XVlll

16 4 0
                                    

Como já fazia ideia de quem Cérbero iria atrás, apenas procurei pelo nome do pobre coitado, achando a sua casa facilmente. Mas ao chegar lá, Cérbero já havia o atacado, e ao me ver, correu para longe, deixando o garoto ferido no chão.

Apenas o observo se está vivo, antes de sair dali rapidamente.

Devo lembrar-me de nunca mais levar esse pulguento de três cabeças para sair.

Após longas horas se passarem, enfim o acho, mas para a minha surpresa, ele não estava sozinho.

Não sei como reagir ao vê-la tão perto. Sentir o seu cheiro, ouvir a sua voz novamente, fazia meu corpo queimar em chamas.

A verdade é que, eu não posso ficar perto dela, por que perto dela eu sou fraco, e minhas emoções afloradas, e a vontade incessante de sair do controle sempre me assombram.

Não podia mais negar que Nellie me causava algo. Tentei negar por anos, tentando me convencer de que eu apenas tive remorso por sua vida sofrida, mas isso não era verdade. Lido com isso o tempo inteiro, e apenas ela me despertou algo diferente.

Mas não posso simplesmente me render a isso. Ela é uma mortal, uma humana, completamente diferente de mim. Tem toda a sua vida pela frente, para viver e desfrutar como quiser, até que a idade a vença e tenha que partir.

O seu destino não pode ser comigo, não saberia como lidar com o tempo passando para ela enquanto pra mim não. Então o melhor seria me manter afastado.

- Hades! - Ela fala mais alto, ao me ver desaparecer diante dos seus olhos.

Eu estava a me controlar ao máximo. Sentir o seu cheiro único, a sua pele macia, e a sua voz suave me trazia um tipo de sentimento que eu nunca senti antes.

×××

- Hades... O que faz aqui? O seu irmão lhe mandou?

- Oi Nix, e não, ele não sabe que estou aqui.

- Com certeza não, ainda mais depois do nosso... Embate, digamos assim.

- Está falando de quando sequestrou a mulher dele grávida, afim de tomar o filho dele para si? - Debocho, me aproximando.

- Ele devia me agradecer, graças a mim a mortal dele está viva e imortal.

- De qualquer forma, isso não é problema meu, e sim dele, mas falando em imortalidade...

- Não.

- O que?

- Seja lá o que for que está prestes a pedir, a resposta é não. O seu irmão já me deu problemas demais.

- Qual é, eu não sou igual a Zeus.

- Não importa. - Ela cruza os braços.

- Não esqueça que somos vizinhos.

- Fale de uma vez o que quer Hades.

- Me fale mais sobre a imortalidade.

- Está de brincadeira? Quem é a mortal da vez? - Sorrindo ela se afasta. - Está a fim de ter um herdeiro também?

- É claro que não, não sou como Zeus.

— E então?

— O que quer em troca? Para dá a imortalidade para alguém mortal.

- Eu não quero nada, não farei ninguém imortal, esqueça, não cometerei o mesmo erro novamente.

- Droga, Nix!


- Agora saia daqui, antes que o mortal da vez se torne você.

Furioso eu saio do tártaro, sem a resposta que eu esperava.

A cada dia que passa eu estou mais convencido de que não devo me meter na vida dos mortais. Afinal, não é porque Zeus deu sorte que eu daria também.

HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora