Capítulo 2

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EVIE LOVELY

Ele está me olhando.

Vovó sempre disse que deveríamos saber identificar um problema em forma de homem quando encontrasse um e todos os meus alarmes internos acionaram quando olhei para Joe Kane. Quase dois metros de altura, uma parede sólida de músculos, braços fechados de tatuagem em tinta preta constrastando com sua pele branca e uma barba castanha perfeitamente aparada.

Kane é uma das grandes estrelas do Missoula Emperors e aproveita muito de sua glória. A quantidade de fotos desse homem desfilando por aí com mulheres diferentes é surpreendente, sem contar seu ensaio fotográfico nu no ano em que foi eleito o jogador mais bonito da Liga Nacional de Hóquei.

Não importa que ele tenha os olhos escuros mais charmosos que já conheci e o sorriso mais sexy, ele é o cara de uma noite. Definitivamente não é o tipo de homem que uma garota deve eleger se sonha em formar uma boa família e evitar dores de cabeça.

Quando Kane ergue sua bebida gelada até os lábios sem desviar seu olhar do meu, sinto as forças dos meus braços se esvaírem e preciso mudar de postura para não cair no chão como um saco de batatas.

— Está tudo bem, Evie? — Minha prima questiona ao passar uma mão por sua adorável barriga.

— Está. — Não me orgulho de mentir para a minha prima, mas contar que me encantei pelo amigo do seu namorado está fora de cogitação. — Pensando em ideias para o trabalho de amanhã, a noiva quer surpreender o noivo com a notícia da gravidez e ele acha que farão apenas algumas fotos para o casamento.

— Já fez tantas fotos de noivos, por que parece tão nervosa? — Kelly insiste concentrando a atenção de suas amigas em mim também.

— Tão único e especial como encontrar o vestido perfeito para uma noiva, uma foto não é apenas um registro. É preciso saber captar as emoções do momento para que todas as vezes em que olharem a foto, possam se lembrar das boas sensações que sentiram no dia.

Eu amo o meu trabalho, capturar um sorriso apaixonando ou os olhos brilhando de paixão enquanto um casal se olha me faz ter esperanças na humanidade ainda. É um tipo de contato mais próximo que posso ter com o amor verdadeiro. Não daqueles fantasiosos em que absolutamente tudo coopera para que o casal termine junto e vivam o "felizes para sempre", mas sim o amor construído com confiança, parceria e carinho após muito esforço e determinação de ambos para que o relacionamento funcione.

Esse não é o tipo de relação que posso conseguir de um homem como o Kane. É melhor ignorar nossa noite até que eu realmente a esqueça ou continuarei alimentando sentimentos perigosos por alguém que não pode me oferecer o que procuro. Como obter a lealdade de alguém que nunca foi exclusivo? Como ter compromisso de alguém que prefere casos? Como desejar um futuro com alguém que só pensa em viver o presente?

A resposta para todas essas perguntas é simples: não há como. Kane se encaixa perfeitamente na classificação de homem-problema e não posso investir em uma pessoa que me causará mais estragos que alegrias. Não mereço viver de migalhas ou me iludir com uma falsa positividade para os meus anseios de mudança de um homem. 

Se você já o conheceu descompromissado, sem responsabilidades e sem visão de futuro, não se pode esperar que você o "conserte". É mais fácil que um homem assim a envie para a terapia. Não chore por uma pessoa que, enquanto você sofre, já está declarando amores para outra. Apenas evite a dor de cabeça e preserve um pouco mais a sua saúde mental.

Kane pode tentar se aproximar, mudar seu trajeto para passar pela loja, "amar" o café da lanchonete duvidosa na rua ou qualquer outra coisa. Estou permitindo isso porque acho engraçado, mas no momento em que me sentir saturada ele terá que parar com sua performance. Sou filha de militar, meu pai me criou para não temer um cara e saber mexer em mais coisas que câmeras fotográficas.

— Eu preciso de cerveja. — Anuncio ao me levantar da beira da piscina. —Alguém mais?

— Não, obrigada. — Elas respondem em coro.

Com uma concordância rápida, contorno a piscina e atravesso o jardim até a cozinha da casa. Smith é um fazendeiro do Texas, faz sentido que ele tenha escolhido um rancho para viver quando se mudou para Montana, mas Kelly? Minha prima exala uma vibe dos anos 50 que não pode ser contestada, sua mudança para o rancho só pode ser explicada pelo aconchego do lugar.

De alguma forma, o rancho e a casa são uma mistura harmoniosa de rústico e moderno, interiorano e aconchegante que os tornam perfeitos para Kelly e Smith começarem uma família. É como um pedacinho de paraíso na terra, perto o suficiente da cidade para trabalho e emergências e longe o suficientes para que eles tenham toda a privacidade possível. Não há um vizinho problemático espiando por cima da cerca ou os fazendo sofrer pelas paredes finas.

— Que coincidência, eu também estou atrás de uma cerveja. — A voz de Kane ressoa pela cozinha assim que fecho a porta da geladeira.

— Não estou roubando todo o estoque. — Ergo minha long neck no ar. — Você ainda consegue mais cervejas.

— O que acha de sairmos para jantar, Evie?

— Não, obrigada. — Forço um pequeno sorriso. — Me pagar um jantar não é a forma mais eficiente de parar na minha cama de novo, Kane.

— O que eu posso fazer?

— Nada, você nunca mais verá a minha cama ou as minhas partes íntimas.

— O que eu fiz para você?

— Nada. Foi uma noite muito boa, mas eu estou pensando em encontrar um relacionamento sério e não vou conseguir isso enquanto estiver me divertindo com o mulherengo da cidade.

— Se eu quisesse apenas me divertir com você não a chamaria para um encontro, não acha?

— Acho que você não ouviu bem. — Dou dois passos em sua direção, mas paro para manter uma boa distância entre nós. — Eu estou atrás de um relacionamento sério e nós dois sabemos que não conseguirei isso com você, Kane. Tenha uma boa tarde.

Apenas uma Conquista - Jogadores #3Where stories live. Discover now