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Chapter 2

PARTE II

THE CHALLENGE

— Você vai fazer isso mesmo?
A festa estava rolando ao nosso redor. A próxima rodada de beer pong tinha começado, as pessoas afastando Xiao Zhan  e eu da mesa, então estávamos nas margens, no meio do público. O áudio do meu vídeo humilhante tocava repetidamente, seguido de risadas. Podia ouvir meu nome sendo murmurado, a fofoca já se espalhando.
Dylan estava impaciente atrás de mim. Sabia que estava esperando que eu me juntasse a ele, independentemente do desafio. Afinal de contas, que tipo de pessoa aceitaria um desafio desses e depois realmente o levaria a diante? Ser o escravo de Xiao Zhan ? Obedecer a tudo que dissesse? Era ridículo.
Mas eu faria isso.
A pergunta do Xiao Zhan  pairava entre nós. Ele parecia incerto, até um pouco irritado, como se estivesse surpreso que eu ainda estava por perto. Dei de ombros, como se a resposta devesse ter sido óbvia.
— Ahn, sim? Você me desafiou. O que mais vou fazer? Rir em escárnio?
— É o que eu teria esperado de você, sim. — Havia uma nota de amargura em seu tom, mas ele riu baixinho e o tom desapareceu.

— Você acha mesmo que vai passar a noite fazendo o que eu mandar? Sério?
Eu olhei para ele com uma expressão irritada, com olhos arregalados.
— De novo: sim? A não ser que você tava só inventando tudo pra tirar uma com a minha cara. Se você não consegue lidar comigo, eu ficaria feliz…
— Não, não — Negou com a cabeça, e seu sorrisinho pareceu se transformar; ficou mais sombrio. Faminto. — Posso lidar com você.  Meu estômago se contorceu de um jeito esquisito com as palavras dele. Algo ali me excitava. Soava como uma ameaça. — Minha preocupação maior é se você vai aguentar. Eu acho que não faz ideia de no que está se metendo.
Andei até ele, meu rosto a centímetros do seu, nossos peitos quase se tocando. Tive que inclinar o pescoço para o encarar.
— Não tenho medo de você, Xiao Zhan . Seja lá o que você tenha aí… — Meus olhos se arrastaram devagar, descendo pelo seu corpo e depois subindo novamente. O medindo, todos os um-metro-e-oitenta-e-tantos dele. — eu aguento.
O sorriso dele nem vacilou. Apesar do que disse, senti uma pontada minúscula de medo. Era o tipo de medo que sentia antes de assistir um filme de terror, ou na fila de uma montanha-russa – era uma emoção, uma excitação, uma dose de adrenalina direto na veia.
— Se você está dizendo, Yibo — sussurrou. — Mas pode ser que você esteja pedindo misericórdia antes do que pensa. — Deu um passo para trás, e finalmente me permiti respirar. — Siga-me.

As pernas longas de Xiao Zhan  o levaram rapidamente pelo gramado, de volta em direção a casa. Precisei correr só para manter o ritmo dele. Dylan me alcançou, e me trouxe outra bebida. Empurrando o copo nas minhas mãos, entrelaçou o braço com o meu e disse bravo:
— Vamos fugir! A gente fica de boa por uns 10 minutos e aí…
— Não vou fugir. — Tomei um gole grande da bebida frutada que ele me deu, grato pela coragem líquida. Ele parou abruptamente, e o seu braço preso no meu me puxou até eu parar.
— Você não vai fugir? Que porra você quer dizer com isso, não vai fugir? — A incredulidade dele me fez estremecer. Como poderia explicar isso, como poderia fazer com que fizesse sentido para ele quando não fazia sentido nem para mim mesmo?
— Yibo, você tá doido, por que você…
— Yibo!
Meu coração pulou. Xiao Zhan  tinha parado do lado de fora da porta dos fundos. Estalou os dedos, e apontou para o chão onde seus pés estavam. Como se estivesse chamando um cachorro desobediente.
— Vem. Agora.
Eu olhei de volta para Dylan, e vi que a boca dele estava apertada numa linha fina.
— Yibo — disse, tenso —, você vai mesmo…

— Desculpa, Dy, eu só… — a parte normal, lógica, de mim estava gritando para eu não deixar essa aberração me tratar como seu bichinho de estimação particular. Mas a parte sombria e necessitada de mim insistia por algo bem diferente: estava me dizendo que o tom condescendente de Xiao Zhan  era delicioso, e a confiança dele era sensual, e que correr para obedecer ao seu chamado seria tão gostoso.
— Me dá só um minuto, tá? — Apertei o braço de Dylan em um pedido de desculpas, entreguei minha bebida para ele, e então virei e andei em direção a Xiao Zhan . Arrastei meus pés, só para não parecer muito desesperado, e algo tremeu na mandíbula dele a cada passo meu.
Eu o estava irritando. Que bom.
Cruzei meus braços, tentando equiparar a irritação dele na minha expressão facial.
— Sim? Que foi?
Ele apontou para baixo de novo, suspirando devagar.
— Meu cadarço, Yibo. Amarre.
Com certeza, o cadarço dele tinha desamarrado. Já estava para me ajoelhar aos pés dele de novo. Por um momento, quase pude sentir o cheiro do couro. Quase pude senti-lo sob meus lábios. Engoli com força, e zombei.
— Seu cadarço, sério? Quantos anos você tem, cinco?
Mas me ajoelhei. Bem ali, de joelhos, sob a luz que vazava pelas portas de vidro, amarrei o cadarço do coturno. Eu me apressei para me levantar, minha língua pronta com mais comentários sarcásticos, mas a mão dele no meu ombro me empurrou de volta para baixo.

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