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Capítulo 10

Não ficou tudo bem.

Eram duas da madrugada da terceira semana de aulas, Harry estava tranquilamente dormindo quando ele foi acordado por pancadas fortes na porta. Ele pula, vai abrir e se choca com a visão de Draco Malfoy, com os olhos lotados de lágrimas brilhantes e tristes. O loiro segurava algo nas mãos, parecia um pergaminho.

– Como você entrou aqui?!

– Não importa! Olha isso, porra! A pílula não funcionou!

O pergaminho dizia explicitamente algo que Harry não podia acreditar.

Gravidez: positivo.

– Porra, de novo?! Minha vida é algum tipo de entretenimento, universo?! – Ele sussurrou para si mesmo, puxando Draco para fora do quarto e o levando até o quadro.

– Vai me expulsar?!

– Não – Harry diz – Mas não é seguro conversar aqui.

Eles vão andando sorrateiramente até a torre de astronomia e ao chegarem, Harry solta um grande suspiro.

– Olha, eu sei que deve ser difícil, isso vai interromper nossas adolescências, então é provável que a melhor ideia seja um abor... – Draco foi interrompido.

– Se terminar essa frase, eu serei obrigado a agredir um gestante.

– Desculpa.

– Vamos ter calma. Por um tempo, sua barriga nem vai aparecer, então não temos que nos preocupar com atenção indesejada por enquanto.

– Por que está fazendo isso?

– Isso o que?

– Me ajudando – Draco diz de cabeça baixa – você é a porra do menino-que-sobreviveu, deveria estar preocupado com sua imagem.

– Você acha mesmo que eu me importo com essa merda?! A coisa que mais me deixou com raiva de você quando éramos crianças foi você ter deixado claro que queria ser amigo do meu título, não de mim.

– Oh.

– E eu tenho certeza que "naquele dia", você também achou interessante a ideia de ser a primeira vez do menino que sobreviveu.

Draco abriu a boca para rebater, mas então percebeu.

Harry estava certo.

– E mais uma coisa – Harry disse – eu nunca abandonaria uma criança indefesa por um erro meu ou de outra pessoa.

Malfoy não teve forças para se impedir de começar a chorar. Ele se afastou e chegou perto do parapeito, chorando enquanto observava a orla da floresta. Harry suspirou e se aproximou. Ele passou uma mão calmante nas costas de Draco, na tentativa de consola-lo.

– Estragamos nossas adolescências, não foi? – Draco pergunta.

Harry sorri e suspira, talvez não seja um problema compartilhar sobre seu filho.

– A minha nem tive a oportunidade de estragar – ele solta uma risada – minhas filhas sequer foram geradas por sexo...

– Você tem filhas?!

– Sim. Duas. Lily e Cassandra.

– E quem é o pai ou mãe? Não me diga que é a Weasley – tentou enxugar as lágrimas que ainda escorriam por seu rosto.

– Não posso te dizer – Harry bagunça os cabelos do mais baixo ainda tentando distrair – Teria que assinar um contrato jurando nunca contar a ninguém.

– Deve ser o ministro – Draco riu.

Um silêncio confortável se estabeleceu ali, mas foi quebrado por uma sensação estranha tomando conta de Harry. Era algo em suas costas e de repente, estava se espalhando por seu corpo.

– M-Malfoy, acho que tem algo – Depois desse ponto, suas falas se tornaram grunhidos e depois rugidos de dor. Seus dentes começaram a entrar e sair de suas gengivas, deixando um formigamento estranho. Seu rosto começou a doer e ele tentou encostar em algo, se jogando contra o parapeito. Parecia que algo atrás de si estava se alargando.

– Potter, que porra está acontecendo?!

O seu corpo parecia mudar e suas roupas estavam rasgando, seus grunhidos estavam cada vez mais altos quando, por acidente, Harry tropeçou e caiu da torre.

– HARRY! – Draco se aproximou do parapeito e olhou para baixo, mas não viu nada, quando repentinamente, um ser de escamas escuras e tão rápido quanto um feitiço voou acima de si, logo descendo e aterrissando na torre.

Draco pulou e começou a andar de costas, os olhos verdes que lhe encaravam deixavam calafrios e ele acabou por tropeçar, se arrastando até suas costas atingirem a parede. O dragão na sua frente se aproximou até que finalmente parou, lhe cheirando. Ele começou a fazer carinho no humano loiro com a cabeça, deixando o rapaz de olhos azuis em choque.

– Harry? – Ele perguntou e o dragão lambeu seu rosto, se afastando e dando um sorriso banguela – HARRY?!

Harry se transforma, completamente nu, com olhos dilatados e sorrindo na ausência de dentes.

– Meu Deus, acho que nunca me senti tão vivo.

– VOCÊ É A PORRA DE UM DRAGÃO?!

– Acho que seria uma boa ideia eu pesquisar sobre o que eu sou – Ele ri nervoso – Achei que Fúrias da Noite só tinham algumas habilidades interessantes.

– Bem, eu já dei uma pesquisada sobre o assunto na biblioteca da minha casa na França e pelo que sei, na era viking,  haviam dragões com esse nome também.

– Eu acho que vou descer até a câmara secreta atrás disso.

– Você é o herdeiro?!

– Não, mas eu falo língua de cobra.

– Faz sentido! – Ele afirma – você é um dragão, por isso fala língua de cobra, já que são parentes distantes!

– É, faz sentido...

– Bem, agora que suas roupas estão rasgadas, me explica como você pretende voltar para a torre da Grifinória?

– Eu não vou hoje, provavelmente vou passar a noite inteira pesquisando na câmara secreta e vou arranjar umas roupas por lá. Tenho que procurar a entrada do escritório de Salazar Sonserina – Ele explica levantando.

– E pretende ir nu pelo castelo?

Harry riu e foi até o parapeito.

– Acho que é bom eu treinar como se voa e eu sei que tem uma entrada perto do lago negro, então, Adeus! – Ele deixa seu corpo cair da torre e então se transformando no ser de escamas pretas enquanto Draco lhe observa.

Harry não faz ideia de como aprendeu a voar, é como se ele tivesse nascido sabendo, muito incrível! O vento no seu rosto fazia se sentir...

Livre.

Ele desceu suavemente até o Lago Negro, vendo uma cratera de longe, ele imaginou que ali seria a entrada. Voou para dentro e então, pôde ver o corpo do basilisco ali caído.

Aterrissou perto da grande cobra e se destransformou. Ele fez seu caminho até a boca da estátua de Salazar Sonserina e então tateou, encontrando uma cobra entalhada em pedra logo ao lado. Ele sussurrou um "abra" em língua de cobra e uma porta se abriu, revelando o escritório.

Era um tipo de biblioteca. Haviam estantes lotadas de livros e uma mesa no centro. Harry começou a procurar sobre Fúrias da Noite e finalmente achou um livro enorme documentando sobre isso.

Harry pôs em cima da mesa e foi a procura de roupas, achando túnicas velhas, mas que serviram.

Se aconchegou suavemente no trono de couro e abriu o livro, era bem velho, então ele lançou um feitiço simples de conservação sem varinha.

"Para começar a falar de fúrias da noite, preciso falar de um viking. Seu nome não está escrito, mas ele era conhecido como "O Treinador De Dragões"..."

A Fúria Da NoiteWhere stories live. Discover now