Uma Aliança De Contrato

Capítulo 27

                Amélia Ferrari

Levei a casinha que Renzo fez assim que saí da empresa. Celeste adorou o presente e disse que Renzo está perdoado e que queria vê-lo para agradecer, mas falei que o levaria outro dia porque mais tarde teria um jantar na casa da família do Renzo. Confesso que estou um pouco apreensiva, afinal nunca tive interação com ninguém da família de Renzo, a não ser Natalie, que é uma pessoa legal e amistosa. Mas diferente dela, tem o tio que conheci no dia do aniversário deles. Ele me olhou com desprezo e teve pouca conversa comigo, assim como o pai, que apesar de ter armado um casamento com meus pais para nós dois, não parece gostar de mim. Eu sou apenas um acordo de negócio para ele. Na verdade, para todo mundo.

No meu quarto, procuro algo adequado para vestir depois de ter tomado um banho com água quente. Encontro um vestido preto de alcinha que fica colado ao corpo, realçando bem as minhas curvas. Ele fica um pouco acima do joelho. Depois de colocar o vestido, faço uma maquiagem simples e solto meu cabelo loiro ondulado, dando uma leve ajeitada com as mãos. Olho no espelho e gosto do resultado, me sinto bonita.

Saio do quarto para esperar Renzo. Não demora muito para ele aparecer. E estou quase hiperventilando. Caramba, pensei que não tinha como Renzo ficar mais bonito, mas o cara é literalmente um deus grego. A roupa não é nada de outro mundo, mas tudo fica bem nele. Seus cabelos negros estão em uma ordem perfeita de bagunçado e arrumado. Alguns fios molhados caem na testa, tornando-o mais atraente. Fico encarando ele igual uma idiota, mas então percebo que ele também está me olhando. Não, ele está olhando cada parte do meu corpo, a dita expressão "comendo com os olhos". Vejo-o umedecer os lábios, e seu pomo de adão subir. Engulo em seco, sentindo todas as minhas entranhas se revirarem em meu corpo. A tensão entre nós é palpável.

— Você já está pronta? — pergunta. Noto que sua voz fica meio rouca, ele pigarreia e desvia o olhar de mim.

— Sim, já terminei...

Ele assente sem me olhar.

— Então vamos...

Seguimos para o carro e entramos. Renzo logo liga o carro e faz a coisa funcionar. O caminho até lá é silencioso, assim como todas as outras vezes. Mas hoje tem algo diferente, uma tensão diferente, é desejo. Não quero admitir, mas é isso. Enfim, chegamos na casa do pai do Renzo. Adentramos o lugar, que é enorme, bonito e principalmente luxuoso. Logo noto Natalie e o namorado Diego, depois meus olhos focam no pai de Renzo, o tio dele, e por último um senhor que deve ter por volta dos 80 anos. Todos nos cumprimentam quando nos veem, tento ser o mais educada possível. Nos sentamos no sofá e eles começam a conversar entre si, sempre envolvendo negócios, até o momento em que vamos para a sala de jantar. Empregadas nos servem o jantar enquanto eles continuam conversando.

Estar aqui é estranho e me sinto um tanto invisível, mas percebo que Renzo não está diferente. Ele mal abriu a boca desde que chegou. Logo começamos a aproveitar o jantar, até que Diego se levanta, atraindo a atenção de todos que estão na mesa.

— Eu tenho uma coisa para falar — anuncia ele. Seus olhos percorrem cada um de nós, então se detém em Natalie, em um sorriso encantador. Natalie sorri, parecendo confusa.

— Diga, rapaz — o senhor que descobriu que é o avô de Renzo fala.

Todos nós o olhamos ansiosos, ele parece nervoso. Então, Diego, meio desajeitado, afasta sua cadeira e se ajoelha em frente a Natalie. Ela eleva o olhar, surpreso, já sabendo o que vai vir por aí. Eu também não deixo de fixar, surpresa, um sorriso até aparece em meus lábios. Ele vai pedi-la em casamento.

Ele tira uma caixinha do bolso e abre, revelando um anel.

— Natalie, eu te amo e quero passar o resto da minha vida com você. Quero você em meu futuro e, por isso, quero te perguntar: Natalie Santoro, aceita se casar comigo? — Natalie coloca as mãos na boca, sem acreditar. Seus olhos verdes lacrimejam e ela se levanta meio atordoada.