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— 22/05/2024 — Selene

Com um suspiro, eu me sirvo de mais uma xícara de café, observando a fumaça dançar acima da superfície quente da bebida. A casa está silenciosa, e os últimos dias foram uma montanha-russa de emoções. A briga com Gregory ainda pesa no meu coração, mas, por agora, estou focada no trabalho.

Olho para o relógio, ansiosa pela chegada de Marco. Nossos ensaios têm sido uma constante em meio ao caos recente. Sinto-me grata por ter algo para me concentrar, algo que me tire por um momento da turbulência emocional que tem sido minha vida.

O som da campainha ecoa pela casa, e meu coração acelera. Marco está aqui. Levanto-me da mesa, coloco a xícara de café de volta no lugar e vou em direção à porta, pronta para mais uma sessão de ensaios.

Abro a porta, e Marco está lá, um sorriso amigável no rosto.

— Olá, Selene! Como você está? — Ele pergunta, adentrando a casa.

— Oi, Marco. Estou bem, pronta para trabalhar. — Respondo, tentando manter a serenidade.

Convido Marco a entrar, e ele atravessa a porta com uma expressão calorosa. Dirigimo-nos à sala de estar, onde a atmosfera é mais descontraída e propícia ao trabalho. Ofereço-lhe um lugar no sofá, enquanto eu me acomodo em uma poltrona próxima.

— Aceita algo para beber, Marco? Café, água? — Ofereço, querendo garantir que ele esteja confortável.

Ele agradece e pede uma água, e enquanto vou à cozinha buscar a bebida, tento dissipar qualquer resquício de tensão que possa estar pairando no ar. Retorno com a água e, com um sorriso, me preparo para mergulhar nas falas e na construção da última cena.

— Estou animada para finalizarmos isso, Marco. Acredito que podemos criar algo realmente especial. — Comento, otimista, enquanto organizamos os roteiros e começamos a trabalhar.

Horas passam enquanto Marco e eu nos entregamos ao processo de ensaio. As linhas dos personagens ganham vida em nossas vozes, e as emoções fluem de forma sincera. A química entre nós é palpável, mesmo que apenas no contexto da cena que estamos construindo.

Ofereço insights sobre a interpretação dos diálogos, e Marco contribui com suas próprias ideias. Juntos, exploramos as nuances dos personagens, aprofundando-nos na complexidade da narrativa. À medida que avançamos, a energia do ambiente se transforma, e a tensão inicial dá lugar a uma colaboração fluida.

Entre um ensaio e outro, compartilhamos risadas e breves pausas para relaxar. A amizade e o profissionalismo se entrelaçam, proporcionando um equilíbrio agradável. Marco se mostra compreensivo em relação ao meu estado emocional recente, e agradeço por essa compaixão silenciosa.

À medida que nos aproximamos da perfeição na última cena, sinto uma sensação de realização. Há algo gratificante em ver o resultado de nosso trabalho conjunto, algo que transcende as complicadas emoções pessoais que enfrento.

— Selene, acho que estamos no caminho certo. Essa cena vai ser incrível. — Marco comenta, seu entusiasmo contagioso.

Selene, não posso agradecer o suficiente por todo o suporte e pela oportunidade de fazer parte deste filme. É uma honra contribuir para dar vida a uma história que começou nas páginas de um livro tão incrível como o seu.

Sinto-me aquecida por suas palavras, reconhecendo a importância de todo o trabalho árduo e da colaboração que nos trouxe até este ponto.

— Marco, a honra é toda minha. Ver esse projeto tomar forma é emocionante, e sua dedicação faz toda a diferença. Estou ansiosa para ver o resultado final.

Com os ensaios concluídos, respiramos aliviados, sentindo a satisfação do dever cumprido. Marco e eu compartilhamos um momento descontraído, rindo de pequenas piadas e relembrando algumas situações engraçadas durante o processo.

Entre risos, sinto a sombra dos recentes desafios pessoais pairando sobre mim. Decido compartilhar com Marco, confiante em sua compreensão.

— Marco, as coisas com Gregory estão um pouco complicadas. Tivemos uma discussão antes de voltarmos. Não sei bem como as coisas vão se desenrolar.

Ele olha para mim com empatia, e de repente, um caloroso abraço envolve meu corpo. Agradeço silenciosamente pelo gesto de apoio.

No entanto, a atmosfera muda abruptamente quando ele, ainda abraçado a mim, murmura algo em meu ouvido que não esperava. Sua expressão amigável adquire uma nuance diferente, e percebo uma mudança sutil em sua postura. Fico momentaneamente confusa, questionando se interpretei corretamente.

— Selene, mesmo em meio aos desafios, você continua brilhando. — Ele diz, com um olhar que parece transitar entre amizade e algo mais.

Fico em silêncio, processando a mudança de tom, enquanto tento entender as intenções por trás de suas palavras. A atmosfera, antes leve, adquire uma tensão sutil, deixando-me desconfortável com a ambiguidade da situação.

Marco continua com as investidas, soltando elogios ousados e invadindo meu espaço pessoal.

— Selene, você é incrível, garota. Merece alguém que realmente saiba valorizar isso. — Ele diz, piscando com um sorriso cheio de segundas intenções.

Sinto-me desconfortável com a situação, recuando instintivamente diante das insinuações audaciosas. Confusa, pergunto:

— Marco, não estou entendendo. Pensava que éramos amigos, que compartilhávamos um respeito mútuo.

Ele mantém o olhar fixo em mim, e sua resposta carrega um tom sugestivo:

— Amizade pode se transformar em algo mais, Selene. Às vezes, a gente tem que arriscar pra descobrir.

Fico sem palavras, tentando processar a reviravolta abrupta na nossa interação. A camaradagem que parecia sólida de repente fica envolta em uma complicação inesperada.

Marco não desiste e tenta se aproximar para um beijo, suas intenções ficando cada vez mais evidentes.

A atitude intrusiva de Marco me tira do sério, e sem pensar duas vezes, desferi um tapa forte no rosto dele. Meu gesto foi uma mistura de indignação e necessidade de impor limites.

— Você está louca, Selene? O que deu em você? — Ele exclama, visivelmente irritado, esfregando o local atingido.

Minha raiva só aumenta diante da sua reação e da audácia desrespeitosa.

— O que deu em você, Marco? Isso é inaceitável! Saia daqui agora! Sai da porra da minha casa. — Grito, apontando para a porta e empurro ele.

Ele me encara por um momento, talvez processando a gravidade do que fez, mas acaba se retirando, murmurando algumas desculpas. Fecho a porta com força, respirando fundo para acalmar minha irritação e surpresa.

Após expulsar Marco de minha casa, sinto um turbilhão de emoções. Vou até o sofá e me sento, deixando as lágrimas que eu havia segurado finalmente escaparem. A raiva, a frustração e a sensação de violação se misturam, deixando-me abalada.

É difícil processar o que aconteceu. Marco, um colega com quem eu compartilhava um projeto profissional, havia ultrapassado todos os limites. Sua investida não só me deixou desconfortável, mas também me fez questionar a confiança que depositava nas pessoas ao meu redor.

A vulnerabilidade toma conta de mim, e me permito chorar, buscando um alívio para as emoções intensas que inundam meu ser.

As lágrimas rolam, e eu só queria entender por que as coisas tinham que ficar tão complicadas. Respiro fundo, tentando me acalmar, mas a sensação de vulnerabilidade persiste.

Pego o celular, desbloqueio a tela e deslizo pelos contatos até encontrar o nome de Gregory. Com um suspiro, pressiono o botão de chamada e espero ele atender.

— Amor, preciso de você... — é tudo o que consigo dizer antes de me deixar levar pelo choro que insiste em escapar.

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Minha Rainha (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora