Renascer do Amor - Nicolle Souza

Capítulo 3

— Vamos, Abby, aperte isso! Tenho que ficar linda, estou com um bom pressentimento. Talvez o conde apareça no baile de hoje — Abby não tinha mais o que apertar, daqui a pouco sua irmã iria desmaiar sem ar, mas não retrucou e apertou mais.

— Você acha que ele iria em um baile de plebeus? — Abby sinceramente achava que não, mas não queria estragar os sonhos da irmã. Então deu um laço no corset e apertou os ombros da irmã.

— Quem sabe? O senhor Mavies é um comerciante importante em toda Inglaterra. — Victoria sorriu para a irmã se imaginando morando em uma casa cheia de empregados, comida farta, os melhores vestidos e muitas joias.

— Você tem razão. Prefiro acreditar que ele vai — Abby se sentou na cama cansada. Os últimos dias na casa do conde tem sido corridos porque tinham que deixar tudo em ordem para o patrão que poderia chegar a qualquer momento e, para piorar seu cansaço, depois do trabalho tinha que deixar sua própria casa em ordem

— Estou tão cansada! Acho que depois que me encostar só acordo amanhã — Abby bocejou e Victoria se aproximou da irmã e pegou sua mão

— Porque você não vem comigo? Vai ser divertido. Faz tanto tempo que você não sai para ter um pouco de diversão — Victoria sempre falava isso, mas não queria realmente que sua irmã saísse com ela, poderia pegar mal para ela. Já tinha ouvido falar que talvez as próximas gerações que viriam dela poderiam ter a mesma aparência da tia. Abby sorriu para a irmã e negou com a cabeça.

— Estou muito cansada, mas você pode aproveitar por nós duas. E termine de se arrumar logo, a sra. Long já deve estar chegando! — sra. Long tinha sido amiga de sua mãe e gostava o suficiente de Victoria para amadrinha-la e ajuda-la a arranjar um bom casamento. O mesmo não acontecia com Abby, pois Beatrice Long acreditava que nem mesmo se ela tivesse o maior dos dotes conseguiria um marido.

— Tem razão! — Victoria deu um beijo estalado na bochecha de sua irmã e começou a se produzir. Primeiro colocou um de seus melhores vestidos, era de seda, que custou cinco salários de Abby.

Para Abby era inegável o bom gosto de sua irmã. Ajudava ela a vestir o vestido azul cheio de beija-flores bordados delicadamente, depois a ajudou a passar ruge nas bochechas e a fazer um penteado trançado. Usava um sapato meio velho, mas como o vestido iria cobrir Victoria se contentava com aquela velharia que pertenceu a mãe.

Os trajes de Abby eram bem mais simples, feitos de lã e algodão, usava um sapato que foi de seu pai, pois os da mãe tinham ficado para Victoria, era bem maior que seus pés delicados, mas ela preenchia o vazio com meias.

Tinha desistido de se arrumar a um bom tempo. Há alguns anos queria se sentir bonita, então, pegou um dos vestidos da mãe e saiu para ir para a igreja, depois foi a feira para comprar algumas verduras, mas também para provar que ela poderia ser bonita. Estava sentindo-se tão feliz que não notou o que os outros comentavam dela. "Aquela coisa pensa que um vestido bonito a torna bonita também", "Pobre menina, nem mesmo a mais rica seda a tornaria bonitinha". Ela tinha sorte que sua irmã a alertara, desde de então ela se concentra em sobreviver e ajudar sua irmã. Ela não teria sua família, mas sua irmã poderia.