Capítulo 03

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— Se me der licença senhor, irei me retirar...

O melhor a se fazer era fugir o mais rápido possível, mas agora seria mais difícil. Com certeza aquele homem não me deixaria ir tão facilmente.

— O que tem na mochila?

Armas, foi tudo que pensei em responder ao ouvi-lo perguntar sobre a mochila cheia de armas que roubei da "casa" dele.

Atirar era a reação mais óbvia que alguém poderia ter, e foi isso que fiz. Peguei a primeira arma que consegui, uma pistola com poucas balas.

Ao apontar a arma para ele senti um frio estranho.

— Um traidor?

Cerrei os dentes e apontei diretamente para a cabeça dele. Notei uma fina camada de gelo se formando na arma, que porra é essa? A arma estava intacta momentos atrás!

— Eu chamaria de Sobrevivente.

O respondo afiado tentando ganhar o máximo de tempo para conseguir disparar a arma que estava completamente congelada, o que a deixou fria demais, quase causando uma queimadura na minha mão.

— Você não é fraco, conseguiu suportar o gelo.

Parecia um elogio - Se fosse em outro momento, talvez - mas isso apenas confirmou minhas suspeitas, o gelo era controlado por alguém, mais precisamente por ele.

Soltei a arma rapidamente antes que ficasse sem mão e joguei a pistola no chão, percebendo tarde de mais um bastão de gelo vindo na minha direção, longo, afiado na ponta e mirando bem na minha cabeça.

Pensar em memórias boas antes da morte é algo bom certo? Faz você desejar voltar para elas.

O seu melhor aniversário, um passeio escolar, a formatura da faculdade, viagens, o primeiro trabalho, o primeiro amor, comer a sua comida favorita, o abraço quentinho da mãe e um elogio do pai. Tudo isso são memórias que alguém deveria ter, certo? Deveriam sentir, antes da morte ou algo assim. Então porque eu não as tenho? Um funeral, ruas sujas e álcool é tudo que lembro, tudo o que tenho, tudo que me resta.

Eu quero sentir isso, como todo mundo.

Espere, porque eu ainda não morri!? lembro perfeitamente de ter visto aquele longo bastão afiado de gelo vindo em minha direção!

— Um usuário de poderes?

Ouvi a voz fria e cheia de ressentimento. Abrindo os olhos percebi que a expressão daquele maldito chefinho de máfia não estava tão boa.

— Que usuário de poderes? Eu não tenho poderes.

O fenômeno aconteceu de novo? O bastão desapareceu?? Talvez eu devesse ter dado mais atenção a isso, acabou que me salvou no final.

— Está se fazendo de idiota? Diga o seu poder, agora!

A entonação no "agora" me deixou arrepiado, eu não sabia nada sobre isso, muito menos que poder era, teletransporte? Destruição? Pode ser muitas coisas!!

— Eu não sei, mas que tal entrarmos em bons termos e trabalharmos juntos, afinal poderes são...especiais? você com certeza vai querer um perto de você!

— Você tem 5 segundos antes que eu te transforme em uma escultura de gelo....

Certo, aquela voz com certeza não estava brincando, mas o que eu poderia fazer? Eu não sei que poder tenho! Eu nem sabia que eles existiam na verdade.

— ... Desaparecer as coisas? Eu realmente não sei.

— Porque você está com as minhas armas?

— Oh, isso... eu apenas peguei emprestado...

Terra sem leiWhere stories live. Discover now