022 | A Ruína Desperta

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A S A F E
P E T R O V

Eu me pergunto como uma boceta pode mudar tanto a vida de um homem, como uma mulher pode me fazer me sentir como se eu fosse obrigado a fazer todas as necessidades dela? Não consigo lidar com isso.

Eu encaro as lágrimas dela, mas a verdade é clara: eu não a amo. Minhas palavras de arrependimento são superficiais, escondendo a frieza no meu coração. Por mais que prometa conexão, é uma ilusão. Ela sente a falta de verdade nos meus olhos, a barreira que eu construí entre nós. Meus juramentos são vazios, sem a essência do amor real. Eu tento, mas a chama simplesmente não está lá. Evelyn merece mais. Mas eu não posso liberta-lá, no fundo eu sei que ela é minha, mas em respeito à Ivan, não posso ser dela.

Hoje, ao acordar, não me senti tão bem quanto antes. Talvez seja porque não encontrei uma carta de Evelyn no meu travesseiro. Apesar de ser cedo, levantei, tomei banho e me vesti. Acredito que dar uma volta pelo jardim possa ajudar a clarear meus pensamentos. O sol está surgindo devagar, assim como minha disposição. Enquanto caminho entre as plantas, reflito sobre o passado, mas tento não me deixar levar pela melancolia. Espero que, ao longo do dia, as coisas melhorem, assim como o sol que aos poucos ilumina tudo ao meu redor.

Quando olhei para cima, Evelyn estava na sacada do quarto dela, seus cabelos e o vestido de seda, o mesmo que ela usou na noite em que transamos balançava levemente com o vento, depois, Angélica apareceu na sacada também e me olhou de cara feia, levando Evelyn calmamente para dentro do quarto novamente.

Sério, poderiam criar uma série com o nome "Todo mundo odeia o Asafe".

Ao voltar para casa, vi um pen-drive perto do quarto de Evelyn. Peguei-o e considerei devolvê-lo, porém, decidi não incomodá-la, pois acredito que não queira me encontrar no momento.

Ao atravessar o corredor, surpreendi Anton saindo do banheiro, visivelmente tremendo de frio. Presumo que tenha finalizado o banho. Ele me cumprimentou com um "bom dia", ao que respondi, apesar do desejo persistente de confrontá-lo.

— Podemos tomar café juntos hoje? — ele perguntou.

— Eu já tomei café, espere por Roman, Josh e sua namorada. — respondi, entrando em meu quarto.

Ao sentar na cama, retirei o pen-drive do bolso. A ideia de conectá-lo ao computador para desvendar o que a rainha do gelo escondeu ali provocou minha curiosidade. Contudo, optei por adiar essa exploração para o final do dia, preservando a surpresa. O objeto pequeno, cheio de mistério, permaneceu em minhas mãos, aguardando a revelação do seu conteúdo. A ansiedade se misturou à expectativa enquanto imaginei os segredos que poderiam estar contidos naquele dispositivo.

Deixei de concentrar nos pensamentos sobre o pen-drive quando ouvi batidas intensas na porta. Acredito que seja minha querida irmã, Angélica. Rapidamente, me movi em direção ao som, ansioso para recebê-la... Quem eu quero enganar? Não estou ansioso para levar um sermão.

Respirei fundo, abrindo a porta com cuidado. Seu olhar furioso me atingiu como um soco, e suas palavras carregavam frustração. Tentei explicar, mas a tensão cresceu. Ela esperava sensibilidade, algo que nem sempre expresso bem.

— Asafe, você é burro!

— Mulher, sabe quem você está chamando de burro?

— Óbvio que sei, Asafe pai da máfia, é assim que te chamam, não é?

— É sim-

Amanhecer Where stories live. Discover now