CAPÍTULO XVII

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Aulas pela tarde, era a coisa mais insuportável na visão de Taehyung. Tinha acabado de almoçar, sentia a barriga cheia e a vontade de cochilar, mas a carga horária permitia? Claro que não.

Essa era a razão para ser um dos últimos alunos a descer os largos degraus de pedra - eram relativamente altos, o que o fazia ter que saltar.

Como queria ter matado aquela aula. Mas não poderia, os testes estavam próximos e ele precisava da revisão para ir minimamente bem nas provas.

Via um rapaz à sua frente, ele abraçava os materiais como se quisesse se encolher, ou apenas amava muito os livros.

Bem que queria amar estudar daquele jeito. Amava apenas Runas e História da Magia, adorava como as duas matérias estavam sincronizadas. Se fosse assim, ele deveria gostar de Astronomia. Mas não o fazia, quem em sã consciência gostaria de uma matéria que é dada no meio da madrugada? Interrompendo o seu sono de beleza? Não, obrigado.

Alguns idiotas da sua casa passaram a rir por si, esbarrando no seu ombro e quase o atirando ao chão por estar desprevenido.

Que povo sem educação” - massageou o braço quando recobrou o equilíbrio.

Viu o trio de imbecis irem até ao rapaz encolhido - que saltava os degraus com os dois pés, como uma criança faria. Um deles pisou no calcanhar do menor, fazendo o tênis baixo sair pelas forças opostas. O pequeno grifinório arregalou os olhos, abrindo os braços em reflexo pela queda - querendo colocar as mãos no chão e impedir que o dano fosse muito grande. Os seus livros, pergaminhos e penas espalharam-se pelo chão, deixando a bolsa quase vazia. O seu tinteiro novo rolou pelo degrau, caindo dele e quebrando-se no de baixo, molhando a ponta do seu dever de casa de Transfiguração.

– Que otário! – Os idiotas riram. O do centro, que parecia o líder, pisou em cima do pergaminho com o dever do menor, abrindo as pernas e rasgando o papel. Sem se importar com as mãos raladas ou o pé descalço de um tênis, o menor tropeçou até os restos do dever que fez com o gentil corvino.

– Oh, não! – Pegou os restos mortais do pergaminho todo sujo de terra e tinta - ficou tantas horas com o corvino ensinando-o aquele dever, agora estava tudo arruinado! O que Namjoon diria? Que ele não cuidou do esforço que depositou ao gastar horas da sua vida ajudando alguém como ele - pensou em meio desespero.

Com o cenho franzido em ultraje, Tae pulou mais alguns degraus para ajudar o outro rapaz a coletar as coisas do chão. Pegou alguns livros, mas um em especial chamou-lhe a atenção. Não era um livro, era um caderno diário - com fecho de couro e coisa assim, como cadernos de desenhos ou blocos de jornalistas dos anos sessenta.

Quando tentou tocar o caderno, o fecho abriu-se e tentou mordê-lo. Pelo susto, caiu sentado na pedra - tendo tropeçando no tênis do rapaz que ainda olhava o dever de casa com aflição.

Arregalou os olhos quando o diário o encarou de volta, rosnando em antecipação a um ataque. O caderno saltou, abrindo as páginas moldadas em dentes afiados que causariam os cortes mais finos e ardidos que Tae poderia ter. Cobriu o rosto com os braços assim que o dono do caderno o segurou no ar - impedindo o trágico fim do belo rosto do pobre Tae, agradeceu o rapaz internamente.

– Sid! Já te disse para parares com isso – Taehyung baixou os braços, olhando o rapaz ali, que agora percebeu conhecer, acariciar o couro do caderno.

O diário continuava a rosnar para o rapaz no chão - ainda assustado. Tentou avançar novamente, mas Jin segurou-o com mais força.

– Menina má! Desse jeito irei te deixar sozinha no quarto! Não queres isso, pois não? – Ameaçou o livro. Sid choramingou, esfregando o fecho de couro na mão do rapaz, como se pedisse carinho – Tens que me obedecer, imagina se o magoasses? – Suspirou, pegando a mochila largada no chão – Anda, volta para bolsa. E sem barulho, tudo bem? – O diário pulou lá dentro, fechando-se e ficando quietinho.

Revelio | JikookWhere stories live. Discover now