Capítulo 12 - Destino

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HAN JISUNG

— Vamos para o seu quarto.

Para a minha sorte, Minho parecia ansioso demais para continuar me irritando. Ele apenas sorri, vitorioso, e entrelaça seus dedos aos meus, me puxando e me guiando tranquilamente para fora do templo. Todo o percurso pareceu irrealista, como uma cena ricamente detalhada de um antigo livro tendo seus versos ditados em voz alta. Meus pés pareciam guiar-se por vontade própria, meus dedos segurando com afinco contra os dedos de Minho, o toque quente transmitindo uma antecipação nada discreta.

Uma eternidade pareceu percorrer, mesmo que nos guiássemos com passos rápidos, vez ou outra soltando o toque que nos unia quando um grupo de estudantes passava por nós por entre os extensos corredores, sempre junto de olhares julgadores de surpresa. Ainda não conseguiam acreditar que o garoto popular e eu agora éramos amigos, e duvido que a possibilidade de que estávamos indo para o quarto do Lee para nos beijarmos tenha sequer sido cogitado em suas cabeças.

Para ser honesto, nem eu havia cogitado essa possibilidade até o momento.

Por fim, a porta amadeirada do quarto de Minho, na ala dos dormitórios masculinos, tomou o nosso campo de visão. Assim que entramos, fechando e trancando-a rapidamente, o ar pareceu mudar de densidade. Minho, ainda junto de seu olhar intenso, apenas me encarou profundamente, como se esperasse algo. Uma ação, ou talvez, algum tipo de permissão. Sem saber como reagir, e ainda sentindo o coração batendo como louco no peito, fiz o que me pareceu mais óbvio no momento. Apoiei minhas costas contra a porta do quarto, sentindo que minhas pernas vacilariam se permanecesse mais um segundo exposto contra o olhar intenso de Minho, e mordendo meus lábios nervosamente, simplesmente estendi meus dedos, procurando, praticamente pedindo pelo toque do Lee.

Minho, tomando o pequeno gesto como a deixa que esperava, não demorou para segurar os dedos de minha destra contra os seus, lentamente separando nossa pequena distância. Seu corpo se aproximou, perto e mais perto. Seu toque quente subiu, primeiro até meu punho, depois ao meu antebraço, e por fim descansou em minha bochecha novamente, enviando arrepios por toda a extensão da epiderme em que passava. Com a mão esquerda, envolveu seu toque ao redor da minha cintura, e outra vez, como uma visão irrealista, a cena tão esperada de qualquer livro antigo de romance, seus lábios enfim se conectaram com os meus.

Sempre ouvi dizerem que a expectativa nunca supera a realidade. A ideia de que, muitas vezes, a sensação que o seu cérebro projeta sobre algo que ainda não vivenciou é superestimada, e quando a realidade finalmente te atinge, tudo que resta é a decepção. Mas Minho, com seus lábios quentes e macios, envolvendo minha boca num ritmo intenso, embora lentamente prazeroso, deve ser a exceção à regra. A sensação de beijá-lo, de senti-lo de verdade, nunca poderia ser superada, nem mesmo pela imaginação mais fértil.

E por isso, inerte na sensação que me entregava, tive de retribuí-lo. Tive de envolver meus braços contra o seu pescoço, puxando para mais perto, por mais que fosse fisicamente impossível aproximar ainda mais nossos corpos. Tive de desenhar ainda mais a sua boca contra a minha, apreciando o movimento ritmado que nossas línguas faziam uma contra a outra, quase como se fosse um ato familiar. Quase como se eu já tivesse o beijado um milhão de vezes antes. A sensação de familiaridade, mesclada com a ansiedade da primeira vez. O encaixe perfeito.

Quando nos afastamos, no entanto, nossos olhares não se conectaram. Ainda perto, ainda com a mão pesando sobre a minha cintura, Minho encostou sua testa contra a minha, e seus olhos fixaram-se para baixo. Por um momento, acreditei fielmente que encarava o chão, pensativo, mas não demorei para entender que o encarava era a minha boca, como se a desenhasse com seus olhos, como se esperasse que eu cedesse de novo para que ele pudesse me beijar outra vez. Estava tão absorto, tão perdido em sua presença, que fechei meus olhos, me guiando apenas pela respiração descompassada do Lee que se juntava à minha.

andrômeda 81 | minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora