Capítulo 8

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Após o expediente, Verônica, cedendo ao conselho de Nelson, teve um momento de consciência, concordando que suas ações poderiam atrapalhar a equipe. Embora tenha passado em casa para tomar banho e trocar de roupa, sua curiosidade a impulsionava a seguir até o prédio de Anita. Estacionou sua moto do outro lado da rua, esperando pacientemente até que Anita chegasse.

Ao vê-la, Verônica desceu da moto e se aproximou enquanto Anita procurava o pin de entrada na bolsa. A delegada, surpresa com a presença de Verônica, levantou o olhar, iniciando o diálogo.

"Porra escrivã, que susto!" - Anita explodiu, enquanto ainda buscava o pin de entrada do prédio. "O que você está fazendo aqui?"

"Queria saber onde você estava. Parece que está envolvida em algo importante." - Verônica indagou, seus braços cruzados expressando uma expectativa.

Anita, sem desviar o olhar, convidou Verônica a entrar no prédio com ela, considerando a hora. Quando chegaram ao apartamento de Anita, ela se jogou no sofá, enquanto Verônica, de braços cruzados, aguardava uma explicação.

"Anita, o que está acontecendo? Por que toda essa movimentação na delegacia? Por que essa operação tão secreta?" - questionou Verônica, buscando respostas para sua inquietação.

"Como você disse, escrivã, é uma operação secreta. Ou seja..." - disse Anita, levantando-se com um sorriso, dirigindo-se até a garrafa de vinho. "Quer?" - ofereceu a Verônica, enquanto abria a garrafa.

Verônica negou com a cabeça. "Não, obrigada. Estou dirigindo."

Anita, persistente, não aceitou a recusa e serviu o líquido em uma taça. "Apenas uma taça não vai te fazer mal, Verônica. Vai, só para relaxar um pouco." - insistiu, estendendo a taça na direção da escrivã.

"Poxa, Anita, por favor, me conta sobre essa operação!" - Verônica insistiu, fazendo um biquinho irresistível e um olhar de cachorrinho sem dono, arrancando uma gargalhada de Anita. "Te conto só se você me der um beijo." - Anita respondeu com um sorriso sacana, lançando sua proposta provocadora.

Verônica a fuzilou com os olhos, resistindo à chantagem. "Chantagem para o meu lado, Berlinger?" - provocou, desafiando Anita. Sem esperar por uma resposta, Verônica atacou os lábios da delegada, o sabor do vinho ainda presente. O que deveria ser um beijo rápido se estendeu, ambas se deixaram levar pela empolgação, aprofundando o contato. Verônica encontrou-se sentada no colo de Anita, enquanto as mãos da delegada exploravam com delicadeza as costas da escrivã, deslizando por baixo de sua camisa.

Anita levantou Verônica, com as pernas enlaçadas em sua cintura, e caminhou com ela até o quarto. Então, depositou a escrivã suavemente sobre a cama, enquanto começou a tirar suas próprias roupas e se ajoelhou na frente de Verônica, fazendo seu coração errar as batidas.

"O que vai fazer?" - Verônica gaguejou, erguendo sua cabeça, enquanto observava Anita desabotoando sua calça. "Você me embebedou pra poder me comer, Berlinger?" - Verônica perguntou, fazendo Anita rir.

"Você não quer?" - Anita perguntou, mordendo os lábios enquanto olhava Verônica despida.

"Hum, eu... Querer eu até quero sabe, mas antes você vai ter que me contar sobre a operação." - Verônica respondeu, sentando na cama e vestindo sua calça novamente.

Anita bufou, consciente de que Verônica não poderia intervir na investigação, mas também ela havia prometido sigilo a Carvana devido à complexidade do caso. Sabendo que detalhes precisos não podiam ser compartilhados, Anita decidiu resumir a situação.

Vestindo apenas uma camiseta de pijama e calcinha, Anita convidou Verônica para se aconchegar em seus braços. Enquanto acariciava os cabelos da escrivã.

"O caso é delicado, Verô. Estamos lidando com uma máfia envolvida em tráfico de pessoas. Carvana designou a mim e à equipe para desmantelar essa operação, mas por enquanto, não temos muitos detalhes." - Anita resumiu omitindo algumas informações, e Verônica se deu por satisfeita com a resposta, aliviada por não ter sido chamada para esse caso. Enquanto trocavam beijos, Anita, em um momento, quebrou o clima.

"E então, como foi o seu encontro? Parece que foi o motivo da sua alegria hoje." - Anita questionou Verônica sobre o encontro que a deixou tão alegre naquele dia.

Verônica compartilhou que o encontro foi excelente, superando suas expectativas inicialmente baixas para um encontro do Tinder. Apesar de incomodada, Anita ouviu atentamente e questionou por que Verônica ainda estava ali se o encontro foi tão incrível e ela havia encontrado alguém interessante.

Verônica explicou que tudo foi casual, apesar da mulher ser fascinante. Ela afirmou que não estava pronta para um relacionamento naquele momento, mas deixou em aberto a possibilidade de mudar de ideia, já que ela e a "bonitona do Tinder" haviam marcado outro encontro.

Anita reconhecia que suas ações estavam erradas, e não era uma questão de hierarquia entre ela e Verônica. O motivo residia no fato de que o caso da máfia estava diretamente ligado ao nome do pai de Verônica, Julio Torres. Anita já possuía essa informação antes mesmo de iniciar qualquer envolvimento com a escrivã.

Consciente de que Verônica não tinha responsabilidade pelas ações do pai, Anita compreendia que um relacionamento entre elas poderia ter implicações diretas em sua vida profissional. Mesmo sabendo separar as questões pessoais das profissionais, Anita estava ciente de que, no ambiente da delegacia, as coisas nem sempre eram tão simples.

"No que está pensando, hein?" - Verônica ergueu a cabeça, apoiando o rosto em um de seus braços, enquanto observava Anita.

"Estou apenas pensando no quanto eu não suporto você." - respondeu Anita, provocando risadas intensas de Verônica.

"Posso saber por que você sempre pareceu me odiar, Berlinger?" - Verônica perguntou, deslizando uma mecha de cabelo loiro para trás da orelha de Anita. "Sinceramente, nunca entendi essa aversão que você sente ou sentia por mim."

"Ah, Verônica, seria mais fácil listar as razões pelas quais eu gosto de você do que explicar esse 'não suporto'." - Anita respondeu, aceitando o gesto suave de Verônica com a mecha de cabelo. "É complicado, são coisas que não têm explicação lógica. Talvez seja porque você sempre me tira do sério."

"Bom, se é por isso, eu diria que é um ódio bem peculiar, delegada." - Verônica riu.

"Quem disse que é ódio? Pode ser só uma desculpa para manter você por perto" - Anita retrucou, com um sorriso irônico.

Enquanto Verônica ficou sem palavras diante da resposta de Anita, esta última percebeu algo e franziu a testa.

"Vou te dar um motivo agora para eu te odiar!" - Anita falou, e Veronica engoliu em seco. "Você com essa roupa do dia a dia em cima da minha cama." - Anita esbravejou, para ela, aquilo era inadmissível.

"Ah não, Anita, eu não vou levantar daqui para vestir mais um dos seus pijamas de cetim." - Verônica fez corpo mole, enquanto Anita ria.

"Fica de camiseta e calcinha, igual eu, oras." - Anita respondeu, dando um pitaco, fazendo Verônica abrir um sorriso como uma criança.

Na manhã seguinte, Anita acordou com Verônica ainda adormecida em seus braços, uma situação totalmente inédita para ela, que não estava acostumada a compartilhar sua casa, principalmente sua cama. Eram 7:40 quando Anita decidiu levantar cuidadosamente, para não acordar Verônica. Direcionou-se até a cozinha para preparar o café, enquanto tomava um banho rápido. Ao sair do banheiro, enrolada na toalha, foi surpreendida por Verônica.

"Que mulher maravilhosa!" - Verônica falou, ao ver Anita sair do banheiro.

"Ah, obrigada..." - Anita respondeu, sem saber como reagir, ficou imediatamente com o rosto vermelho, indo para o seu closet.

"Você dormiu bem?" - Anita gritou de dentro do closet.

"Dormi otimamente bem." - Verônica sussurrou em seu ouvido e depositou um beijo em seu lábio. "E você, está se preparando para encarar o dia com todo esse charme?" - Verônica perguntou, admirando Anita de cima a baixo.

"Bem, espero que sim. Preciso terminar de vestir. O café já deve estar pronto, vai lá tomar." - Anita respondeu, enquanto Verônica apenas assentiu saindo do cômodo.

Sombra da Verdade - VeronitaWhere stories live. Discover now