©apítulo 25

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Oii, queria pedir antes, escute a música para ver a letra. No final terá outra e combina super com eles, todas são flash back dos anos 90'. Send me an Angel🤍 Boa leitura minhas Angels.

ANGELINE ANTUNES

A ansiedade era enorme, minha vida estava uma bagunça, minhacabeça estava uma bagunça, meus sentimentos estavam uma bagunça

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A ansiedade era enorme, minha vida estava uma bagunça, minha
cabeça estava uma bagunça, meus sentimentos estavam uma bagunça. Nossa!
Nunca fui uma pessoa ansiosa e nervosa, gosto de manter a serenidade, a paz,
aprendi no convento a não me permitir sofrer e sempre me agarrava as
orações para passar por qualquer turbulência. Todavia, nada me preparou
pelo que vem a frente, Deus do céu, conhecerei meu pai, meu pai. Estava no
carro indo ao seu encontro.
Sim, o teste de DNA confirmou que um dos homens que Tom
capturou de fato era meu pai biológico. Inclusive estava com o relatório dele
em mãos. Já havia olhado inúmeras vezes para a foto anexada, queria sentir
raiva, desprezo, nojo. Mas não era capaz, não conseguia, o único sentimento
que aflorava dentro de mim era o de perdão, sim, eu estou pronta para
perdoa-lo, para ouvi-lo, mesmo que haja rejeição de sua parte, na verdade, já
espero isso, não quero conhecê-lo para que me assuma, ele nunca foi um pai
para mim e nunca o será, contudo, para prosseguir minha vida, preciso olhar
em seus olhos e mostrar que suas atitudes destruíram vidas, devo isso a
minha mãe, tenho certeza que ela faria o mesmo, eu tenho mais certeza ainda
que ela o perdoaria, assim como a irmã Rafaela.
Virei a página do relatório e contemplei a foto de sua família, eu tenho
irmãos, um irmão e duas irmãs. Sorri com tristeza, eu não sei explicar a
sensação que estou sentido, mas é como se estivesse me encontrado, como se
pertencesse a esse mundo de fato, eu tenho uma origem, mesmo que tenha
sido da forma que foi, eu tenho uma origem.
Tom estava do meu lado, sério, semblante enigmático, não
conseguia desvendar seus sentimentos, o que se passava em sua cabeça. Ele
não dormiu no nosso quarto a noite passada, essa foi a primeira vez que
dormimos separados desde que nos casamos. No café da manhã ele também
não falou muito, nunca o vi assim, sempre com suas ironias e arrogância, mas
dessa vez ele parecia fechado em seu mundo. A atitude dele fez minha alma
chorar, eu queria endurecer meu coração, mas não consegui, naquele
momento só queria acalentar ele e dizer que está tudo bem.
Eu entendi quando ele disse que me amava, ele sempre diz essas
palavras em alemão quando está gozando, eu não entendo seu idioma, mas
por tanto ouvi-lo falar a mesmas coisas já sabia que eram palavras de amor,
no entanto, ele só fala quando estamos transando, em nenhum outro
momento, então penso que só diz da boca para fora, apenas de sentir prazer, e
luxúria apenas, não tem nada a ver com amor.
Porém, por outro lado, ele me deu a chance de ir embora, eu ainda não
acredito que realmente ele cumprirá com o que disse, de verdade não sei, mas
pela sua atitude nas últimas horas, acho que ele não estava blefando. Todavia,
isso não me deixa feliz, eu queria me sentir alegre e saltitante, mas não, eu
sinto angústia, medo e incerteza. E eu, quero ir? Me pergunto isso desde ontem, na verdade, não dormi
direito, rolei a noite toda na cama pensando na vida, nas minhas decisões. Eu
preciso que ele realmente demonstre que terei a escolha. Minha alma e corpo
estavam em conflito. O corpo quer ficar, mas a alma quer ser livre. Mas que
liberdade? Me pergunto e eu mesmo respondo, a liberdade de fazer minhas
próprias escolhas, mesmo que essa escolha seja não ser livre.
Virei o rosto ligeiramente para a janela e pisquei várias vezes as
pálpebras para não chorar. Jurei para mim mesma que não farei isso, preciso
ser forte, preciso ser forte....
O carro parou em frente a uma construção, parecia um armazém. Olhei
para o Tom, ele estava de óculos de sol por isso não conseguia ver
os olhos, mas pela boca percebia-se que estava aborrecido.
- Tem certeza que quer fazer isso, Angeline?- agora ele só tá me chamando pelo nome. Não me chama de amor, e nem de Engel desde de ontem.
- Sim, eu tenho.
- Muito bem! Se é assim que quer.
As portas do carro foram abertas e nós descemos, percebi os
seguranças, a nossa volta, eram muitos. Tom me segurou no cotovelo e
me fez entrar no prédio, subimos uma pequena escada, o local era grande a
havia várias divisões com portas, Tom me levou até uma delas é me fez
parar.
- Ele está aqui, não entrarei com você, mas saiba que estarei
vigiando.
- Obrigada!
Um dos seguranças abriu a porta e Tom me levou até lá, soltou
meu braço e eu entrei na sala. O cômodo era de tamanho médio, com apenas
uma mesa no centro e do teto pendia uma luminária, as paredes eram lisas e
cinzas, parecia uma sala de interrogatório. Havia em uma das paredes um
painel grande de vidro escuro, mas não conseguia enxergar nada do outro
lado, porém, penso que Tom está assistindo tudo através dele.
Olhei para o homem sentado de cabeça baixa, ele estava preso nos
pulsos por algemas. As mãos em cima da mesa, ombros caídos, parecia um
homem derrotado. Penso que ele não percebeu a minha presença, pois nem ao
menos se moveu. Andei vacilante até próximo à mesa e me sentei na cadeira
de frente para ele. Engoli algumas vezes em seco e o chamei:
- Senhor Drumond?
O homem ficou rígido, pude perceber pelos ombros. Ele levantou a
cabeça vagarosamente. Quando seus olhos me focaram, imediatamente vi
lágrimas minar deles. O homem abriu a boca gradativamente à medida que
ele assimilava quem eu era, tenho certeza que ele se reconheceu em mim,
sim, eu também me reconheci nele, os mesmos olhos, a mesma cor dos
cabelos.
- Quem... Quem é você? - Ele perguntou chocado.
- Aquela noite teve muitas consequências e uma delas foi que eu fui
concebida.
- Não! - Ele balançou a cabeça várias vezes em negação.
- Sim Senhor Drumond, você arruinou não só a vida de minha mãe, mas a minha também.
- Deus!
O homem parecia desolado, ele de fato, estava em choque e devastado.
- Eu não sei o que dizer... Eu poderia apenas me desculpar, mas só
isso não adiantaria. Entendo que me odeie e queira a minha morte, eu aceito
isso, acabe comigo de uma vez.
- Não senhor Drumont, não vim aqui para lhe desejar a morte, muito
pelo contrário, eu quero entender, por que fez o que fez com minha mãe? Por
quê?
- Por que.... eu não tenho uma resposta para isso, mas se você quiser
me ouvir, eu posso te dizer que não teve um único dia da minha maldita vida
que não me atormento pelo que fiz, absolutamente nenhum. Você acredita em
mim?
- Eu quero ouvi-lo.
- Todos esses anos, lembro aquela noite, não, não colocarei a culpa
na bebida, eu estava bem consciente do que estava fazendo. A princípio não
queria, mas eu e os outros, só pensamos em assusta-las, porém, as coisas
foram e aconteceram,saíram fora de controle. Elas não resistiram, não
gritaram, somente rezavam. Eu ainda lembro da voz de sua mãe, ela orava a
Deus e a virgem Maria. Eu fui o último, os outra já haviam abusado dela. E
eu fiz, não tem justificativa, não tem.
Fiquei em silêncio, era doloroso demais ouvi-lo, talvez não tenha sido uma boa ideia ter vindo, meu coração doía muito, me sentia uma aberração
por ter nascido desse ato abominável. O homem voltou a falar.
- Minha esposa cuida de um centro de ajuda para mulheres vítimas de
violência, financiado pela minha empresa, foi essa a maneira que encontrei de
apaziguar a culpa.
Olhei para aquele homem e não sentia nada, nenhum sentimento. Ele
para mim era apenas uma pessoa qualquer. Nem ao menos isso, era nada.
- Senhor Drumond, quero que saiba que meus sentimentos pela sua
pessoa é nula, mas eu não o condeno, se há um perdão para o que fez, então o
receba, minha mãe, que Deus a tenha, teria orgulho de minha atitude, porque
ela era boa. Jamais guardarei rancor. Que o Senhor siga sua vida junto da sua
família, não quero absolutamente nada vindo do Senhor, nem mesmo
reconhecimento.
Me levantei e estava pronta para sair quando ele perguntou.
- Qual é o seu nome?
- Angeline Antunes.
Andei até a porta sem olhar para trás e sai, me sentia leve e em paz.
Uma página da minha vida acabou de ser virada para sempre. Tom
apareceu e me encarou, eu queria abraçá-lo, mas nada fiz.
- Vejo que o deixará vivo.
- Não quero que o mate, ele já vive em sua tormenta. - Muito bem!
- Obrigada.
- O carro te levará para casa, ficarei para resolver tudo por aqui.
- Tom, você não vai..
- Não Angeline, eu dei minha palavra. Agora vai, mais tarde
conversaremos.
Ele falou rude, tentei argumentar, mas não consegui, andei até o carro
que estava com as portas abertas me esperando e entrei. Segui para casa com
lágrimas nos olhos.

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