Danger - Há perigos onde menos espera

Capítulo 02

"Você nunca esteve ao meu lado
Me engana uma vez, me engana duas vezes"
No time to die – Billie Eilish

DIAS DEPOIS

DANDARA

Eu era uma mulher inocente, casada com um homem rico. Tinha absolutamente tudo na palma das mãos até o meu mundo ruir com o assassinato do meu marido e sequestro do meu filho. Eles querem que eu conte como Hugo conseguiu todo o dinheiro e onde o guarda, somente assim esse pesadelo acaba.

Nunca soube que meu marido estava envolvido em um mundo criminoso até que tudo isso acontecesse. Pensei que sua empresa fosse real e honesta, mas não passa de uma lavagem de dinheiro. Até agora, a polícia não obteve respostas, não há pistas dos homens que mataram o meu marido. Me parece que tudo é um quebra-cabeças e alguns da polícia estão envolvidos nisso.

Não sei mais o que fazer para conseguir ter o meu filho de volta.

A dor e o luto que me consomem desde o dia do acontecido é insuportável. Daria qualquer maldita coisa pela minha família de volta, aqueles homens tiraram tudo o que eu tinha e estão com o meu filho nesse momento, impunes. Nos últimos dias, ao ouvir a voz de medo do Huguinho pelo telefone, algo forte passou a crescer dentro de mim.

Raiva.

É cada vez mais inevitável não pensar em me vingar de cada um daqueles malditos, de tirar absolutamente tudo deles, assim como fizeram comigo. Desde os mandantes, os infiltrados na polícia e os que realizaram o serviço. Henrique disse que meu marido estava envolvido com gente poderosa daqui do Brasil e do México, mas isso só piora a minha situação.

— Não sei mais o que fazer, não aguento esperar essas ligações diárias para ouvir meu filho falar por meio minuto.

— Eu andei procurando. — Meu cunhado diz. — Para você não é a melhor saída, mas há um matador de aluguel conhecido nosso... ele deve um favor a Hugo. Esse favor se reverteria a você agora.

— Matador de aluguel? — Estou pasma. — Só pode ser uma brincadeira...

— É muito sério, Dandara. Ele pode ajudar a recuperar o Huguinho... esses homens não são profissionais como ele.

Nego com a cabeça, ainda achando a ideia mirabolante demais, não posso arriscar a minha vida ou até mesmo a do meu filho sem pensar. Qualquer decisão errada levará Huguinho de mim para sempre.

— Quer esperar o seu filho perder alguma parte do corpo quando eles começarem a perder a paciência? — Bufa. — Não podemos contar com a polícia. Sabe disso... até você iria presa, mesmo sem saber de nada.

— Fui coagida a assinar aquilo, era uma boba.
— Eles não querem saber disso. — Segura as minhas mãos. — Sabe que tenho você como uma irmã e que amo o meu sobrinho... fale com Esdras.

Esdras.

Esse nome não me é estranho, algo me leva a crer que ele já esteve em nossa casa falando com Hugo sobre negócios.

Penso por alguns instantes, querendo muito que qualquer outra saída apareça na minha mente, mas nada me ocorre. Fecho os olhos, buscando forças dentro de mim, sinto tanto a falta do meu pequenino. É como se um buraco enorme estivesse aberto no meu peito e ele fica mais profundo a cada minuto que passa.

— Está bem. — Respiro fundo, tomando coragem. — Contate-o, agora.

Meu cunhado se afasta um pouco, pegando o telefone no bolso interno do seu blazer. Sento no sofá sem deixar de pensar no meu filho, tenho dormido muito pouco e me alimentado de maneira ridícula. Se não fosse por Henrique, não sei o que seria de mim, estaria perdida.