XV

19 4 0
                                    

Ao chegar em casa, relutante e completamente obrigada por Olga, eu como alguma coisa, em seguida sigo para o meu quarto, onde tomo um banho demorado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ao chegar em casa, relutante e completamente obrigada por Olga, eu como alguma coisa, em seguida sigo para o meu quarto, onde tomo um banho demorado.

Na maioria das vezes em que entro debaixo do chuveiro, eu choro, é o único momento em que deixo toda a tristeza e dor que sinto em mim, se aflorarem. Afinal, debaixo da fina cascata que desce pelo chuveiro, minhas lágrimas são inúteis.

Ao sair do banho, passo longos minutos atrás de uma roupa bonita no armário, e quente, pois o inverno estava chegando.

Quando enfim acho uma roupa que eu considerasse bonita e quente, o meu celular toca, com o nome de Susan piscando na tela.

- Estou muito atrasada? — Falo assim que atendo o aparelho.

- Nellie... Aconteceu uma coisa.

- O que? Fale logo, está me deixando tensa.

- O Ian, ele foi atacado, a caminho daqui.

- Atacado? Como? E por quem?

- Estamos a caminho do hospital agora.

- Nos encontramos lá então.

Pego a minha bolsa, saindo depressa de casa. E após uma hora de estrada, enfim chego ao hospital em que eles estão.

Ao chegar já avisto Susan, que vem ao meu encontro chorosa.

— Que bom que veio. — Me abraça.

— Como ele está?

— Os médicos conseguiram fazer com que ele parasse de sangrar, mas ainda espero por notícias.

— Mas... O que aconteceu?

— Ele estava vindo me encontrar, e ao chegar na minha casa, assim que saiu do carro, foi atacado.

—  Por quem?

— Pelo o que. — Me corrige. — Os médicos disseram que isso só pode ter sido um urso, algum animal grande.

— Um urso? No meio da cidade?

— Sim... Eu não sei, ele está muito ferido.

— Tudo bem, calma.

•••

— Cara... Você está horrível. — Falo, ao entrar na sala em que Ian está.

— Você... Está linda. — Diz com dificuldade. — Desculpa ter estragado o seu dia...

— Tudo bem, eu vou sobreviver, quer dizer... Foi mal.

— Eu fiquei tão preocupada quando te vi lá no chão, meu Deus, que susto você nos deu. — Susan fala, ainda nervosa pelo que presenciou.

— Mas, o que te atacou afinal!?

— Sinceramente? Eu não sei... Foi tudo tão rápido, eu só saí do carro, e fui atacado por algo muito grande, acho que foi um urso, o desgraçado quase abriu a minha barriga.

— Nossa...

Como ele pode ter sido atacado na frente da casa de Susan, e nenhum dos dois terem visto a fera que o atacou?

Que estranho...

•••


Passamos o resto da noite com Ian, no hospital. E no fim das contas, nos divertimos do mesmo jeito. Só eles para fazer com que eu me desligue um pouco dos meus pensamentos.

Pena que nada disso seja permanente, e ao voltar para casa, tudo volta, a tristeza, a solidão, o vazio.

Já estava quase chegando à fazenda, quando por um momento me distraio ao ver na floresta, algo movimentando os galhos e plantas, na mesma velocidade em que eu dirigia na estrada de terra.

É como se me seguisse.

Qualquer um no meu lugar agora, morreria de medo com uma cena dessas. Mas não eu, que apenas encostei o carro próximo a mata, e desci, entrando na floresta.

Olho em volta, sentindo o vento gelado sobre o corpo, os pássaros que cantavam ao início da manhã.

E ao longe, eu só posso escutar, barulho de galhos se partindo, e algo muito grande se movimentar rapidamente, mais precisamente, em minha direção.

E só agora sinto o medo tomar conta do meu corpo. Não posso vê-lo, mas sei que está próximo, eu sinto a sua respiração pesada e cansada.

HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora