Capítulo 30

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KARA

Vários dias depois

"Deixe-me ver se entendi. Você engravidou sua barriga de aluguel antes de decidir que queria ter um filho com ela." Minha irmã fica boquiaberta sem piscar. Estamos em seu quarto de hotel enquanto ela se prepara para o último show da turnê atual.

"Isso é verdade." Não posso mentir para minha irmã por muito tempo. Ela precisa saber toda a história. Estamos muito perto para enganarmos uma a outra.

"Estou confusa." Ela arrasta uma cadeira e apoia os cotovelos na superfície dura, apoiando o queixo nas mãos. "Você nunca mencionou querer filhos."

"Não é algo impulsivo." Eu levanto e ando pela sala. "É algo em que penso há muito tempo, mas nunca encontrei uma mulher em quem confiasse."

"E você confia nela? Ela engravidou quando não deveria."

"Mas ela não estava tentando. Durante todo o tempo que a conheço, ela tem sido inflexível de que não quer uma família." Viro-me e marcho da janela com vista para o horizonte de Chicago até a mesa. "O DIU dela falhou. Eu estava lá quando eles o tiraram."

"Ok." Ela levanta a cabeça e coloca as mãos sobre a mesa. Suas unhas estão perfeitamente cuidadas e sem cor. "Você gosta dela?"

"Sim."

"Mas ela é sua barriga de aluguel e, quando o bebê nascer, ela irá embora?"

"Ela vai morar comigo neste fim de semana."

"Como sua namorada?"

Eu dou de ombros. "No momento, somos amigas com benefícios. É complicado. Ela não quer filhos. Eu gosto dela, mas não estou apaixonada por ela. Inferno, eu nem sei se sou capaz de me apaixonar, mas quero ela por perto para ter certeza de que o bebê está bem."

Ela arqueia uma sobrancelha. "Ela vai morar com você por oito meses e você não vai se apaixonar por ela?"

Paro e engulo. "Você não acha que isso é possível?"

"Não. Eu não acho. Você confia nela, gosta dela, e pra você está tudo bem ela ter engravidado antes de iniciar seu contrato. Ela trabalha para você. Você a levou à delegacia para ajudá-la a lidar com sua situação financeira." Ela diz cada coisa enquanto levanta um dedo. "Como é o sexo?"

O calor corre para o meu rosto.

"Isso responde a essa pergunta. Nunca vi você corar por causa de uma mulher."

Eu caio no assento. "Não é possível."

"Também não era possível que ela estivesse grávida."

Meu peito se agita enquanto tento recuperar o fôlego. "Eu não posso estar apaixonada por ela, posso?" Como eu iria saber? Tive alguns relacionamentos ruins e nunca superei a paixão. Quando esses relacionamentos seguirem seu curso, nunca entrei em uma crise de desespero como essa antes.

"Voce sente falta dela?"

"Agora?"

Ela revira os olhos. "Sim."

"Bem, seria difícil. Falei com ela três vezes hoje."

"Quem ligou para quem?" A geladeira zumbe e o perfume de rosas da minha irmã preenche o espaço ao redor da mesa.

"Eu liguei para ela." Merda.

"Por que você não está bem com ela morando na casa dela?"

A sala gira diante dos meus olhos. "Eu quero saber se ela está bem."

"Você já pediu a outra mulher para morar com você ou ter seu filho?"

"Não." Filha da puta. Isto é uma bagunça total que me meti.

"Você quer que ela vá embora depois que o bebê nascer?"

O pânico enche meu peito. Depois que ela estiver em minha casa, não quero que ela vá embora – nunca. Não consigo imaginar criar nosso filho sem que ela veja tudo pela a primeira vez: sorrir, rolar, engatinhar e andar. Visões de uma versão em miniatura dela pulando pela casa com longas tranças escuras me dão um soco no estômago. "Não, eu não quero."

Ela acena com a mão com desdém. "Se você ainda não a ama, dou uma semana. Você vai ficar de joelhos implorando para ela ficar."

Minhas costas se arrepiam. "Isso pode estar indo longe demais."

"Veremos, garatona."

Garatona. O calor inunda meu corpo. Na última noite em que estivemos juntas antes de ir visitar minha irmã, Lena me chamou assim. Nunca desejei uma mulher do jeito que à desejo.

Puta merda. Ela está certa. Posso não estar apaixonada por ela, mas estamos fazendo a curva e nos aproximando da linha de chegada. O que acontece quando ela for embora? Ela poderia mudar de ideia sobre o bebê?

Eu giro meu pescoço, fazendo um som agudo de estalo. Você tem nove meses. Merda. Oito meses. Certamente, você pode surpreendê-la e convencê-la de que um bebê vai melhorar tudo, e não destruir o que vocês têm.

"Besteira." Eu balanço minha cabeça. "Você queria que eu viesse aqui para uma visita, e tudo que fiz foi contar tudo o que está acontecendo na minha vida e jogar no seu colo. Como vai você?"

"Estou bem." Ela franze a testa. "Não, não estou bem. Tomei a decisão de parar de fazer turnê. Tenho conversado com alguém em Las Vegas sobre conseguir uma casa para eu morar."

"Tem certeza?"

"Gosto de fazer turnês, mas adoro escrever, gravar e me apresentar mais. E estou pronta para me estabelecer em um lugar que eu possa chamar de casa. Assim como você, quero uma casa e uma família. Não posso fazer isso na estrada."

"E quanto a Jett? O que ele diz?"

"Eu não contei a ele." Seus olhos se deslocam para a parede atrás de mim. "Não importa. Se ele não quiser a mesma coisa que eu, estou pronta para seguir em frente." Um meio sorriso se curva até suas bochechas. "Acho que nós duas somos parecidas nisso. Quando é hora de querer uma família, é hora para fazer os acontecer."

"Você contou para mamãe e pro papai?"

"Não." Ela agarra minhas mãos. "A única pessoa para quem contei foi Tabitha, e ela está iniciando negociações com os proprietários de um centro de eventos em Las Vegas." Tabitha Davis é sua empresária e melhor amiga. Elas estão juntos há cinco anos.

"Quando você tocou no assunto pela primeira vez, eu não tinha certeza se era isso que você queria fazer. Mas você sabe que vou te apoiar no que você precisar. Nós iremos ajudá-la a se estabelecer se precisar de nós."

Ela sorri. "Veja. Você já considera vocês duas um 'nós'."

"Talvez eu estivesse falando sobre o bebê."

"Não, você não estava."

Eu rio. "Sim, eu não estava."

KARLENA - Feitas Uma Para A OutraTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang