terminamos aqui

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"Um relacionamento acomodado geralmente ocorre quando as pessoas se acostumam com a rotina e conforto da relação, mas param de investir nele emocionalmente ou se esforçar para mantê-lo saudável e vibrante

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"Um relacionamento acomodado geralmente ocorre quando as pessoas se acostumam com a rotina e conforto da relação, mas param de investir nele emocionalmente ou se esforçar para mantê-lo saudável e vibrante. Isso pode resultar em complacência, falta de comunicação ou negligência das necessidades e desejos do parceiro, o que pode eventualmente levar ao enfraquecimento ou término do relacionamento. É importante para os casais reconhecerem quando estão caindo nesse padrão e trabalhar juntos para revitalizar o relacionamento, se desejarem mantê-lo."

Estou lendo um arquivo no computador quando a campainha toca, fecho a tela e me arrasto até a entrada, eu abro a porta para ele que me lança um sorriso, mas hoje eu não consigo sorrir de volta.

— Meu amor, hoje foi um dia — sela meus lábios. — super cheio, eu nem te liguei no almoço pra te contar quem tá grávida. — ele vai até a cozinha e pega um copo d'água.

— Quem? — pergunto fechando a porta.

— A namorada do Felipe, dois meses. — ele conta e eu assinto com a cabeça.

— Que legal, fico feliz por eles. — digo.

— Eu te chamei aqui porque preciso falar com você, precisamos ter uma conversa séria. — começo e ele concorda.

— Precisamos mesmo. — ele diz.

— Quer começar? — pergunta.

— Pode falar primeiro. — digo calmamente.

— Ok, eu tô nervoso. — ele ri. — Já faz um tempo que eu queria falar isso pra você mas não sabia como, nem quais palavras usar. — ele começa.

Será que ele quer o mesmo que eu e não sabia o que dizer? Nesse momento me sinto levemente mais aliviada.

— Eu sei que temos cinco anos juntos, passamos por muitas coisas boas e ruins e sempre ficamos mais fortes. Eu gosto muito de tudo que a gente construiu ao longo desse tempo mas acho que agora temos que subir mais um degrau. — franzo a testa sem entender.

— Marcela, meu amor... — ele puxa algo do bolso e já começa a se ajoelhar.

Não, não, não, não!

— Você aceita se casar comigo? — pede sorrindo.

O susto me faz andar um passo para trás, balancei a cabeça negativamente e ele arregalou os olhos com a minha reação. Continuei balançando a cabeça da mesma forma e ele se levantou do chão fechando a caixinha com o anel que estava ali.

— Diogo, era sobre isso que eu queria falar com você... eu não quero mais isso. — digo e ele semicerra os olhos.

— Casar? — pergunta.

— O relacionamento. — admito, ele suspira.

— O que aconteceu, Ma? — sua voz sai baixa, ele senta na cadeira.

— Não tá dando certo pra mim Diogo, eu não me vejo mais em um relacionamento com você e eu não estou dizendo isso pra te magoar ou qualquer coisa do tipo. Estou sendo o mais sincera que posso em respeito aos cinco anos em que vivemos juntos, mas me acomodei nesse tempo e dentro desse relacionamento. — explico.

Seus olhos baixam por um momento, eu adoro ele de verdade mas esse relacionamento não faz mais sentido pra mim.

— Você tá com outra pessoa? — pergunta e eu solto um riso anasalado.

— Diogo, é claro que não! Eu não estou com ninguém e nem quero estar com ninguém além de mim agora, entende? — digo me sentando também.

— O que aconteceu com os nossos planos? — ele mexe no anel de compromisso no dedo.

— Eu mudei de ideia, os meus planos mudaram e eu sinto muito por ter te magoado mas não posso fingir que ainda quero algo que eu claramente não quero mais. — coloco o meu anel em cima da mesa.

— Quero que você seja muito feliz na vida e tenha muito sucesso, de verdade... eu só... — pauso procurando as palavras certas.

— Seja feliz também, espero que você não se arrependa. — ele diz levantando da mesa. Dá pra saber qual é o seu sentimento só pelo tom de voz.

Ele sai do meu apartamento deixando a caixinha com o anel na mesa, abro vendo a pedra brilhante e sinto uma enorme vontade de chorar. A culpa é por ter prolongado essa conversa e por tê-lo feito mal, mas estou tranquila com a decisão que tomei e me sinto aliviada por ter fechado esse ciclo.

São cinco anos e eu não digo que fui totalmente infeliz, mas houve uma grande parte em que eu só estive acomodada ali porque era um relacionamento seguro e nossas famílias já se conheciam e sempre estivemos todos juntos. Mas eu não sentia o fogo, a paixão e a vontade de um felizes para sempre com ele e isso pode soar muito cruel mas é a verdade, quero algo que me incendeie e talvez eu precise buscar isso sozinha.

Talvez o que me falte é algo comigo mesma, sem necessariamente ter uma segunda pessoa envolvida. Só sei que finalmente sinto o ar nos meus pulmões outra vez, sinto a liberdade que eu não sentia a muito tempo e agora eu vou lutar por isso.

Agora comunicar isso as famílias é que vai ser osso, todo mundo provavelmente vai me achar uma maluca de largar um relacionamento de cinco anos com o cara que eles adoram. Uma pena que essa será a primeira decepção da minha família comigo em 27 anos de vida.

Mas eu não posso fazer nada a respeito.

Abro meu armário e começo a tirar as coisas dele que estão aqui, tem bastante coisa até e começo a colocar numa mala que ele deixou aqui. Houve um tempo em que eu achei que fosse casar com ele em algum momento, não era a ideia que mais me animava mas eu sabia que poderia acontecer. Mas quando eu comecei a não querer mais isso, parecia que nós dois não fazíamos mais sentido juntos e eu demorei muito pra tomar uma decisão e quebrar esse ciclo.

Coloquei a mala dele no canto do quarto e deitei na minha cama, pela primeira vez minha mente não está um turbilhão de sentimentos e eu sinto que estarei tranquila a partir de agora.

Preciso focar agora no meu trabalho e nas coisas que deixei de fazer todo esse tempo, quero cuidar de mim. Eu tinha esquecido que eu sou a pessoa mais importante da minha vida e que mereço manutenção também.

Terminar com Diogo não significa que eu o odeio ou estava louca pra me livrar dele, não quero que soe tão cruel assim ou psicopático. Eu só sinto que fiz o que tinha que fazer, viver infeliz não era mais a minha única opção e que bom que eu enxerguei a tempo.


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Incendeia • GabigolWhere stories live. Discover now