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          BUFEI PELO QUE DEVERIA ser a quinta vez desde que pusemos nossas bundas naquele banco velho e mofado do ônibus escolar.

Aparentemente, nossa escola iria fazer uma excursão até um lugar que eu não ligava nenhum pouco, para fazer um trabalho sobre algo que eu ligava menos ainda.

Toda aquela vida era um saco.

E como eu sabia disso? Porque tinha anos que eu estava ali.

Eu nunca fui uma criança fácil, digamos assim.

Sempre me metendo em encrencas, sempre brigando e bom... nem sempre eu era a melhor aluna da classe.
Não que minhas notas fossem ruins, pelo contrário, existiam pessoas bem piores, mas aparentemente os diretores das minhas antigas escolas estavam de saco cheio de mim.

E foi assim que aos 13 anos eu fui expulsa da academia Yancy, após um telefonema bem curto para minha mãe onde o diretor da escola insistiu que eu havia jogado Chuck na piscina.

Ta, eu joguei. Mas e daí?
Ele pisou no meu lanche!

E desde então eu tenho ficado nessa escola... A pior de todas.

— Jason, você está bem? — Sou arrancada de meus pensamentos ao ouvir a voz de Piper no assento ao lado do meu.

Ela vestia um jeans desbotado, botas de caminhada e um casaco de snowboarding de fleece. Os cabelos castanhos, tinham um corte repicado e assimétrico, com uma trança fina de cada lado. Ela não usava maquiagem, como se tentasse não chamar atenção — o que não funcionava. Seus olhos sempre pareciam mudar de cor, como um caleidoscópio... marrom, azul e verde.

Apesar do gosto um pouco questionável para roupas, Piper era linda. Como uma espécie de Elena Gilbert do grupo.

Virei o rosto a tempo de ver Jason soltar a mão dela.

— É, eu não...

Na parte da frente do ônibus, um professor gritou:

— Certo, cupcakes, atenção!

Esse é o nosso treinador: Gleeson Hedge. Sempre um poço de amor, grito, carinho, agressão e açúcar.

Muito açúcar.

Ele usava um boné enfiado na cabeça e a única coisa visível eram os olhos pequenos e brilhantes. Tinha um cavanhaque ralo e o rosto azedo, como se tivesse comido algo estragado. O peito e os braços bronzeados estavam marcados por baixo da camisa polo laranja vivo. A calça de náilon e os tênis Nike eram incrivelmente brancos. Tinha um apito pendurado no pescoço e um megafone na cintura.

Ele definitivamente seria uma figura bem assustadora se não medisse só um metro e meio.

Quando ele ficou de pé no corredor, um dos alunos gritou:

— Levante-se, treinador Hedge!

— Eu ouvi isso! — retrucou ele, procurando no ônibus o ofensor.

Seus olhos se fixaram em Jason e sua expressão ficou mais severa.

Não conseguia me lembrar quando exatamente havia começado essa cisma do treinador com Jason, mas por algum motivo bem estranho eu sabia que ela era completamente justificada.

Achei que o loiro fosse ser chamado atenção, mas o treinador olhou para outro lado e pigarreou.

— Vamos chegar em cinco minutos! Fiquem com seus pares. Não percam suas folhas de exercícios. Caso algum de vocês, meus cupcakes, cause qualquer problema nessa excursão, eu, pessoalmente, os mandarei de volta ao campus do jeito mais penoso. — Ele apanhou um bastão de beisebol e fez de conta que batia um home run.

𝐓𝐇𝐄 𝐅𝐎𝐑𝐆𝐎𝐓𝐓𝐄𝐍 𝐃𝐀𝐔𝐆𝐇𝐓𝐄𝐑 - 𝐇𝐃𝐎Where stories live. Discover now