Eu já tinha decidido meu futuro.
Mas conhecer Gabriel teve um grande impacto na minha vida. É comum que novas pessoas tragam mudanças, tanto positivas quanto desafiadoras mas essa de fato foi a maior de todas. Agora eu estou enfrentando dificuldades...
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Hoje eu trabalhei a manhã inteira e eu ainda tinha sessão com a Lorena à tarde, decidi que ia logo pra lá e depois direto pra casa. Faz uma semana que eu encontrei Gabriel naquele aniversário mas ele não me ligou, talvez não vá ligar né? Eu não sei...
— Ma, desculpa... o meu marido teve uma emergência de trabalho e eu tive que trazer o Antony. — ela disse assim que entrei na sala.
— Não tem problema nenhum. — digo vendo ele sentadinho no canto da sala com alguns brinquedos.
— Juro que ele vai ficar quietinho ali e não vai atrapalhar em nada a nossa sessão. — ela diz e eu sorrio.
— Vem dar um beijo na tia, filho. — ela diz e ele levanta correndo.
Ele me abraça forte e eu ainda ganho um beijo na bochecha, ele pede meu celular pra assistir desenho e eu prontamente coloco e ele se senta no cantinho afastado de nós pra ver o conteúdo infantil.
— E aí, como estamos? — pergunta.
— Eu conheci um cara. — digo e ela sorri animada.
— Pelo seu jeito de falar eu acho que você gostou né? — ela diz e eu assinto.
— Foi uma delícia, a gente ficou duas vezes e eu senti uma coisa que eu não sentia a muito tempo. — digo.
— Frio na barriga? — pergunta e eu nego.
— Tesão. — digo dando uma olhadinha pra trás mas Antony não está prestando atenção em nós.
— Sabe quando o beijo esquenta seu corpo? Você fica mole no toque da pessoa... faz tempo que eu não sentia isso. — explico.
— Sua vida sexual era ativa no seu relacionamento? — pergunta.
E vamos pra maior polêmica do meu ex.
— Parecia que ele tinha preguiça ou só era egoísta mesmo, quando ele chegava no limite dele acabou. Não pensava em mim, nas coisas que eu gosto. — começo.
— Era bem morno sabe, ele não se interessava nas preliminares e eu não chegava lá. — admito.
— E com esse novo cara você sentiu coisas que não sentia com o seu ex, mesmo em duas ficadas? — pergunta e eu assinto.
— Você acha que isso significa que está se entregando a novas coisas? — sinto essa pergunta me pegar.
— Sinto, mas principalmente vejo que como não tive outras experiências além das que tive com Diogo eu realmente não sei o que é sexo de verdade. — pauso rindo. — Eu só queria uma noite em que não houvesse romance e nem melação, eu não gosto disso nesse momento sabe. — explico e ela concorda com a cabeça.
Começo a contar a Lorena absolutamente tudo, perdi a vergonha quando criamos uma amizade e eu confio em contar tudo a ela. Tem me feito bem abrir tudo pra alguém que não é do ciclo do Diogo, nossa vida sexual era muito rápida e sem intensidade e isso era uma das coisas que me desanimava muito.
Eu queria chegar com uma lingerie e me sentir desejada e não só uma obrigação sexual porque estava em um relacionamento, eu queria sentir que o cara realmente queria fazer absolutamente tudo comigo e pensar em mim também pra variar. Quando terminamos a sessão eu me despedi da delícia que é o Antony e fui pra casa, pedi uma pizza e tomei um banho daqueles.
A chuva que começou a cair de forma inesperada era reconfortante porque eu não ia sair mais de casa mesmo, depois de jantar e assistir mais uns três episódios da minha série eu fui pra cama mas estava sem sono. Fiquei pensando em tudo o que confessei a Lorena hoje e é a mais pura verdade, fecho os olhos e só consigo pensar em Gabriel.
Aquele cara me deixou morrendo de vontade. Mas e se ele não ligar nunca?
Começo a passar as mãos pelo meu corpo coberto apenas por uma camisa enorme e uma calcinha, os flashes das duas vezes em que nos beijamos não saem da minha cabeça e eu sinto um calor entre as pernas. Desço minha mão lentamente massageando a parte sensível entre elas e sinto minha barriga esquentar, consigo imaginar perfeitamente ele passando as mãos em mim mesmo sem nunca ter chegado nessa parte com ele.
Começo a pensar no jeito como ele colou nossos corpos na parede, na sua lingua sambando na minha boca e me deixando completamente maluca. Isso também faz a minha mão acelerar lá embaixo enquanto a outra está por baixo da minha blusa nos meus seios, sinto uma pressão forte no corpo e uma corrente elétrica passando pelo meu clitóris até eu explodir em um gemido razoavelmente alto e completamente real.
Meu peito está descompassado e minha respiração entrecortada, minha boca seca e eu levanto atrás de água. Ouço meu celular tocar e percebo que ele ainda está no sofá desde a hora em que cheguei, o número é desconhecido e eu até cogito não atender mas continua tocando e minha curiosidade fala mais alto.
Mas pô, são dez da noite... quem liga as dez da noite?
— Alô? — atendo.
— Marcela? — o "r" puxado me faz estranhar. Estamos no Rio!
— Quem fala? — pergunto.
— Gabriel. — arregalo os olhos.
Eu poderia dizer "Oi motivo de eu estar tremendo agora mesmo" mas seria péssimo.
— Oi Gabriel, desculpa a demora. — digo virando o copo d'água de vez.
— Desculpa te ligar tão tarde mas eu estava viajando à trabalho, você tá livre amanhã à noite? — ele pergunta e eu estou roendo as unhas de ansiedade.
— Tô sim, o que quer fazer? — digo.
— A gente podia jantar, conversar, qualquer coisa com tanto que a gente se veja. — ele diz e eu sorrio.
— Eu topo, você me convence se tiver chocolate. — brinco e ele ri.
— O que você quiser. — sua voz grave me arrepia.
— Então tá combinado. — me jogo na cama.
— Me manda seu endereço que eu te busco. — ele diz.
— Te mando por mensagem. — digo e ele concorda.
— Tá com sono? — pergunta.
— Um pouquinho, fiz umas coisas que me cansaram um pouco. — digo.
— Isso me deixou curioso. — ele diz rindo.
— Amanhã eu te conto. — digo.
Nos despedimos e eu desligo o telefone, eu tô feliz que ele ligou, quero vê-lo de novo e esse jantar promete muita coisa. Tô pronta pra ser talvez ser incendiada.