Carta II

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24 de março, 2018


Querido Jhony,

Sua fama realmente se espalhou aos quatro cantos do estado. Como disse que seria... Fico feliz pela conquista! Na verdade estou vendo o seu rosto no noticiário da manhã, neste instante. Percebi que deixou o cabelo crescer. Está parecendo um surfista fazendeiro. De um jeito simpático, eu asseguro.

A cor azul marinho sempre lhe caiu muito bem. Faz um leve contraste com seus olhos verdes. Os quais tantas vezes me senti atraída como um ímã, capaz de me puxar cada vez mais para perto...

Quantas coisas nos ocorreram, não?  Sabe aquela vez em que mal conseguiu disfarçar que queria sentar ao meu lado na festa de aniversário da Ângela?  Todos ficaram encarando enquanto tentava negociar um prato de doces com a  criança de nove anos que ocupava o lugar. Depois de muito diálogo, você conseguiu. Ambos pareciam felizes com  o resultado. Eu mais ainda... E antes que esqueça, a Ângela se mudou. Está morando em um bairro totalmente "pacífico" (palavras dela), casou-se com a Dany (foi uma festa de matar!), e sim, ainda somos melhores amigas.

Este e outros momentos, faço o possível para mantê-los vivídos em minha memória. Senão os dois, pelos menos, um de nós tem que guardá-las, não é? 

Quando fui a minha primeira festa na faculdade, a galera da minha grade resolveu fazer uma brincadeira  (já deve estar imaginando algumas delas...) "Verdade ou Consequência". Obviamente escolhi verdade, e então me perguntaram com quem tinha sido meu primeiro beijo. Minha mente não precisou vagar tanto em busca da resposta, uma vez que você sempre esteve comigo, mesmo que não acredite. Seu nome estava na ponta da língua, quase o pronunciei. Mas houve um apagão total na casa em que estávamos, e bem... saímos todos praticamente correndo, imaginando que serialkillers estavam nos espreitando. Foi engraçado. Só que o seu nome continuou na minha boca... Não sei bem o porquê. Nostalgia, quem sabe?

A questão é que você foi meu primeiro amor. Isto é um fato. Tínhamos idade o suficiente para entendermos que poderíamos continuar juntos, e que também "não" poderíamos. Vivemos o presente. E foi suficiente. Acredite. Foi.

Não pense que esqueci, hoje você faz vinte e cinco. O solteiro mais cobiçado da "indústria agropecuária". Isto soa até atraente, não acha?

Enfim feliz aniversário! Espero que continue sendo a pessoa simpática e amorosa que conheci.

Ah! E a propósito, não espero que se lembre, mas sou eu... A Anabell.

Carinhosamente,

Anabell

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