II - Reencontro de almas

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Sento-me nos degraus de concreto gelado do prédio do banco, localizado ao lado da empresa. Cheguei mais cedo do que o esperado, mas isso é uma boa notícia. Recebo mensagens de Nat e Yim desejando boa sorte, respondo com figurinhas e abro um aplicativo de jogo para tentar passar a hora. Estou duas horas adiantado. Algumas pessoas passam por mim e entram pela porta giratória do grande banco, estou vestindo a minha melhor roupa, passo a mão na minha orelha e sinto os brincos. Acredito que a minha aparência esteja boa. 

Nat disse que assim que eu chegasse deveria procurar pelo seu amigo, ele irá me levar pessoalmente até a sala do RH, na qual farei a entrevista. Acredito que não será longa, apenas algumas perguntas, não é um trabalho difícil, então não tem motivo para o processo ser complicado. Vou apenas ficar responsável pelo controle de alguns produtos que serão utilizados na empresa, então será um trabalho interno. Melhor que lavar a privada do meu chefe. 

Após desistir de passar para a quinta fase do jogo, saio do aplicativo e vejo que já se passaram uma hora e meia desde que cheguei. Decido ir para a empresa logo e ficar aguardando na recepção, talvez já tenham chegado. Levanto e bato na parte de trás da minha calça jeans para me livrar de quaisquer resquícios de sujeira do chão, desço os degraus e atravesso até o prédio grande com janelas enormes de vidro. 

A porta também de vidro se abre assim que me aproximo, sinto o ar gelado do ar-condicionado na minha pele e arrumo o casaco. Caminho até a recepção, há um balcão feito para imitar um material metálico, há dois computadores e duas recepcionistas em cada lado, dirijo-me a do lado direito. Uma mulher alta, com uma maquiagem leve e o cabelo penteado completamente para trás, sorri assim que eu me aproximo. 

— Bom dia, eu me chamo Chawarin, estou aqui para uma entrevista de emprego — falo e retiro do bolso um papel impresso que comprova o que foi dito. 

— Bom dia, senhor — retira o papel da minha mão e inspeciona detalhadamente. Mexo minhas pernas discretamente com receio de que talvez ela diga que é um engano. — Só um minuto, senhor Chawarin — ela começa a digitar algo no computador e em seguida me olha. — Tudo certo, você pode subir e encontrar o senhor Rujeerattanavorapan na sala 14, andar 20. 

— Tem escada? — pergunto e ela me olha de forma estranha, deve ser porque ir até o vigésimo andar assim não é nada convencional. 

— Sinto muito, senhor, mas a nossa escada está passando por reparos, peço que se encaminhe até os elevadores, eles são confortáveis e seguros — a recepcionista aponta para a esquerda. 

Agradeço e vou para o hall de elevadores, são muitos, respiro fundo e então entro no primeiro que abre as portas, clico no botão 20 e sinto a caixa metálica subir. Inspiro e respiro lentamente enquanto subo, fecho os olhos e tento não pensar que estou preso aqui dentro. Desde a infância, tenho medo de adentrar espaços confinados. Os meus pais já comentaram que nunca fiquei trancado em qualquer tipo de lugar para ter esse medo. Ninguém compreende o motivo pelo qual isso ocorre, mas é uma realidade. 

Suspiro aliviado quando a porta se abre para um corredor com várias portas, saio apressadamente e caminho olhando cada numeração nas portas, começa pelo número 10, então não tenho dificuldades em encontrar a sala 14. Não sabendo o que fazer, se devo abrir ou não, bato na porta e aguardo alguém responder, ouço uma voz masculina dizendo para eu entrar. 

— Com licença, estou entrando — anuncio enquanto abro a porta de carvalho. 

— Você deve ser o Chawarin, eu sou Kornthas, mas ninguém me chama assim. Pode me chamar de Max — ele sorri. — Nat me falou sobre você — estranho um pouco o modo informal como ele fala sobre meu amigo, mas estou mais apreensivo com a entrevista. — Não precisa ficar nervoso, eu vi o seu currículo e é ótimo, você até mesmo foi para a universidade. 

Eu Posso Ouvir sua Voz (ZeeNunew)Место, где живут истории. Откройте их для себя