Capítulo 11

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                  Renzo Santoro

Acordo com o som do meu celular tocando, tateio os bolsos da calça até encontrá-lo e atendo sem nem ver o nome.

— Alô? — digo, sento-me no sofá. Meu corpo está todo dolorido e a cabeça também está explodindo de dor. Acho que acabei dormindo aqui quando cheguei ontem. Nem sei como cheguei em casa depois de tanto beber. Precisava me distrair e o álcool ajuda a esquecer os problemas da minha vida por um momento.

— Parabéns para nós, irmãozinho! — Natalie exclama. Tenho que afastar um pouco o celular para não explodir meu ouvido com a gritaria dela. Tão cedo ou tão tarde? Não faço ideia que horas são agora. Sei que é domingo e, pela minha irmã, é nosso aniversário.

— Por que essa ligação tão cedo? — pergunto, abafando um bocejo.

Levanto e caminho até a varanda do apartamento, observando a cidade daqui de cima.

— Não me diga que esqueceu?

— Esqueci o quê? Não tem nada marcado na minha agenda hoje que eu saiba.

— Ren, hoje somos obrigados a comemorar nosso aniversário com alguns investidores. Nosso pai já tinha marcado isso, então não tem como não ir. Eu odeio ter que passar meu aniversário falando sobre negócios, mas não tem jeito, né? O almoço está marcado para 12:00. Vou te enviar a localização e você tem que levar a Amélia, ordens do nosso pai.

Suspiro irritado e encerro a ligação. Odeio essas reuniões idiotas de comemoração de aniversário que, na verdade, nunca têm nada além de negócios. Não faço ideia de como vou aparecer apresentável para essa reuniãozinha se meu olho está roxo e minha boca machucada, obra do meu pai. Mas se eu aparecer desse jeito, vou ser reclamado por ele. E se eu não aparecer do mesmo jeito, passo a mão no cabelo frustrado e caminho para o meu quarto. Antes, tomo um remédio para passar a dor de cabeça.

No caminho, encontro Amélia saindo do seu quarto. O quarto dela é em frente ao meu, não tem como eu ignorá-la. Lembro vagamente dela ter me ajudado com os meus ferimentos, mas não sei o que devo dizer. Não sou bom em ser gentil, nunca fui.

— Bom dia — ela diz com um sorriso. Nunca a vi sorrindo para mim desde que casamos, acho até estranho.

— Bom dia... hã... hoje vai ter uma reunião com o meu pai, minha irmã e alguns investidores. Seria bom que minha esposa fosse, sabe, para manter as aparências — tomo coragem para dizer.

Ela me encara pensativa.

— Tá bom, que horas é? — pergunta. Realmente, hoje ela está estranha. Pensei que ia dizer que não iria.

— Meio-dia.

— Ok, já são 10 horas, vou me arrumar — ela entra para o quarto novamente. Só agora percebo que é a primeira conversa civilizada que temos desde que ela veio morar aqui. Entro para o meu quarto e vou tomar um banho. Primeiro, olho meu rosto no espelho. Não está tão ruim, mas definitivamente não dá para esconder isso. Depois do banho, visto uma roupa mais casual, mas não muito casual. Está no meio-termo, já que vai ter investidores, tenho que ir com uma boa aparência.

Ouço uma batida na minha porta. Só pode ser Amélia, porque Lurdes não trabalha hoje. Abro a porta e Amélia está com uma maleta que parece ser de maquiagem na mão.

— Eu pensei que poderia ajudar a esconder o roxo do seu olho, se quiser — diz ela, apontando para o meu rosto.

Fico confuso com sua mudança de atitude. Antes, me ignorava e agora está se propondo a ajudar. Muito estranho.

— E tem como esconder isso?

Amélia me encara como se eu fosse um idiota.

— Maquiagem faz mágica até nesse rosto feio seu — noto uma ironia em sua voz. Arqueio a sobrancelha e a deixo entrar no meu quarto. Ela nunca entrou aqui antes e é estranho, já que somos casados e nunca entramos nos quartos um do outro.

— Senta na cama — ordena ela. Faço o que ela manda. Ela coloca a maleta de maquiagem na cama e se aproxima de mim, ficando na minha frente. Tenho que abrir as pernas porque ela está tão perto. Seguro a respiração quando sua mão toca meu rosto e levanta. Seus olhos avelã ficam me observando com atenção.

— Vai dar para esconder, então vamos começar — comenta. Mexe na maleta e começa a passar coisas no meu rosto.

— Só espero que não esteja me transformando em um palhaço — ironizo.

— Não me dê ideias — debocha, continuando a aplicar coisas em mim.

Meus olhos traidores insistem em olhar cada detalhe do seu rosto perfeito e vagueiam até a boca rosada que beijei naquela noite na boate. Ainda me lembro da sensação dos seus lábios nos meus e de como fiquei obcecado em tê-la na minha cama e fazê-la minha. Seria mentira se dissesse que às vezes não penso nela na minha cama à noite. Mas não posso seduzi-la de novo, porque Amélia não seria um caso de uma noite que eu poderia facilmente descartar no outro dia. Não, Amélia e eu somos casados e eu teria que vê-la todos os dias. Isso se tornaria algo maior, algo que não quero para minha vida. Acabaria me envolvendo com ela e não quero isso. Com ela, não posso ser irracional e puxá-la aqui mesmo, grudar seus lábios nos meus e acabar com essa tortura. Não quero Amélia na minha vida e nenhuma outra mulher.

— Quase um palhaço — brinca, pegando um espelho da maleta e posicionando no meu rosto para eu ver o resultado.
Incrível como se eu nunca tivesse levado um soco no rosto.

— Isso é impressionante — comento. Ela se afasta, guardando as coisas na maleta, e entrego o espelho a ela.

— Espero que tenha revidado — ela diz. No momento, eu não entendo, aí que dou conta de que está falando se eu revidei na suposta briga que ela acha que eu estava envolvido. Não respondo, até porque não há nada a falar quando nem pude revidar. Se eu dissesse que era o meu pai que fez isso, nem sei como reagiria. Provavelmente debocharia.

— Enfim, vou me arrumar agora — ela sai do quarto e eu fico sozinho novamente, pensando nela e em sua atitude de hoje, de como mudou da água para o vinho.

Aproveito para fazer uma ligação para um investigador particular. Quero resolver logo essa coisa de eu ser supostamente pai do filho da Giulia. Quero saber cada passo e vou descobrir com quem ela está trabalhando para me ferrar.

— Olá, Renzo.

— Olá, Paolo. Preciso dos seus serviços.

— Claro, em que posso ajudar?

— Quero que investigue alguém para mim, cada passo, com quem anda, com quem fala, onde vai, quando volta. Quero saber tudo.

— Deixa comigo. Qual o nome da pessoa?

— Giulia Martins. Vou te mandar os dados, o endereço e a localização da casa.

— Certo.

Encerro a ligação. Agora vou descobrir tudo o que preciso.

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