Capítulo I || Unconditionally

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Sou tomada pelo choque de sua declaração, mas antes que tenha a oportunidade de dizer qualquer coisa, uma batida apressada soa na porta. O Mestre sorri novamente para mim, me dá um beijo na testa e, em seguida, me solta e a destranca. Quando abre, Carol está parada ali, parecendo atarantada.

— Boa noite, mestre Pierce. — Ela cumprimenta.

— Boa noite, Carol.

— Cecilia, tudo pronto?

— Sim. Só preciso retocar a maquiagem.

Imediatamente Carol olha para o Mestre que nem se esforça para não parecer culpado.

— Está na hora. Vou chamar Rodney para te retocar no caminho. Não podemos nos atrasar.

Assinto tomando coragem e olho para o meu Amo, em busca de forças.

Ele pega as minhas mãos, se aproxima e fala ao meu ouvido:

— Lembre-se de que o mundo já é seu, formosa diva. — Ele se afasta, e seus olhos se acendem para mim de um modo sobrenatural. Por fim, beija o dorso da minha mão e me deseja sorte.

— Merde, Cecilia.

★★★

Estou flutuando como um balão de gás. Não consigo conter as lágrimas, enquanto me curvo, com as mãos sobre o coração, ao mesmo tempo em que a plateia aplaude de pé. Casa cheia. Todos de pé. Aplaudindo.

Meus colegas de elenco surgem ao meu lado e todos damos as mãos nos curvando juntos agora. Conseguimos. Fizemos isso. Eu consegui. Estive em cena por duas horas quase ininterruptas e não esqueci minhas falas, a letra das músicas, nem errei o tom. Me senti bem, plena, feliz.

Queria ter de volta o diário da minha infância que deixei no depósito, para poder registrar ali: "querido diário, hoje foi o dia mais incrível de toda a minha vida".

Quando as cortinas descem sobre nós, nos juntamos num círculo e nos abraçamos pulando como uma equipe de futebol. As rivalidades foram momentaneamente esquecidas em favor da adrenalina do sucesso.

Só agora os aplausos começam a diminuir e o Mestre entra, sem conseguir disfarçar um sorriso orgulhoso nos lábios.

— Muito bom, time. Vocês foram excelentes. — Ele nos aplaude também. Então passa cumprimentando e parabenizando a cada um.

Quando ele chega perto de mim, a represa em meu coração se rompe e eu pulo no pescoço dele.

— Eu consegui amor, eu consegui!

— É claro que conseguiu, você é magnífica. — Ele responde olhando para mim, mordendo o lábio e balançando a cabeça de um lado para o outro como que encantado, como se me visse pela primeira vez.

— Eu te amo... — Ele diz, e eu ofego ao ouvir isso de novo. Não foi loucura da minha cabeça; ele realmente disse que me ama... Um coro de suspiros chocados se segue — os atores estão todos olhando para nós e nossa demonstração de amor, atônitos. Como que para confirmar o que disse, ele me traz para mais perto de si e me beija profundamente.

Voltamos todos para a sala de espera que foi transformada num espaço com comes e bebes para recepcionar o elenco e a equipe técnica em comemoração. As pessoas cumprimentam animadas a mim e ao meu Amo, e ele sempre me mantém por perto, hora de mãos dadas, hora segurando a minha cintura. Nunca o vi tão feliz e realizado. Valeu a pena os meses de ensaio e todo o seu comportamento obsessivo em busca da perfeição. Se não fosse por ele, eu não teria sido capaz de fazer dez por cento do que fiz.

— Acho que formamos uma boa dupla, Senhor. — Comento à certa altura.

— Acho que nascemos um para o outro. — Ele responde, e meu corpo todo se derrete de amor. É certo que tenho dois corações no lugar das pupilas nesse momento.

O MESTRE de marionetes Where stories live. Discover now