Essência Desvelada:

Além das Mágoas: O Canto da Mãe Perdida

Ao som da bossa, a tristeza se faz prenúncio, 

Na mãe que perdeu-se, no próprio sacrifício. 

Seu filho se foi, levando um pedaço de si, 

Num mar de ignorância que a consome aqui.

A indiferença, sua própria sentença, 

Anos de solidão, transportando a dor sem crença. 

Saudade, busca de afeto, olhar de ilusão, 

Perdidos no tempo, na mãe, na solidão.

Dores que a mãe, com ferro, carregou, 

Correntes de traumas, em seu peito afogou. 

Abraços, amores, receios, medos, 

Perdidos na vida, em laços que não cederam.

O filho, foi-se embora, ou foi a mãe que se perdeu? 

Dói, mas a culpa é do meio, que a sufocou no breu. 

Criança que não cresceu, que não pôde sonhar, 

Perdeu a chance de sorrir, de amar sem se quebrar.

O filho não morreu, mas a mãe se esvaiu, 

Na menina que foi, que por tanto tempo partiu. 

Profissões múltiplas como uma boneca sem cor, 

Rosto, cabelo, corpo, mas faltou o amor.

O mundo não é como lhe foi contado, 

Envelheceu e descobriu-se no abandono, maltratado. 

Machucados, cicatrizes, marcas do tempo cruel, 

A menina que cresceu e virou o próprio fel.

A mãe, a mulher, a mão já enrugada, 

Em meio a amarguras, na jornada desolada. 

Não soube perdoar, nem curar, nem se reerguer, 

Presas nas correntes, não pôde renascer.

A menina virou mãe, mas nunca soube ser, 

Aquilo que sonhava sua mãe, ao anoitecer. 

Um ciclo de dores, de sonhos fragmentados, 

Na melancolia, sua história foi enterrada.

Tom Jobim choraria, com seu piano a ecoar, 

Fernando Pessoa suspiraria, na poesia a se afogar. 

A mãe que nunca soube perdoar, nem se redimir, 

Na triste canção, sua vida a se extinguir.

" Inspirado nas meninas, que viraram mulheres e que viveram feridas e amarguradas pela atrocidade da quebra dos seus sonhos e alegria. Para aquela mulher que não quebrou as correntes dos traumas, e que segue seu legado de dor para a única oportunidade de respirar a liberdade através dos sorrisos dos seus filhos. Para aquelas que não só sofrem presas ao que um dia a tornaram, mas aprisiona a alma dos que ama, nesse tormento eterno".