Capítulo 16 - ...e Umbra

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HAN JISUNG

A morte de Felix foi sufocante o suficiente para que a minha consciência se nublasse. Quando meus olhos se abriram, a Escuridão já me rodeava, correndo apressada como sangue pelas veias. Ela havia me pegado dentro de um momento de fragilidade, brincado como um predador divertindo-se com o medo de sua próxima presa. Assim como dentro das minhas visões do passado, o meu corpo se tornou um fantoche, espelhando todas as ações que ela desejava.

Embora desperto, ciente de todas as sensações que chegavam até mim, não possuía mais o controle de minhas próprias ações. A Escuridão, usando-me, matara Chris. Ela, sinistra como sempre, engolira Minhyun e Chan dentro de suas sombras, escondendo-os em algum canto soturno de Andrômeda. Ela, usando as minhas pernas, retornou à arena, rodeando os abençoados despreocupadamente dentro de uma atuação e aparência tranquila.

A voz de mestre Choi, soando pelos alto falantes, garantia o fim do circuito e o começo do desmonte dos obstáculos para o próximo cenário: o duelo. Foi dentro da agitação da preparação que avistei Lux outra vez. Com o rosto seco, mas igualmente abalado, se aproximou dos restantes abençoados, os olhos procurando com apreensão por uma figura específica ao redor. Não demorou para que nossos olhos se encontrassem. Por dentro, senti o peso em meus ombros, a dor do luto por Felix e da culpa pelo assassinato de Chris. No entanto, o sentimento da Escuridão foi outro: orgulho, preenchendo-me de uma forma incômoda. Ela me guiou até a figura de Lux numa caminhada convencida, e meus lábios se repuxaram irritantemente, contra o meu desejo, num sorriso maldoso.

— Onde eles estão? — disparou Minho, mais como um sussurro urgente entre dentes. A tensão parecia dominá-lo, e com olhos alertas, avaliava-me com cuidado, garantindo a postura defensiva para qualquer ataque surpresa. A Escuridão, no entanto, apenas riu.

— Não se preocupe com eles, Lux. — Depois, forçou meus olhos em provocação. — Ou devo chamá-lo de Minho? O que você preferir, querido.

Lux sorriu, embora fraco e sem nenhum divertimento no rosto.

— Não estou com tempo para suas brincadeirinhas.

— Deveria. Já quer uma guerra? Tão rápido? — rindo novamente, ergueu minhas mãos até a altura do peito, guiando-me para dentro de sua atuação dramática. Eu podia sentir, correndo pelas minhas entranhas, suas verdadeiras intenções. Ainda sussurrado, provocou: — Está tirando toda a emoção da espera!

Minho engoliu em seco, as sobrancelhas franzidas por irritação.

— O que está tramando, afinal?

— Eu? Nada demais! No entanto, acredito que atrapalhar o exame final seria extremamente deselegante. — Curvando-se para frente, pude sentir a respiração apressada de Lux contra meus lábios quando ela, maldosa como sempre, sussurrou de volta, bem próxima ao rosto dele: — Ainda temos um duelo, não temos? — A visão dos olhos confusos do Lee durou apenas um segundo. O ignorando, a Escuridão se afastou, guiando-nos até a visão da arena. O espaço, agora mais amplo pelo desmonte eficiente dos obstáculos, parecia mais do que preparado para o duelo. Ignorando os olhares irritantes e murmúrios curiosos que agora caiam sobre nós, a Escuridão invadiu a arena despreocupadamente, por mais gritante que meus pensamentos insistissem o contrário. A multidão, assim como a visível censura dos mestres ao redor, não foi o suficiente para pará-la. Usando meus lábios para um falso sorriso simpático, e o meu tom de voz com volume e confiança, ditou: — Abençoados, chamo-me Han Jisung! Por circunstâncias incomuns, não pude participar do circuito. Como redenção, ofereço-me como a primeira opção para o duelo. E é com extrema honra que desafio o mais novo prodígio desta geração de Andrômeda. — Minha visão foi tomada pelo rosto incrédulo de Lux, a passos de distância do centro da arena. — Lee Minho, deseja lutar comigo?

andrômeda 81 | minsungМесто, где живут истории. Откройте их для себя