PESADELOS: DEPOIS DA PORTA

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Não sei como explicar, só sei que a vejo, a claridade. Nem tão forte nem tão fraca, apenas o suficiente para que me dê conta de sua presença. Não me encontro desperta nem adormecida. Como uma porta entreaberta que permite a passagem da luminosidade, porta esta que divide os sonhos bons dos ruins. Estou em uma sala onde tudo é do bem, sinto-me tranquila e segura, mas quando vejo a luz, e por algum motivo me induzo a abrir a porta desse cômodo, encontro-me horrorizada, pois lá habitam meus piores pesadelos, meus medos, minhas perturbações e angústias. O suor escorre, o coração bate descontroladamente e as vezes sinto que preciso gritar, mesmo não podendo.
Em minha infância e grande parte da minha adolescência, passei muitas vezes por aquela porta, sofri inúmeras noites com os fantasmas, bichos de pelúcia que me davam arrepios, pessoas maldosas, homens desconhecidos correndo atrás de mim, corpos flutuantes no céu... até enfim encontrar um modo de não me entregar a luz. Antes acontecia de forma automática, quando ela aparecia eu ia de encontro a ela, sem pestanejar, como se fosse obrigada à isso, porém de alguma forma reuni forças dentro de mim para me distanciar dela. Hoje se ela mostrar-se pra mim eu viro de costas, aperto os olhos afastando-a ao máximo, miro em outras direções. Eu construi uma muralha entre meus sonhos e meus pesadelos, não que eu tenha somente sonhos bons, as vezes tenho ruins também, mas os piores... estes, aquela luz a mantém com ela.

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