Eu já tinha decidido meu futuro.
Mas conhecer Gabriel teve um grande impacto na minha vida. É comum que novas pessoas tragam mudanças, tanto positivas quanto desafiadoras mas essa de fato foi a maior de todas. Agora eu estou enfrentando dificuldades...
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Retoco o batom nude e solto os cabelos com as mãos, chacoalho um pouco a cabeça e aqui está a loba. Ou pelo menos uma gatinha.
Minha campainha toca na mesma hora.
— Linda, irresistível! — ela diz quando eu abro a porta.
Dou uma voltinha.
— Amiga você tá linda! — ela diz e eu sorrio.
— Você também, o Gu sabe que você vai sair comigo assim? — pergunto pegando a bolsa no sofá.
— Sim, mas ele sabe que só estou acompanhando nossa amiga solteira. — ela ri.
— E quando ele chega de viagem? — pergunto pegando as chaves e nós saímos do apartamento.
— Amanhã bem cedo, o voo de São Paulo pra cá é bem rapidinho. — ela diz chamando o elevador.
Escolhemos uma balada bem famosa e animada, não fica muito longe da minha casa e é Luana quem vai dirigir. Durante o caminho vou contando pra ela a primeira reação chocante que foi a da Mariana, minha irmã.
— É que todo mundo adora o Diogo e eu sou a vilã que quebrou o coração dele. — digo e ela ri.
— Mas amiga me conta, não tava rolando nem na cama? — pergunta e eu nego com a cabeça.
— Sabe quando você está fazendo algo só por fazer? Pois era isso, quando ele chegava no limite virava pro lado e apagava. — explico e ela ri chocada.
— Não tinha mais clima mesmo, então. — ela diz e eu concordo.
— Não me instigava, não me causava nada... eu sei que falando assim parece horrível mas é a verdade. — digo.
— E vai curtir a vida de solteira? — pergunta com um sorriso sapeca.
— Sim, chega de relacionamento. Talvez lá pelos 60 anos eu arrume um velhinho que queira passar as noites bebendo um vinho e jogando baralho comigo. — brinco.
— Credo, Marcela! — ela gargalha e eu também.
Chegamos ao nosso destino e a música alta era ouvida aqui de fora, estacionamos e entramos naquele mar de gente que se movimentava ao som do funk. Nos encaminhamos diretamente pro bar já pedindo nossas bebidas favoritas, tem tempo que eu não venho aqui porque Diogo sempre estava ocupado ou chegava tarde do trabalho e não queria fazer mais nada além de ficar vendo serie no sofá com uma pizza e refrigerante.
— É com muita honra que eu chamo aqui o nosso Lil Gabi! — ouço alguém gritar no microfone.
— Deve ser cantor novo. — Luana diz me puxando pra multidão.
Há um cara em cima do palco usando uma regata preta, calça preta e uma touca no cabelo e ele está cantando uma música que eu nunca ouvi mas a galera tá curtindo e gritando o nome dele. Vejo relances do seu rosto por conta das luzes fortes mas ele é muito bonito, peço mais uma bebida e começo a dançar com Luana e é claro que eu vou beber mais do que ela essa noite mas a minha melhor amiga não precisa de álcool pra ser a melhor pessoa do meu mundo.
Uma semana que estou solteira e não me lembro como flertar com alguém, quando as luzes do lugar baixam um pouco eu vejo o cara que estava em cima do palco vir na minha direção. De perto é ainda mais bonito.
— Está se divertindo? — pergunta passando a língua nos lábios.
— Sim! Sua música é muito boa, adoro. — digo.
— Você conhece? — pergunta com os olhos nos meus.
— Não. — digo e caímos na risada.
— Gabriel. — ele diz.
— Marcela. — digo e então damos os dois beijinhos no rosto.
— Tá sozinha? — pergunta e eu nego com a cabeça.
— Minha amiga foi ao banheiro. — comento olhando em volta.
— Você já veio aqui? — pergunta, dou uma risada.
— Estava num relacionamento a cinco anos, terminei faz uma semana... não lembro qual foi a última vez que pisei aqui. — digo e ele sorri.
— Então seja bem-vinda a vida de solteira. — ele diz no meu ouvido.
Sua barba roça na minha bochecha e eu sinto um calor entre as minhas pernas, ainda bem que ele sabe flertar e parece fazer isso com maestria porque não precisou de muito para eu querer beijar a boca dele.
— E já vi que vou adorar. — sorrio e ele faz o mesmo, concordando com a cabeça.
E sim, eu beijei.
Eu estava altinha já mas aproveitei ao máximo o beijo gostoso de Gabriel, a pegada na minha cintura que colou nossos corpos o máximo que podíamos. Sua mão estava apertando meu pescoço do jeito certo me dando um tesão absurdo e o cheiro do seu perfume me inebriando completamente, só paramos por conta da falta de ar e eu me vi com as costas contra a parede e com o coração descompassado.
— Marcela, Marcela... — ele sorri mordendo o lábio, sei muito bem o que ele quis dizer quando vejo o volume em sua calça.
Que delícia de beijo. E não foi o único.
Nunca me beijaram assim e isso eu posso afirmar com todas as letras, foi algo diferente porém muito bom... bom demais.
Nos perdemos pela balada um tempo depois mas eu não esqueci aquele beijo, Luana me zoou horrores quando saímos de lá as quatro da manhã e foi o caminho todo me perguntando sobre o tal Gabriel.
— Só sei que foi o beijo mais gostoso que eu dei na minha vida, ele tem uma pegada que... ai eu não sei explicar, só sei que me deu um negócio assim... — tentava explicar enquanto ela ria.
— Tesão Marcela, isso é tesão. — ela diz.
— Como a muito tempo eu não sentia. — assumo.
— Pelo menos foi boa a ficada, a primeira da sua nova vida de solteira. — ela diz e eu concordo.
— Tá feliz? — pergunta.
— Estou. — confirmo.
Luana me deixa em casa e depois de um banho eu me jogo na cama, enquanto estou acordada lembro do cara de hoje e apesar de saber que talvez eu nunca mais o veja, foi muito bom ter ficado com alguém. Sinto que é só o começo da minha liberdade.
E apago logo em seguida porque eu estou bêbada.
Acordo no dia seguinte com meu celular cheio de mensagens, algumas de Diogo mas eu nem abri logo de cara e fui para as mensagens de Luana. Ela me convidou pro aniversário da irmã do Gustavo que é hoje à noite, como eu não trabalho hoje na empresa aceitei prontamente o convite e em seguida fui ler as mensagens da minha mãe.
