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Sarah

Eu nunca imaginei que eu iria ser abusada sexualmente, isso foi pesado e eu não sou capaz nem de descrever o que eu senti durante e após. Me sinto suja, meu corpo dói, quero chorar.

Eu nem blusa tinha mais praticamente, ficou totalmente destruída. Raphael veio assim que eu contei e conseguiu me achar mesmo sem eu dar a localização exata, até porque eu não sei onde eu tô. Ele já me viu sem roupa várias vezes mas dessa vez é diferente, eu não queria que alguém me visse nesse estado.

Ele tirou a camisa dele e me deu assim que me enxergou, eu a vesti e como ela dava nas minhas coxas a roupa já não era mais um problema. Naquele instante foi como se nunca houvesse acontecido aquela briga feia que tivemos horas antes, eu só o abracei e senti a sensação de casa que ele me passava enquanto chorava, porém agora segura.

── Eu não acredito nisso, Sarah! — Falou separando.

── Não me solta. — Pedi baixinho e ele voltou a me abraçar. Eu me sinto segura quando fico no seu abraço.

Sensação semelhante à de estar em casa. Ele obedeceu meu pedido e ficou agarrado comigo enquanto eu molhava sua pele com minhas lágrimas só esperando a sensação passar. Se é que ela iria passar.

── Quem fez isso com você? Você precisa ir no hospital, na delegacia! — Ele estava tão apavorado quanto eu. ── Eu conheço? — Neguei de forma frenética com a cabeça.

── Não sei quem ele é, Rapha, eu tô com medo! — Falei cessando o choro e senti um beijo ser depositado na minha testa.

── Eu vou te levar para o hospital, vem. — Segurou minha mão com força.

── Onde a gente tá? — Perguntei o seguindo.

── Bem longe. — Respondeu. ── Longe mesmo, isso aqui é saindo da cidade. Onde você estava?

── Eu sai para correr. — Falei fechando a porta após entrar no carro, ouvindo o mesmo girar a chave.

Raphael bufou e jogou a cabeça para trás.

── Você teve um dia péssimo e eu só piorei ele com a crise de ciúmes, né?

── Não quero falar sobre isso.

── Desculpa. — Pediu. ── Me perdoa! Cacete, Sarah, eu nem sei o que falar. Me destruiu te ver daquele jeito.

Não é como se ele tivesse culpa. Ele não tem! Mas eu o conheço o suficiente para saber que ele tá se culpando, só que eu tô sem força para entrar nesse assunto. Eu juro, só vou ir no hospital por questão de saúde porque senão eu iria para casa tomar banho e dormir.

Não sei nem se vou denunciar, eu também tenho medo e é algo que eu não quero falar sobre.

( • • • )

São quatro horas da manhã e eu não consegui pregar o olho, já tomei três banhos desde que chegamos do hospital — eu não quis ir na delegacia — e mesmo assim me sentia suja. Estava no quarto banho enquanto chorava lembrando do ocorrido horas atrás até ouvir a porta do banheiro abrir.

Ele ficou aqui para passar a noite comigo.

── Sarah?

── Eu só tô tomando banho, tá tudo bem.

── Não tá tudo bem! — Falou encarando nos meus olhos. Eu estava tentando fingir estar bem porque não queria preocupar, mas eu desabei em seguida e voltei a chorar.

Fraca! Eu sou fraca.

No mesmo instante ele entrou dentro do box totalmente vestido e me abraçou, o agarrei como se não quisesse — e não quero — o soltar nunca mais e ele ficou assim comigo até eu me acalmar novamente.

Isso demorou.

── Você entrou de roupa, tá todo molhado! — Falei passando a mão no rosto para secar a lágrima que havia caído.

── E daí? Depois seca. — Deu de ombros. ── Amar as vezes também é fazer algumas loucuras, mesmo que sejam elas entrar no banho de roupa. — Falou com um sorriso de canto e, pela primeira vez desde o ocorrido, eu dei risada.

Já enrolada na toalha e com o chuveiro desligado, eu pousei meus braços ao redor do pescoço de Veiga e beijei a sua bochecha, com nossos corpos grudados.

── Se um dia a gente brigar muito ou até mesmo se a gente terminar. — Falou, ajeitando meu cabelo úmido. ── E você precisar de mim, pode me chamar. Independente do horário e da situação, eu vou até você!

── Eu te amo, Rapha! — Respondi. ── Eu te amo muito!

── Eu te amo, Sarinha! — Me chamou pelo nosso apelido interno. ── Você é a pessoa mais importante da minha vida, queria poder te livrar de passar por todas essas coisas ruins!

lar, raphael veiga. Onde histórias criam vida. Descubra agora