casa estava decorado com abóboras, iluminadas com velas tremeluzindo dentro de seus rostos que sorriam largamente. Esqueletos de plástico pendurados nos pilares que ladeavam as portas de entrada da casa, túmulos falsos lotavam o gramado da frente. O baixo estrondoso de um DJ ao vivo ressoava no meu peito, tocando Not in Love do Crystal Castles quando apertei a campainha. Levou só alguns segundos até uma mulher de meia idade com cabelo loiro oxigenado e um copo de sangria abrir a porta bruscamente.
- Ai meu Deeeeeeeeus, Yibooooooo! – ela berrou, me envolvendo em um abraço apertado que me amassou contra seus peitos falsos – e Dylan, ai meu Deus, bem-vindos, senhores!
- Oi, dona Hu – Sorri, enquanto entrávamos. A Sra.Hu era a definição literal de “mãe legal” – sempre estava presente nas festas do filho, rindo, dançando e bebendo. Ela era um desses pais que não parecem muito que são pais -, mas de vez em quando soltava alguma pérola de sabedoria que só poderia ter vindo de décadas de experiência nesse planeta.
As claras paredes cor de creme e a mesa decorativa de mogno no hall de entrada estavam cobertas com teias de aranha de mentira, e as lâmpadas do lustre acima de nós, trocadas por luz escuras. Bonecos realistas de zumbis estavam enfiados nos cantos e nos encaravam na entrada. A casa estava lotada, como esperava. Havia dúzias de pessoas conhecidas – algumas amigáveis, outras não. Ser o capitão dos líderes de torcida e namorar a estrela do time de futebol me rendera muitos inimigos, até mesmo depois da formatura. Também não havia sido a pessoa mais simpática da escola, mas que seja. O passado era passado.
Dylan e eu nos servimos de bebidas e passeamos pela festa, encontrando amigos e ficando de conversa fiada, admirando a decoração sinistra da casa. Yitian sempre se esforçava com as decorações das suas festas. A sangria era servida em um caldeirão de bruxa gigante, a pastinha de queijo tinha sido moldada no formato de um cérebro e, até os aperitivos pareciam com aranhas repugnantes e dedos decepados.
Do lado de fora, as pessoas mergulhavam na piscina aquecida e jogavam jogos de bebidas nas muitas mesas que haviam sido posicionadas para hospedar beer pong e Círculo da Morte. O DJ tocava no gazebo coberto por teias de aranha, vestindo um traje vermelho brilhante e chifrinhos de diabo.
O quintal era grande, coberto com grama, com fileiras de arbustos enfeitando o muro de pedra que o cercava. Do outro lado do muro os álamos que cercavam a totalidade de nossa cidade estavam pálidos como fantasmas à noite, suas folhas amarelas tremendo com a brisa.
Encontramos Yitian perto das mesas de beer pong, virando uma cerveja antes de pular – completamente vestido – na piscina. Mas não estava bebendo sozinho. Estava bebendo ao lado de ninguém menos que Xiao Zhan , que jogou para o lado sua lata de cerveja vazia e riu quando Yitian mergulhou.
Eu me senti como se tivesse entrado no Vale da Estranheza. Estive um pouco ausente desde que comecei a faculdade, mas estava tudo errado aqui. Por que diabos Xiao Zhan estava bebendo com Yitian? Por que estava cercado de pessoas que não olhavam duas vezes na sua direção no ensino médio? Por que...
- Por que ele está te encarando? – Dylan disse, segurando o copo na frente da boca para disfarçar os lábios. Estava certo: os olhos de Xiao Zhan pousavam em mim e ele ainda não tinha parado de encarar. Havia reconhecimento em seu olhar, e me perguntei qual memória lhe despertei primeiro. Era eu olhando para ele em silêncio enquanto andava pelos corredores de mãos dadas com Bin? Ou era do meu rosto a centímetros do dele antes de nos beijarmos, enquanto eu sussurrava “promete não contar pra ninguém?”.
Com uma súbita dor aguda no peito, me perguntei se me odiava. Não que me importasse em receber a aprovação de um esquisito como ele, mas o jeito que me olhava não parecia conter ódio. Parecia intrigado, seus olhos se demorando pelo meu rosto e, então, descendo pelo meu corpo. É claro que ia encarar. Todo mundo me encarava. Mas lá estava ela de novo: aquela culpa incômoda, suas raízes apertando meus pulmões.
Afinal, ficamos e imediatamente depois voltei com o cara que fazia bullying com ele desde o primeiro ano. Eu tirava sarro sem folga, espalhava rumores sobre ele, ria da cara dele, fiz de sua vida e dos seus amigos um inferno. Se isso não fazia de mim um escroto, não sei o que faria.
- Oi-oi, senhores, bem-vindos! – Yitian correu até nós, ensopado da piscina, nos oferecendo a mão para bater ao invés de abraços. O olhar de Xiao Zhan , finalmente, foi interrompido quando Yitian apertou sua mão amigavelmente e disse – Mandou bem, mano. Só não foi rápido o suficiente!
- Isso é estranho pra caralho – Dylan sussurrou – desde quando eles são amigos?
Dei de ombros, tentando não me demorar nesse tópico. Quanto mais pensava a respeito, e quanto mais olhava para Xiao Zhan , mais esquisito me sentia. E “esquisito” de forma alguma era um sentimento comum para mim.
Uma rodada de beer pong tinha acabado de terminar, então Dylan e eu avançamos para desafiar os vencedores. Sempre fui uma pessoa competitiva – quer fosse como líder de torcida ou jogando beer pong, odiava perder. Afundamos os copos do outro time rapidamente, os derrotando em minutos e aproveitando para ficarmos bem felizinhos no processo. Com o fim do jogo, percebi que uma pequena plateia havia se formado para nos assistir jogar. Xiao Zhan também estava assistindo. Me assistindo.
Nosso beijo tinha desaparecido no fundo da minha memória, assim como todas as nossas tensas interações, todas minhas palavras cruéis e olhares de escárnio. Enterrei tudo isso, empacotei todos como se pudessem ser esquecidos se fossem deixados no escuro tempo o suficiente. Mas não havia como esquecer. A presença dele era uma luz jogada no escuro, expondo tudo que tentei apagar.
O machucado sob seu olho depois que YuBin foi atrás dele; tantos machucados. Sempre carregava marcas. O sangue em seu lábio, mas nenhuma dessas merdas era culpa minha.
Tá bom, talvez algumas fossem culpa minha...
Tudo que fiz foi beijá-lo.
E ele me beijou de volta.
Passei muito tempo desde então tentando descobrir o porquê. Por que Xiao Zhan?
Não foi porque sua aparência quieta e taciturna sempre me assustou e, aquilo que me assustava era irresistível. Não foi porque por trás daquele exterior tímido, retraído, tinha certeza de que havia um animal deitado à espreita. Não foi porque seus lábios eram surpreendentemente suaves e quando o beijei, ele fechou a mão ao redor da minha garganta, e meu coração saltitou por um segundo.
Não. Não foi por causa de nada disso. De jeito nenhum. Era só porcaria petulante de ensino médio que era melhor esquecermos.
- Quem é o próximo? – Dylan riu, bebendo o resto do seu drinque. – Vamos lá, quem vai nos desafiar agora?
- Vou tentar.
Meu coração despencou até meus sapatos. Xiao Zhan avançou. Um olho branco e outro preto me encaravam de cima. Fazia ele parecer de fora desse mundo, um ser inumano saído diretamente de Hellraiser. Qual era a desse arreio, aliás? De que diabos ele supostamente estava fantasiado?
- Uhn, claro, tá – Dylan soou irritado – Quem é sua dupla?
Xiao Zhan deu de ombros.
- Só eu. Eu contra Yibo. – Apontou para mim. Foi uma luta evitar que meu queixo caísse. Escondi meu desconforto atrás da melhor cara de vadio desprezível que consegui.
- É, talvez você não tenha percebido, mas estamos jogando em duplas -disse devagar, com sarcasmo.
- Tem medo de perder se jogar sozinho? – A voz dele era provocadora, familiar. Era do mesmo jeito que falava comigo no ensino médio quando retrucava minhas provocações.
Só que agora sua voz estava mais firme. Era quase pretensioso na forma como se portava, seus maneirismos, seu tom de voz.
Merda, ele sabia como me abalar.
Eu ri:
- Ah, querido, não. Mais provável que eu fique entediado com a facilidade com que vou derrotar você.
- Acho que você aceitou o desafio, então – declarou, quicando a bolinha branca na mesa.

- Quero dizer, afinal é uma vitória fácil pra você, certo?
Apertei a mandíbula. Queria retrucar com algo rude, mas Yitian nos interrompeu:
- Opa, gente, se vocês vão jogar um contra um, vamos deixar isso mais interessante! – Veio até à mesa, canetinha na mão, e começou a escrever nos copos: uma única palavra em alguns e nada nos outros. Enquanto escrevia em um mais perto de mim, vislumbrei o que dizia: DESAFIO.
- Bebida ou desafio! – disse animado. – As mesmas regras da casa, só que se você acertar um dos copos com “desafio” do oponente, ele tem a opção de realizar seu desafio ao invés de perder o copo. – Sorriu com malícia.
– Qualquer desafio que vocês quiserem. Sem limites.
O público começou a comemorar e então cantar: - Bebida ou desafio! Bebida ou desafio! Bebida ou desafio!
Era exatamente o tipo de espetáculo que um bando de universitários bêbados amaria – e com tantos olhos em mim, não sobreviveria se desse para trás.
- Tá bom – disse, pegando minha bola.
– Espero que você esteja pronto pra ser humilhado, Xiao Zhan . Ah, espera... você já tá acostumado a ser humilhado, não tá?
O público gargalhou. Eles sabiam exatamente do que eu estava falando. Todos sabiam. Xiao Zhan podia ter conseguido fazer amizade com Yitian, mas isso não significava que todo mundo tinha esquecido suas origens.
Xiao Zhan apenas sorriu quando nos olhamos nos olhos.
- Então você lembra meu nome. Estou lisonjeado, Yibo. O Senhor Popular lembra quem sou, uau! – A voz pingava sarcasmo. Ele se preparou, e disse: - Acho que eu beijava tão bem que você não consegue esquecer meu nome.
Menos gente sabia sobre isso. Bem menos. Mas ainda teve uns murmúrios e suspiros de “caralho”. Estremeci, instantaneamente irritado enquanto meu rosto corava. O sorriso no dele era desconcertante – tão desconcertante que errei o copo e perdi o contato visual. Xinguei baixinho. Não podia deixar ele me abalar.
- Como está o Bin, Yibo? – perguntou, enquanto preparava sua primeira jogada.
- Não saberia dizer – disse rispidamente.
– Não estamos juntos.
- Aww, que pena. Os reis do baile não tiveram seu Felizes Para Sempre. Que mundo mais triste. É chocante, sinceramente.

- A bolinha dele voou e afundou – com sorte não em um copo com desafio. Não sabia quais tipos de desafio ele poderia inventar, mas não queria descobrir. Engoli a cerveja barata e coloquei o copo de lado.
- Estou surpreso em te ver aqui, Xiao Zhan . – disse, mirando – não sabia que Yitian também estava convidando cachorros.
Mais risada, até de Xiao Zhan . As palavras ricochetearam dele como bolinhas de pingue-pongue. Essa coreografia era familiar. Quanto mais retrucávamos um ao outro, mais meu coração acelerava.
- Todo mundo gosta de cachorros – disse, se inclinando por trás dos copos de forma que, enquanto eu mirava, era obrigada a olhar em seus olhos. Estava distrativo pra caralho – e perturbador – com aquela única lente branca -, e quem não gosta, bem... só idiotas chutam um cachorro e esperam não serem mordidos.
- Você ainda carrega facas por aí? – tentei soar condescendente, mas minha voz saiu esganiçada.
- Sempre – tão sério que sabia que não estava mentindo. Minha mão tremeu e a bola voou – e acertou! Um copo com desafio! Cruzei meus braços vitoriosamente.
- Qual é seu desafio, Senhor Yibo? – disse, olhando pensativamente para o copo. – Talvez até aceite.
O público gritava sugestões, do mundano ao completamente repulsivo. Então Dylan se inclinou para frente e sussurrou no meu ouvido, e sorri maliciosamente.
- Eu te desafio a ir lá dentro, enfiar sua cabeça na privada, e dar descarga -disse com meiguice. O sorriso dele, aquele sorriso ah-tão-convencido, vacilou um pouco.

- Você já tem muita prática com isso, certo?
Por um segundo, achei que ia mesmo fazer aquilo. Ao invés disso, ele virou o copo e colocou de lado. De qualquer forma, ainda consegui o efeito que pretendia: ele perdeu o sorrisinho pretensioso.
- Ah, Yibo – Balançou a cabeça. – Yibo, Yibo, Yibo. Você não sabe que era pra ter crescido depois do ensino médio? Somos todos adultos aqui. – Atirou a bolinha e acertou. Um desafio para mim também.
- Mas acho que alguns de nós realmente vivemos nosso auge na escola.
- Qual é seu desafio? – soltei. De jeito nenhum perderia esse jogo. Faria qualquer desafio que me desse.
Ele nem mesmo hesitou. Só estava esperando pela oportunidade para dizer.
- Beije minhas botas.
As pessoas ofegaram, riram, hesitaram e assobiaram. Dylan fez um barulho horrorizado atrás de mim. Franzi a testa.
- Então... o que... só um beijinho?
- Ah, não, não, não – Ele riu, dando a volta pelo lado da mesa para que eu pudesse vê-lo completamente, botas e tudo. – Eu te desafio a ficar de joelhos, abaixar seu rosto no chão e beijar minhas botas por sessenta segundos.

Minha expressão horrorizada trouxe de volta aquele sorrisinho convencido dele.
- Ou você pode ser um bundão e beber.
- Belas palavras de alguém que acabou de recusar o próprio desafio – disparei de volta. Mas não se abalou.
- Sim ou não, Yibo- disse. Agora a plateia estava interessada. É claro que eles queriam me ver fazer isso, os imbecis pervertidos. De todas as coisas que ele podia escolher, foi logo para algo humilhante – não que eu tivesse feito diferente. Passei a mão no cabelo colocando para trás, determinado em não deixar ele me ver incomodado.
- Ótimo. Sessenta segundos.
O público explodiu em comemorações. Dylan murmurava protestos atrás de mim, surpreso que eu realmente iria fazer aquilo. Andei ao redor da mesa, coração batendo forte enquanto Xiao Zhan estava parado na minha frente de braços cruzados. Quando me aproximei, lembrei como ele era alto. Conseguia olhar de cima para mim mesmo , e quando afundei na grama até os meus joelhos, ele pairou sobre mim como um espectro de olhos mortos.
Olhei para cima, Xiao Zhan deu um sorrisinho pretensioso para baixo.
- Você é bem mais bonito de joelhos, Yibo – disse baixo, tão baixo que acho que ninguém mais ouviu por cima da música.
- Desfrutando da sua vingança? – falei entredentes.
Ele riu, balançando a cabeça.
- É só um desafio, Yibo. É um jogo.
....
Não era só um jogo. Era mais do que isso. Era a retribuição por cada vez que ri dele, cada vez que falei dele pelas costas. Retribuição por aquele beijo que fez com que fosse agredido e expulso.
Não ia deixá-lo me ver corar, mas o calor no meu rosto se tornou um incêndio, atingindo cada centímetro da minha pele. Tinha certeza de que até os dedos dos meus pés estavam corados. Abaixei a cabeça, inclinando para baixo, com a bunda para cima., e o ar frio da noite roçou minha bunda. Explodiram aplausos, assobios e assédios – já que eu estava recebendo toda a atenção, percebi que pelo menos estava gostoso.
Faria Xiao Zhan desejar que pudesse ter mais de mim.
As botas dele brilhavam, como se tivessem acabado de ser engraxadas. O couro estava gasto, com rachaduras e marcas ao redor do tornozelo e onde os cadarços tinham sido apertados. Quando me aproximei pude sentir o cheiro do próprio couro, forte e ligeiramente doce. O odor entrou pelas minhas narinas e despertou algo em mim, um sentimento estranho que não conseguia nomear direito. Inspirei de novo, profundamente, enchendo minha cabeça com o cheiro.
Beijei a ponta da bota, provocando mais comemorações da plateia. O couro estava macio sob meus lábios. Beijei de novo, então me mexi e beijei a outra. Sessenta segundos. Apenas sessenta segundos... acabaria rápido, certo? Encostei meus lábios nela levemente, mesmo assim meu brilho labial transparente deixou para trás a marca dos meus beijos. As marcas ficariam ali, provavelmente pelo restante da noite, um lembrete constante do que tinha feito. A posição que havia escolhido estava fazendo minha cueca justa apertar ainda mais minhas partes íntimas, eu estava súbito e horrivelmente consciente de que estava tendo uma reação que não havia previsto.
Estava ficando duro. Meu pau estava tão quente que devia estar corando também.
Merda, merda, merda! Claro que ia aparecer pela cueca, mas a ideia de que alguém pudesse ver uma ereção enquanto estava nessa posição humilhante fez com que meu rubor esfriasse em horror.
Por que isso estava me deixando excitado?
Subi beijando, até alcançar a curva do seu tornozelo. Beijei ali também, onde o couro estava gasto. Imaginei como seria passar minha língua por ali, sentir a textura do couro, saboreá-lo, só uma vez.
Foi o minuto mais longo da minha vida.
Nunca tinha feito algo tão descaradamente degradante. Esperava sentir meu desconcerto aumentar e se acomodar na minha barriga, se retorcer como comida estragada e me deixar doente. Ao invés disso, o constrangimento estava se tornando desejo, e subitamente estava imaginando Xiao Zhan empurrando meu rosto para baixo com a sola da sua bota. Estava imaginando-o me esmagando na grama, rindo de mim, me chamando de vagabundo sujo por ousar gostar disso...
- Sessenta segundos! – Yitian gritou o tempo ao som de mais aplausos e assovios. Eu me levantei, tonto, e me virei o mais rápido que consegui. Não queria ver o rosto vitorioso e cheio de si de Xiao Zhan .
Voltei para meu lado da mesa, de queixo erguido, e arrumei meus cabelos, tentando agir como se nada fora do comum tivesse acontecido. Dylan estava me olhando de olhos arregalados.
- Foi tão ruim assim? – sussurrou, pegando a bebida que ela me oferecia e mandando o álcool garganta abaixo.
- Bom... quer dizer... foi, é...

Dylan deu de ombros, deixando pra lá. – Foi só um desafio. E você estava gostoso pra caralho nele. Mas garoto... você tá muito corado.
Assenti rapidamente. Se pudesse mandar meu rubor embora por força de vontade, mandaria. Ao invés disso, ele ficou, minha própria letra escarlate marcada em cada centímetro de mim.
Controlando minha respiração, eu me voltei para meu oponente.
- Tá sorrindo desse jeito por que, porra? – exigi. Xiao Zhan parecia satisfeito. Muito satisfeito.
- Valeu a pena não perder seu copo? – disse.

Preparei minha mira.
- Claro que sim. Não tenho planos de perder, Xiao Zhan . – Afundei um copo dele e ele bebeu de novo, mas já tinha reivindicado uma vitória e nós dois sabíamos disso.
Acertamos copos, de um lado para o outro. Ele cumpriu seu próximo desafio, bebendo sem esforço um shot de ovo cru quando minha esperança era vê-lo se engasgando. Ele tirou mais copos meus, dos que não tinham desafios, então bebi. Era só cerveja barata, então minha embriaguez estava sutil quando só sobraram quatro dos meus copos.
- Parece que você pode perder, Yibo – Xiao Zhan riu, balançando a cabeça. – A não ser que você goste muito de cumprir desafios.
- Nunca perco – disse, minha voz cheia de falsa doçura. Enquanto estava distraído com as provocações, ele quicou a bolinha e acertou, e a plateia ofegou com o meu azar. Dois copos de uma vez, ambos desafios. Suspirei, fechando meus olhos para disfarçar a frustração.
- Só me dá o desafio logo – resmunguei, certo de que Xiao Zhan inventaria algo maligno. Alguém lhe entregou uma bebida da qual ele tomou um longo gole, e ver essa camaradagem me deu nos nervos. Por que as pessoas gostavam dele? Por que todo mundo de repente decidiu ser legal com a aberração?
- É por dois copos – avisou. – Você sabe que vai ser difícil.
- Você não me assusta, Xiao Zhan .
Mentira – me assustava sim. Com um olho branco, aquele sorriso confiante, e a marca dos meus beijos em suas botas, ele parecia acumular todo o poder. Pior ainda, cada vez que olhava para ele e o encontrava me olhando me volta, sentia um calor invadir minha barriga e arrepios na minha espinha.
Ele estava me deixando excitado. Só parado ali já estava me deixando excitado, e isso me assustava.
- Gostei dessa boxer que você está usando – disse contemplativo, andando um pouco como se estivesse refletindo. Meu estômago deu um nó.
- Vi enquanto você estava de joelhos. Uma escolha bem fofa pra usar .

Revirei meus olhos. Não estava com vergonha da plateia ter visto minha roupa ; sempre gostei de me exibir, sabendo que as pessoas me desejavam, mas não podiam me ter. Mas tinha a impressão de saber o que Xiao Zhan me desafaria a fazer e já não estava gostando.
- Tira sua Boxer e fica com a cueca que você está usando por baixo – disse -, e dê para mim.
Comemorações e assovios soaram imediatamente. Nós havíamos atraído um público considerável. Garotos e meninas da minha equipe de líderes de torcida antiga estavam ali, gente que conhecia há anos. Todos assistindo, aguardando, bebericando suas bebidas.
Se hesitasse demais, pensaria demais. Não ia perder, não para Xiao Zhan . Coloquei as mãos  e abaixei a boxer. Enquanto fazia isso, podia sentir meu tesão se agarrando ao tecido. Até mesmo com uma olhada rápida, notei que havia uma marca de molhado no pano que trairia toda minha postura orgulhosa no instante em que ele olhasse para ela.
Alguém berrou em aprovação. Celulares estavam erguidos, filmando. Isso estaria em todas as redes sociais de manhã. Mas vesti meu melhor sorriso sarcástico e rodei a boxer no dedo.
- É isso que você quer, Xiao Zhan ? -disse.
- Hmm?
Ele estendeu a mão em expectativa. Pretensioso pra porra, como se não fosse surpresa nenhuma para ele que eu tivesse aceitado o desafio, nenhuma surpresa de que estava dando exatamente o que ele queria. Antes que pudesse me convencer do contrário, enrolei a boxer numa bola e atirei, a jogando com agressividade ficando com uma cueca minúscula.
Ele pegou, deu um sorrisinho, e a estendeu entre dois dedos.
- Obrigado pelo troféu.
- Pervertido do caralho – tentei soar enojado, mas minha voz saiu muito aguda e trêmula para ser convincente. Para meu horror, assisti os olhos de Xiao Zhan pararem no forro e notarem o molhado. Quando seu olhar voltou para mim, havia fogo em seus olhos.
Eu me preparei, esperando que ele anunciasse para todos e jogasse mais lenha na fogueira da humilhação. Mas ele só socou a peça no bolso com um sorriso vitorioso.
- Sua vez – disse.
Ficar parado ali mais do que indecente se provou uma distração significativa no meu jogo. Cada brisa beijava minha pele mais exposta ainda e escorregava por cima de mim, gelada e arrepiante contra minha pele molhada. Sim, molhada. Vergonhosamente molhada. Tentei não pensar nisso, tentei não deixar minha mente divagar para a pontinha de tecido branco espiando para fora do bolso de Xiao Zhan .
Apertei uma perna contra a outra, preocupado que fosse escorrer pelas coxas. No momento em que deixei minha mente divagar para como tudo isso era vergonhoso, só piorou.
Qual era meu problema? Estava literalmente sendo humilhado na frente de amigos e estranhos, e estava gostando. Fui ao banheiro e literalmente tive que “esconder” meu pau, voltei para a festa e ele estava lá –

Xiao Zhan com certeza estava muito satisfeito consigo mesmo, podia ver estampado na cara dele. Me perguntei por quanto tempo ele pensou em me humilhar, se tinha fantasiado me fazer contorcer, deixar minhas bochechas coradas e minha voz trêmula. Me questionei se estava ficando excitado também.
Tirei mais um copo dele, e ele tirou mais dois meus. O Yitian já havia declarado a regra da casa de que se um desafio já tivesse sido cumprido para manter um copo, se fosse atingido novamente não poderia haver um segundo desafio. Como já tinha usado meu último desafio para salvar dois copos, esses dois rapidamente saíram da mesa.
A mira do Xiao Zhan era irritantemente boa. Ele tirou um terceiro copo de mim, e fechei meus punhos enquanto esperava pelo desafio. O que mais poderia me pedir?
Ele tirou minha cueca do bolso.
- Faça sua próxima jogada com isso na boca.
Suspiros de surpresa e uivos se ergueram dos que assistiam. Alguns enojados, alguns intrigados. Os celulares ainda estavam erguidos. Peguei o copo, virei, e joguei para o lado furioso.
- Vai se foder – Apontei o dedo para ele. – Vai. Se. Foder.
Xiao Zhan deu de ombros, e colocou minha peça de volta no bolso.
- Relaxa, Yibo. É só parte do jogo.
Parte de mim queria continuar gritando com ele. Mas estava perdendo e isso só me faria parecer pior. Virei aquele copo o mais rápido que pude porque senão... se me permitisse considerar o desafio dele por um segundo que fosse – talvez -, tivesse cumprido.
Eu me imaginei enfiando minha própria cueca na boca sob suas ordens, e então parado ali, babando e me engasgando na frente de todos. Fechei minhas pernas apertando com mais força. Talvez estivesse paranoico, mas tinha certeza de que Xiao Zhan sabia que isso estava me excitando: tinha um pouco de diversão demais no sorriso torto dele.
Eu só tinha um copo restante. Tirei mais um dos dele e então mais um. Ele só teria um copo restante se não cumprisse meu desafio, ficaríamos empatados. O jogo estava muito concorrido para eu ficar confortável. As pessoas gritavam sugestões obscenas de desafio, mas já sabia o que queria.
- Eu te desafio a me devolver minha cueca – disse entredentes. Ele me encarou cético.
- Tem certeza que não quer inventar alguma outra coisa? – disse.
Mas eu estava determinado.
- Não. Te desafio a me devolver.
Era um desafio frágil, no entanto, não suportava mais ficar parado ali me sentindo tão nu. Era muito desconcertante ver a peça despontando do seu bolso, e de jeito nenhum daria a ele a satisfação de levar minha cueca para casa.
Ele bebeu. Bebeu da merda do copo ao invés de devolver minha cueca, minha boca abriu escancarada.
- Sua vez – disse, sorrindo do meu choque. Mais gentilmente, mas não menos confiante, acrescentou:

- Você vai perder. Melhor acabar logo com isso.
Estávamos empatados. Não podia perder, não agora! Não depois de todos os sorrisinhos e expressões presunçosas dele; nunca sobreviveria à essa noite.
Cuidadosamente mirei, atirei – e errei. Olhei para Dylan atrás de mim, e o encontrei assistindo horrorizado, cobrindo a boca com a mão.
Xiao Zhan mirou. O público aguardava prendendo a respiração. Precisava de uma bebida, duas bebidas, um shot. Precisava da minha boxer de volta, porque não conseguia separar minhas pernas sem sentir a umidade e meu pau endurecendo do meu tesão.
A bolinha voou – e caiu sem esforço dentro do copo. Os espectadores torciam, certos de que a vitória era dele mesmo antes da minha jogada. Tentei me concentrar. Tentei ter calma e mirar cuidadosamente -, mas então Xiao Zhan abaixou a mão e brincou com a borda da cueca, acariciando o tecido com seus dedos. Errei a mira, errei feio.
Eu perdi.
Fechei bem os olhos, contendo um rugido de frustração. O Yitian bêbado ergueu Xiao Zhan num abraço de urso, o segurando no ar como se tivesse ganhado o campeonato nacional de futebol americano. As pessoas se aproximaram, o parabenizando pela vitória, erguendo seus celulares e reassistindo os vídeos que gravaram de mim ajoelhado. Droga, estava ferrado. Minha posição social tinha acabado de sofrer um pontapé. Comecei a marchar para longe, e Dylan de imediato se colocou do meu lado de forma tranquilizadora. Estava pronto para me perder na embriaguez e esquecer esse jogo idiota.
- Yibo! Yibo!
Eu me virei, mandíbula cerrada. Xiao Zhan gesticulava para eu voltar.
- Você ainda tem um desafio, Yibo.
Ele estava certo: meu último copo tinha “DESAFIO” escrito do lado. Mas que tipo de desafio ele me daria que potencialmente tiraria sua vitória? Seria horroroso, eu simplesmente sabia. Ele escolheria algo que seria obrigado a recusar.
- Ótimo. – Voltei devagar para a mesa, de braços cruzados. Não queria nem ouvir.
- O que é?
Ele pausou antes de responder, posso jurar que era só para me ver sofrer. Tentei ficar parado, mas o calor entre minhas pernas dificultava. Minha excitação deixava minhas coxas grudentas. O jeito que me olhava – como se eu fosse insignificante – fazia eu querer voltar a me curvar ajoelhado.
- Vou te dar mais uma chance – disse. – Se você conseguir acertar, vence, instantaneamente. Mas se não conseguir, e perder – você vai ter que ser meu escravo pelo resto da noite.
Meu coração batia forte, e disfarcei com ódio o quão intrigado estava.
- Que porra você quer dizer com isso? Seu escravo?
- Faz tudo que eu mandar, pelo resto da noite ou até você ir pra casa. Toda e qualquer ordem, você cumpre. Não vale me evitar. Se concordar, você fica pregado do meu lado.
Foda-se ele. Foda-se ele e o desafio estúpido dele. Foda-se essa gente e quão investidos eles estavam em me ver derrotado. E, foda-se meu pau por me trair o tempo todo e me deixar com tesão disso tudo. Tinha que recusar.
Alguma coisa em mim estava me dizendo que ia perder, que ia perder e ia gostar. Não podia nem mesmo me permitir considerar isso.
- O que aconteceu com seu espírito competitivo, Yibo? – Xiao Zhan fez beicinho de deboche enquanto eu lutava comigo mesmo. Uma destruição social em potencial – ou a chance de me redimir.

- Está intimidado? Com medinho de perder?
Eu peguei a bolinha. Fúria, curiosidade e tesão criavam uma mistura dentro de mim que fazia meu cérebro parecer uma geleia e ateava fogo na minha pele.
Tente, disse uma vozinha maldosa na minha cabeça. Sabe que não quer ganhar de verdade. Você quer cumprir esse desafio. Você quer ficar de joelhos para ele de novo.
Minhas mãos tremiam, o tempo ao meu redor estava desacelerando. A única coisa em foco era ele. Xiao Zhan com seu único olho branco, seu sorriso presunçoso, e as marcas dos meus lábios em suas botas. Xiao Zhan , aguardando e assistindo. Xiao Zhan que sabia que tinha vencido.
A música entrou pelos meus ouvidos, muito alta e abafada demais ao mesmo tempo. Tambores rufando e letras gritadas. Tentei me concentrar, mas nenhum tanto de concentração ou preparação me faria acertar essa jogada.
Minha bolinha caiu na grama. Dylan xingou alto atrás de mim e imediatamente me chamou:
- Vamos, Yibo, esquece isso!
Mas eu não podia. Xiao Zhan curvou o dedo, acenando para mim enquanto o próximo grupo de jogadores se reunia na mesa.
- Como se sente sendo uma fracassado? – disse suavemente, enquanto eu parava do seu lado, braços cruzados, me recusando a olhar em seus olhos.
Suas palavras se enterraram em mim, aquele tom condescendente deslizando viscosamente sobre minha pele. Ele me abateu. Realmente me abateu.
E a pior parte era que... eu gostei.
(...)
             

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