Capítulo 01

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"O herói é questão de perspectiva."
Neil Druckmann

DANDARA

Canto alegremente uma canção infantil que Hugo colocou para distrair o nosso pequeno enquanto viajamos. Estamos muito perto de chegar e o meu bebê reagiu muito bem à sua primeira viagem sozinho no banco de trás. Ele me acompanha na canção, um pouco embolado, balançando a cabeça de um lado para o outro.

Abro um sorriso, sentindo o meu coração ser preenchido com uma grande paz e altas doses de amor. Olho para o meu marido e ele também está sorrindo ao espiar rapidamente o nosso pequeno tesouro pelo retrovisor.

— Chegamos — diz ele, atraindo a minha atenção. — Aquela é a nossa casa nova.

— Uau! — Nosso pequeno diz, admirado.

Sorrio ao ver a casa, é enorme, uma construção moderna com um muro de pedras claras e uma arquitetura moderna. Penso em tudo o que deixamos para trás na cidade e na casa antiga; memórias, amizades, meu trabalho...

— Sabe que eu estava satisfeita na casa antiga, não é? — digo, um pouco nostálgica.

— Claro que eu sei, amor, mas melhoramos de vida... a empresa prosperou, quero dar o melhor aos meus dois tesouros mais preciosos. — Abre um sorriso reconfortante. — Tenho certeza que vai conseguir um trabalho, mesmo sabendo que não precisa mais disso.

— Sim, sei... mas quero que seja assim, não posso permitir que me sustente.

— Isso é o menos importante agora, querida, estarmos juntos é tudo o que importa para mim.
Deus, eu o amo tanto.

Hugo sempre consegue me desconsertar quando fala dessa forma, nunca vou me acostumar ao seu jeito galanteador e cuidadoso comigo. Ele conquistou a minha família logo no primeiro jantar que fizemos e eu não pude pedir mais nada além de estar com ele até o último dia das nossas vidas.

E agora, com o nosso pequeno Huguinho também.

No começo, Hugo não queria que o nome do nosso filho fosse o mesmo que o seu, mas é um nome tão lindo e eu quis homenageá-lo por ser o primeiro homem que me tratou bem. Ele sabe o quanto sou grata por ter cuidado das minhas feridas, cada uma delas.

Assim que meu marido para o carro diante do portão da garagem e desliga o carro, o nosso bebê bate palmas, animado, na sua cadeirinha no banco de trás. Desço do carro para abrir a porta traseira e tirar Huguinho de lá. O pego no colo depois de soltá-lo do cinto de segurança por não querer que saia correndo pelo desconhecido que é a casa nova.

Antes que eu possa pegar a bolsa com as suas coisas, vejo um carro frear bruscamente diante da nossa casa, cantando os pneus. Um arrepio gelado de medo desce pela minha espinha quando quatro homens encapuzados descem armados, gritando ordens para não reagirmos.

Meu primeiro impulso é abraçar o meu filho com força e virá-lo de costas para a cena horrível que estou presenciando. Meu corpo inteiro começa a tremer e eu só consigo olhar para o meu marido, que tem as mãos erguidas.

— Deixe-os entrar, minha esposa e meu filho... darei o que quiserem.

— Já enrolou demais, porra! Seu prazo esgotou!

Prazo?

— Mamãe... estou com medo — sussurra o meu filho, encolhido nos meus braços.

— Sh, meu amor — sussurro de volta, assustada. — Tudo vai ficar bem.

Vejo dois dos homens me cercarem, armados, fazendo o pânico dominar todas as células do meu corpo. Um deles aponta a arma para mim e eu deixo as lágrimas de medo descerem pelo meu rosto.

Danger - Há perigos onde menos esperaWhere stories live. Discover now