My Precious: Verdadeiro Amor

Emma

Nós ficamos aguardando na sala de casa e o Dong anda de um lado para o outro ansioso, o Ben vem até mim e senta no meu colo, ele está ficando nervoso com a agitação do Dong. O cachorro corre e deita a cabeça no colo dele, quando o outro vem atrás eu tenho vontade de matar o Dong pela milésima vez, além de ter pego dois cachorros no abrigo ele também acostumou eles dentro de casa, então quando eu voltei de viagem eles já estavam mal acostumados, toda vez que tentava colocar para fora eles choravam ou sei lá o que é aquilo que os cachorros fazem, o Dong ficava nervoso, o Ben não conseguia dormir...

Alguém toca a campainha e o Dong olha pra mim, eu sorrio pra ele saber que está tudo bem e vamos para a porta, eu dou o Ben pra ele, vai ser mais fácil para ele se acalmar, então eu abro a porta e olho pra ele.

— Me espera aqui.

Ele concorda e eu vou até o portão.

— Tong! Eu vi a sua entrevista ontem, você estava incrível, fiquei tão feliz quando você contou que já está com o próximo livro pronto. Eu amei o seu livro! Mas eu já disse isso...

Ela sorri e eu tento retribuir, acho que nunca vou me acostumar com toda essa empolgação dela, nos vimos várias vezes nos últimos três vezes, eu até consegui convites para ela ir em alguns programas que eu participei, mas ela sempre age do mesmo jeito.

Eu abro o portão e olho para os seus braços, ela sorri e dá um passo na minha direção.

— Parabéns, papai!

Eu respiro fundo e pego a bebê, ela é tão pequena e frágil, tão linda...

— Entre, Fai, vamos conversar lá dentro.

Ela entra e fecha o portão, eu viro para o Dong que me olha assustado, animado, nervoso ao mesmo tempo... Eu vou até ele sorrindo, ele coloca o Ben no chão e eu dou a bebê pra ele, seguro o Ben e viro para ele poder olhar pra ela. O Dong parece meio desajeitado e os seus olhos estão vermelhos, é a primeira vez que vemos a nossa filha, ela nasceu há um mês, mas até  concluir a adoção não conseguimos ver ela no hospital que estava internada porque nasceu muito abaixo do peso, os médicos disseram que apesar do peso, ela estava bem, mesmo assim não nos deram autorização para visitas mesmo com o pedido da assistente social. O Dong beija a sua testa e fala quase em um sussurro.

— Oi, Emma...

Eu vejo uma lágrima caindo no peito da bebê, olho para o Ben e sorrio.

— Lembra que eu falei que você ia ganhar uma irmãzinha? Essa é a Emma.

Ele olha para ela e sorri. Nós estávamos preocupados com a sua reação quando contamos pra ele sobre a adoção, mas ele ficou muito feliz com a notícia, disse que a mãe tinha prometido pra ele um irmão antes de morrer, então ele sempre esperou por isso.

A assistente social se aproxima e eu resolvo pegar a bebê, o Dong continua chorando, é melhor deixar ele se acalmar, eu coloco o Ben no chão, toco o seu rosto e faço ele olhar pra mim, pego a bebê e o beijo, a Fai conversa com o Ben enquanto nós entramos e sentamos nos sofás, quando ela senta tira um envelope da bolsa e entrega para o Dong.

— Nós conseguimos concluir todo o processo de adoção, como eu expliquei pelo telefone eles iam mandar ela para o abrigo hoje porque ela recebeu alta, por isso eu liguei perguntando se vocês queriam que eu trouxesse.

— Nós vamos ter que resolver alguma coisa ainda?

— Não, vocês já participaram das audiências, receberam as visitas, nós podemos marcar as visitas de acompanhamento junto com as visitas do Ben, eu converso com a pessoa responsável. Agora é só vocês aproveitarem a sua garotinha.

Ela levanta e eu levanto junto, dou a Emma para o Dong e levo ela até o portão.

— Me desculpe fazer você vir até aqui, Fai.

— Não se preocupe, eu fico muito feliz de ajudar.

Ela pega a chave do carro no portão e olha pra mim.

— Me conta uma coisa, ele morre?

Ela está falando do personagem principal do meu livro, eu me aproximo e falo baixo.

— Você quer mesmo saber?

Ela pensa um pouco e nega.

— Prometo que quando a editora mandar as amostras antes do lançamento eu mando um livro autografado pra você.

— Ah, Tong, eu vou amar!

Ela estende a mão e eu aperto, espero ela entrar no carro e partir então volto para a casa.

Preparo o jantar enquanto observo o Dong e o Ben brincando com a Emma tentando fazer ela rir, mas ela é pequena demais pra isso. O Pluto e o Pateta estão deitados no tapete perto da porta e a televisão está ligada sozinha na sala, isso tudo é tão comum, mas ao mesmo tempo é tão incrível que parece um sonho.

Depois do jantar eu vou com Ben para o quarto, sento na cama e pego um livro para ler pra ele.

— Hoje eu vou ler sozinho, tudo bem? Amanhã o papai Dong vem.

Ele olha para porta e concorda, eu beijo a sua testa e abro o livro.

— Canta pra mim?

Eu sorrio e fecho o livro, guardo ele no lugar e canto baixo até ele dormir. Saio do quarto do Ben e vou para o quarto da Emma, vejo o Dong na poltrona com uma mamadeira na mão.

— Ela dormiu?

Ele acena confirmando, eu vou até ele e pego a mamadeira.

— Faz ela arrotar.

Nós revezamos o dia todo para amamentar ela, nas três primeiras vezes ele teve muito medo, mas depois acabou se acostumando. Ela vomita um pouco na toalha que está no seu ombro, então ele deita ela no berço, puxa a poltrona para o lado berço e senta, segura a minha mão e me puxa para sentar no seu colo.

— A nossa filha é perfeita, Tong!

— Ela é sim.

— Ela parece com você.

— Claro que não!

— Parece sim, olha o nariz grande e as bochechas fofas.

— Os olhos dela parecem com os seus.

— E a boca com a do Ben.

— É verdade...

Nós ficamos olhando ela dormindo por um tempo então eu o beijo.

— Vamos dormir? Foi um dia longo.

Ele fica nervoso enquanto olha para a nossa filha.

— Ela vai ficar bem, Dong, se chorar nós vamos ouvir.

— Não podemos ficar aqui?

— Não, ela vai ficar bem.

Ele suspira e concorda, eu levanto, seguro a sua mão e levo ele para o quarto, ele ainda está preocupado e agora está agitado, então eu tenho uma ideia, vou até o guarda roupa e pego a caixa que deixamos escondida na parte de cima, bem no fundo, eu viro para ele, abro a caixa e sorrio.

— Deve ser gostoso, né?

Ele vem até mim com passos largos e me beija.