05

194 26 23
                                    

Os olhos de Elô arderam

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Os olhos de Elô arderam. Ela segurou firme mas não foi o bastante pra conter uma singela lágrima que caiu em sua bochecha esquerda. Esteban levou seus dedos finos até o rosto da morena e não tardou a limpá-lo. Deixando um pequeno carinho que fez Elô suspirar.

Esteban estava quase perdendo a cabeça, ele tinha muitas coisas a dizer, claro. Mas uma ação pairava em seus pensamentos naquele momento: ele necessitava beijar Eloisa. O coração da morena havia disparado. Esteban a encarava da forma mais intensa possível. Sua expressão era calma, suas mãos não tremiam como as dela, mas sua respiração era falha. O vento brincava com seus fios loiros escuros. As mangas de sua camiseta de botões também balançava contra a brisa.

Eloisa fez mal em abrir o coração?

A verdade era que Kukuriczka sentia a mesma coisa que Elô. Ele não tremia as mãos como a mais nova, mas sua palma soava. Sua pulsação disparava e sua cabeça parava de funcionar. Era como se Elô fosse tudo que existisse. Qualquer coisa que estivesse ao seu redor, apenas desaparecia, o mundo desacelerava, ele via as coisas em câmera lenta. Elô brilhava em meio ao cinza Paulista. Ela era diferente, era autêntica, única.

Esteban admirava seus cabelos escuros e bagunçados. Ele não sabia se eram cacheados ou encaracolados. Gostava de suas roupas, dizia muito sobre sua personalidade. Sobre Elô ser reservada, mas tagarela. Ele se apaixonou pela sua voz, suas expressões quando ele a contrariou. Seus trejeitos, seu óculos preto que ornava com seu rosto. Ele não conseguia tirar a pele bronzeada de Elô da sua mente. Não havia um controle, Eloisa tinha preferência em seus pensamentos. Naquele momento ele amava seus lábios desenhados, suas bochechas vermelhas, seus olhos caramelos que o encaravam profundamente.

- Por que não diz algo? - Ela cortou seus pensamentos.

- Elô você não tem noção da bagunça que fez em minha mente - A brasileira quase caiu pra trás. Eloisa não esperava esse tipo de respostas. - Eu passei dois meses com seu cheio impregnado na minha jaqueta, aquela que usei no ônibus e você se agarrou nela pra não cair. - Ele sorriu se lembrando do momento. - Todos os dias eu sentia aquela fragrância, aquele aroma em meu quarto e não sabia de quem era, até que eu inalei e seu rosto apareceu na minha mente quase que instantaneamente.

Elô mordeu o lábio. Ela queria sorrir envergonhada.

- Eu não sumi porque quis, eu precisei voltar pra Argentina. - Ele suspirou. Havia algo errado, mas a morena preferiu não questionar, não agora. - Mas assim que pude, não pensei duas vezes em voltar. Tentei pegar o mesmo ônibus de novo por dias, mas não sabia o nome, não sabia nada. Aquela sexta feira foi pura sorte, Elô. A sorte que me levou até você, com sua carranca matinal, seu péssimo humor com quem te contradiz e seu cheiro incrível, doce mas confortável. Como se fosse uma bala não muito açucarada. - Elô sorriu da comparação. - Eu quase não acreditei quando te vi no bar, fiquei o tempo inteiro me segurando pra não correr até sua mesa, mas só o Fran sabia de você. Eu não queria que os outros meninos te incomodassem, então me segurei o máximo que pude. Até que te vi saindo da mesa e o medo de deixar você ir novamente me fez levantar e tomar uma decisão. E eu...Elô... eu não sei seu nome completo - Esteban se deu conta.

Asiento de la suerte | Esteban Kukuriczka Where stories live. Discover now