XXIX - Labirinto

49 9 5
                                    


PRUK


Nunew está estranho desde sábado. Talvez seja pelo fato de eu tê-lo ajudado no chuveiro, mas eu não fiz aquilo esperando nada em troca; apenas quis ajudar para que ele se recupere logo. Dói em mim vê-lo machucado. Se eu tivesse um poder agora, seria o de estar no lugar dele, como uma troca de corpos, mas é claro que isso é impossível, acontece apenas em filmes e livros.

Olho furtivamente para o banco do passageiro enquanto tento me concentrar na estrada. Ele não para de receber mensagens no LINE, provavelmente dos amigos que estão em Bangkok, mas ele parece apreensivo lendo o conteúdo, passando o dedo na tela várias vezes e bufando quando lê algo. Depois de alguns minutos, guarda o smartphone na bolsa e vira o rosto para a janela. Ele está me evitando o final de semana inteiro, mal fala comigo ou fica por perto.

Estamos indo para o serviço. O final de semana passou tão rápido que mal conseguimos aproveitar, ainda mais com o estado do braço dele. Eu tentei convencê-lo a ficar em casa por pelo menos uma semana ou até o braço estar completamente curado, mas Nunew é impossível, ele é teimoso e só faz o que quer. Totalmente diferente do Nunew que conheci na vida passada.

Ainda recordo dos meus sonhos como ele era passível e calmo, sempre disposto a me pedir ajuda sobre qualquer situação difícil. Mas o Nunew dessa vida é completamente provido de autonomia e um senso de orgulho, e isso faz com que eu o ame ainda mais.

— Eu esqueci de te perguntar algo — tento quebrar o silêncio quando estamos próximos ao prédio da MoonPhase.

— O quê? — ele pergunta, ainda olhando para a janela.

— O que você estava pensando enquanto estávamos no chuveiro? Eu vi você me observando — eu fingi que estava com os olhos fechados, assim pude perceber enquanto ele me observava.

— Eu? — ele me olha e desvia o olhar. — Ah, eu estava pensando no quanto você fica engraçado com o cabelo daquele jeito.

— Sério? — sinto um pouco de decepção com a sua resposta. — Já chegamos — anuncio, minha voz sai um pouco séria, espero que ele não perceba.

— Você ficou chateado? Eu estava apenas brincando — murmura.

— Não — saio do carro e vou em direção à porta do passageiro, abrindo-a. Estendo meu braço para que ele se apoie. — Vamos — ele segura minha mão.

A resposta de Nunew quando eu disse para ele ficar descansando em casa foi que ficar sozinho seria chato e o fato de não conhecer Chiang Rai o suficiente deixava tudo pior. Mas por trás disso, eu tentei encontrar outro significado. Talvez ele só não queira ficar longe de mim ou talvez eu esteja apenas imaginando.

— Sabe o que é engraçado? — falo enquanto seguro a porta da nossa sala para ele entrar.

— Hm — ele nega balançando a cabeça, seus fios de cabelo já grandes, bagunçados, e bloqueando seus olhos.

— Como a cor da sua tipoia estava combinando com a — ele me interrompe.

— Hia! — rio da reação dele. Aproximo-me e tiro alguns fios de cabelo dos seus olhos, colocando-os para trás. Beijo seus lábios lenta e suavemente, beijando sua bochecha antes de me afastar.

— Trabalhar com você é um problemão. Eu mal consigo focar no meu trabalho — sorrio, enquanto ele assume uma postura tímida, desviando o olhar do meu. Nunca o vi assim, mas eu gosto desse Nunew tímido.

— Bom, talvez eu deva começar a trabalhar agora — ele caminha indo para a sua mesa, ao lado da minha. Corro até ele e afasto a cadeira para ele sentar. — Obrigado — murmura.

Eu Posso Ouvir sua Voz (ZeeNunew)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora